Estudo revela que 34 milhões vivem sobre terrenos instáveis — solo afunda em cidades como Nova York, Chicago e outras grandes metrópoles dos EUA
As calçadas racham, os postes se inclinam e as paredes trincam. Para muitos moradores, são sinais de desgaste natural. Mas, em várias cidades dos EUA, o problema é mais sério: o solo está afundando.
E, segundo um novo estudo publicado na revista Nature Cities, isso está acontecendo em todas as 28 cidades mais populosas dos EUA.
Milhões vivem sobre terrenos instáveis
A pesquisa aponta que o fenômeno, chamado de subsidência, afeta 34 milhões de americanos. Esse afundamento do solo ocorre lentamente, muitas vezes sem ser notado. A principal causa não são terremotos ou erosão, mas sim a retirada excessiva de água dos aquíferos subterrâneos dos EUA.
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Com ajuda de satélites, pesquisadores detectaram que, em 25 das 28 maiores cidades americanas, mais de 65% da área urbana está afundando. E em cidades como Nova York, Chicago, Detroit e Dallas, esse índice ultraa 98%.
Houston lidera o afundamento urbano
O caso mais grave é Houston, onde 42% da área está afundando mais de 5 milímetros por ano. Em alguns bairros, o ritmo a de um centímetro por ano. Pode parecer pouco, mas isso representa cerca de 30 centímetros em três décadas — o suficiente para comprometer construções inteiras.
O afundamento não acontece somente em áreas periféricas. Ele atinge zonas urbanas com infraestrutura crítica. O Aeroporto LaGuardia, em Nova York, está afundando. O mesmo ocorre em partes de São Francisco e até no Parque East Potomac, em Washington, D.C.
Água em falta, solo em colapso
A principal causa apontada pelo estudo é o uso excessivo da água subterrânea. A retirada dessa água reduz a pressão que mantém o solo estável.
Quando essa pressão diminui, o terreno começa a se compactar. Em alguns casos, o colapso pode ser irreversível, especialmente em aquíferos confinados entre camadas de argila e rocha.
O estudo revela uma ligação direta entre a queda nos níveis de água subterrânea e o afundamento do solo em pelo menos 13 cidades.
Os exemplos mais preocupantes estão em Nova York, San Diego, Houston e Memphis. Em Nova York e San Diego, 76% da movimentação vertical do solo pode ser explicada por essas mudanças na pressão da água.
Geologia também influencia no ritmo de afundamento
A geologia local também influencia. Em San Diego, os aquíferos são altamente permeáveis, acelerando o processo. Já em Washington, D.C., o leito rochoso oferece mais resistência. Mesmo assim, não garante proteção completa.
Mais de 29 mil prédios em zonas de risco
O impacto é concreto. Mais de 29 mil edifícios estão em áreas de risco alto ou muito alto por causa da subsidência.
Muitos estão sujeitos ao chamado movimento diferencial do solo — quando um lado da estrutura afunda mais que o outro. Isso pode causar rachaduras, afetar fundações e comprometer pontes, estradas e casas.
Em cidades como Austin, Fort Worth e San Antonio, o risco estrutural é ainda mais presente. Nesses locais, entre 1 em cada 45 e 1 em cada 143 edifícios estão sob ameaça. Mesmo uma inclinação mínima, de apenas alguns milímetros por ano, pode ter consequências sérias ao longo do tempo.
Danos silenciosos e muitas vezes invisíveis
O estudo destaca que o problema varia bastante entre cidades e até mesmo entre bairros. A composição do solo, os métodos de construção e o tipo de fundação fazem diferença. No entanto, o risco existe e, segundo os autores, está sendo subestimado.
Casos recentes de desabamentos alertam para a fragilidade da infraestrutura urbana. Mas, muitas vezes, os danos causados pela subsidência am despercebidos até que se tornem graves. O estudo sugere que esse processo pode estar enfraquecendo silenciosamente diversas construções no país.
Há como agir e evitar os piores cenários
A boa notícia é que parte do problema pode ser controlada. Embora algumas causas sejam naturais, grande parte da subsidência tem origem nas ações humanas. Isso significa que medidas podem ser tomadas.
O primeiro o é melhorar a gestão da água subterrânea. Isso inclui limitar o bombeamento, promover o uso consciente e investir em tecnologias de recarga de aquíferos. Em alguns locais, é possível armazenar água da superfície no subsolo durante períodos de chuva.
Planejar o futuro com dados e adaptação
Outra medida essencial é mapear as áreas de risco. Os dados dos satélites ajudam, mas estudos locais mais detalhados são fundamentais. Eles permitem avaliar melhor o solo e adaptar os planos de construção conforme o risco.
Também é preciso adaptar as cidades dos EUA. Em regiões sujeitas a inundações, o afundamento do solo pode agravar os efeitos das chuvas e das marés. Elevar a infraestrutura, proibir construções em certas áreas e melhorar os sistemas de drenagem pode ajudar a mitigar os impactos.
Chamado para ação imediata
O estudo conclui com um alerta claro: a subsidência precisa ser levada a sério. Planejadores urbanos e autoridades devem considerar esse fator em todas as etapas de decisão. Do contrário, os danos podem se multiplicar e se tornar irreversíveis.
Com informações de ZME Science.