Terras raras e minerais essenciais da Ucrânia atraem a atenção de Donald Trump, destacando a relevância estratégica desses recursos para a indústria e tecnologia mundial.
A Ucrânia e Estados Unidos estão muito próximos de concluir um acordo que permitirá aos Estados Unidos o aos vastos depósitos de terras raras da Ucrânia. Esses minerais são fundamentais para tecnologias emergentes e desempenham um papel crucial na indústria de veículos elétricos, por serem usados na produção de motores e componentes essenciais.
Conforme a vice-primeira-ministra ucraniana para a Integração Europeia e Euro-Atlântica, Olga Stefanishyna, as negociações foram construtivas e praticamente todos os detalhes importantes foram acertados.
A liderança ucraniana afirmou que ambas as partes estão comprometidas em finalizar rapidamente o acordo para que ele seja assinado o quanto antes. Apesar do progresso, ainda não está claro se Kyiv terá benefícios diretos com a formalização desse pacto.
-
Brasil está ‘sentado’ sobre o novo petróleo! Terras raras, nióbio e hidrogênio branco transformam a Amazônia no centro da corrida energética global, mas o mundo já se move para tomar o controle
-
Fim da conta de energia? R$ 60 milhões de brasileiros começam a receber conta de luz já paga após decisão do governo Lula
-
Uma Dubai na América do Sul? Um país aposta em um investimento de US$ 800 milhões para criar uma península artificial de 200 hectares no Pacífico
-
IBP sobre a Tributação de dividendos no governo Lula: “medida que potencialmente deixa o Brasil menos atrativo e desestimula decisões de investimento”
A importância das terras raras
As chamadas terras raras englobam 17 elementos químicos, incluindo neodímio, lantânio e cério. Eles não são “raros” devido à escassez, mas porque raramente são encontrados em estado puro.
A extração desses elementos é complexa, pois geralmente vêm misturados com substâncias radioativas, exigindo o uso de produtos químicos tóxicos em sua separação. Esse processo encarece e dificulta sua exploração.
A União Europeia reconhece que a Ucrânia possui 21 das 30 substâncias consideradas críticas para a transição energética.
Esses minerais são essenciais para tecnologias limpas e veículos elétricos. Dados do serviço de notícias da ONU, divulgados em 2022, indicam que as reservas ucranianas desses 21 elementos representam cerca de 5% das reservas mundiais, mesmo ocupando apenas 0,4% da superfície terrestre.
Localização estratégica e desafios
A maioria das reservas ucranianas está situada ao sul do Escudo Cristalino Ucraniano, principalmente sob o Mar de Azov. No entanto, muitos desses territórios estão sob ocupação russa, o que adiciona um componente geopolítico ao cenário.
Áreas promissoras como Buzh Central e regiões em Kiev, Vinnytsia e Zhytomyr também possuem potencial econômico em estudo.
Adam Webb, especialista em matérias-primas para baterias da Benchmark Mineral Intelligence, alerta que, apesar da identificação de centenas de potenciais locais geológicos, ainda são necessários esforços significativos para comprovar a viabilidade econômica desses depósitos.
Outro desafio está relacionado à concentração de aproximadamente 70% de outros recursos minerais importantes nas regiões de Donetsk, Dnipropetrovsk e Luhansk, atualmente sob ocupação russa. Esses minerais, incluindo o lítio, são vitais para a indústria de veículos elétricos e o desenvolvimento de energia limpa.
Mais do que terras raras: o papel do lítio e outros minerais
Além das terras raras, a Ucrânia abriga importantes reservas de lítio, cobalto, escândio, grafite, tântalo e nióbio. Esses minerais são fundamentais para a fabricação de baterias e motores que impulsionam a mobilidade elétrica e sustentável.
Em 2022, a vice-ministra de Proteção Ambiental e Recursos Naturais da Ucrânia, Svetlana Grinchuk, destacou que o país possui cerca de 500.000 toneladas de lítio, segundo a Academia Nacional de Ciências da Ucrânia. Os depósitos mais relevantes estão localizados em Shevchenkivske (Donetsk) e Kruta Balka (Zaporiyia), ambos em áreas de conflito.
Grinchuk também destacou que futuras colaborações para a limpeza de terras ucranianas facilitarão o o a essas matérias-primas, o que pode beneficiar não só a Ucrânia, mas também seus parceiros internacionais.
O interesse dos EUA e a relação com a China
O interesse dos Estados Unidos, especialmente sob o governo de Donald Trump, em assegurar o o aos minerais ucranianos, está diretamente relacionado à tentativa de reduzir a dependência da China. Atualmente, a China domina o mercado global, controlando entre 60% e 70% da produção de terras raras e quase 90% da capacidade de processamento.
Essa dependência preocupa os EUA, que veem riscos para sua segurança nacional e estabilidade econômica, já que esses minerais são essenciais para o desenvolvimento de tecnologias avançadas e aplicações militares.
A busca por fontes alternativas, como as reservas ucranianas, surge como uma estratégia para mitigar essas vulnerabilidades.
Crescimento da demanda e impacto global
A demanda global por materiais essenciais, como grafite, níquel, cobre, cobalto e lítio, está aumentando rapidamente. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) prevê que o investimento em energia renovável precisará triplicar até 2050 para atingir emissões líquidas zero.
Além disso, um de especialistas convocado por António Guterres em 2024 alertou que a transição para tecnologias limpas triplicará a necessidade desses recursos até 2030. Nas próximas duas décadas, a demanda por cobre e terras raras deve crescer mais de 40%, enquanto a demanda por níquel e cobalto pode aumentar em até 70%. A necessidade de lítio, por sua vez, pode subir em quase 90%.
Esses dados ressaltam a importância estratégica da Ucrânia na oferta de materiais essenciais para a produção de veículos elétricos e na promoção de uma matriz energética mais sustentável.
Fechamento estratégico
O acordo entre Kiev e Washington, caso formalizado, poderá reposicionar a Ucrânia como um dos principais fornecedores de minerais essenciais para tecnologias verdes.
Entretanto, as incertezas sobre os benefícios diretos para Kyiv e os desafios geopolíticos nas regiões de exploração permanecem pontos de atenção.
Se concretizado, o o dos EUA aos minerais ucranianos não apenas diminuirá sua dependência da China, mas também terá um impacto relevante no futuro da mobilidade elétrica e na consolidação de uma economia global mais limpa e sustentável.
A relevância desses recursos no cenário internacional, especialmente no contexto da transição energética, coloca a Ucrânia em uma posição estratégica para os próximos anos.
Com informações de hibridosyelectricos.