Por trás do sumiço repentino de um dos refrigerantes mais populares do mundo, uma história curiosa de estratégias mal calculadas, nostalgia crescente e fãs brasileiros que ainda sonham com o retorno da bebida que desapareceu sem deixar rastros.
O 7 Up, refrigerante com sabor cítrico que marcou presença em diversos países, chegou ao Brasil com grande expectativa, mas saiu silenciosamente de cena poucos anos depois.
Lançado em 1995 com uma campanha publicitária ousada e apoio a times de futebol, como o Botafogo, a bebida parecia destinada ao sucesso por aqui.
No entanto, em 1997, apenas dois anos após sua estreia, sua produção e distribuição foram descontinuadas no país.
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Hoje, o 7 Up ainda é consumido em diversos lugares do mundo, mas seu desaparecimento dos mercados brasileiros intriga até os consumidores mais nostálgicos.
O nascimento de uma marca global
A história do 7 Up começa bem antes da sua rápida agem pelo Brasil.
O refrigerante foi criado em 1929 pelo norte-americano Charles Leiper Grigg, na cidade de St. Louis, nos Estados Unidos.
Grigg, que já trabalhava na indústria de bebidas, ou dois anos desenvolvendo uma fórmula que fosse refrescante e diferente dos sabores tradicionais que dominavam o mercado da época.
Inicialmente, a bebida carregava um nome bastante peculiar e pouco comercial: “Bib-Label Lithiated Lemon-Lime Soda”.
O termo “lithiated” fazia referência ao citrato de lítio, um composto químico que era utilizado em remédios e, na época, também era incluído em bebidas gaseificadas por supostos benefícios terapêuticos.
A bebida era vendida como uma espécie de “cura para a ressaca”, algo comum para refrigerantes do início do século 20.
Com o tempo, o nome foi simplificado para 7 Up, termo de fácil pronúncia e rápida memorização.
A origem exata do nome ainda é motivo de debate, com teorias que vão desde o número de ingredientes até a altura da garrafa.
Seja qual for a explicação correta, a marca cresceu rapidamente em popularidade e, em 1933, já era reconhecida em grande parte dos Estados Unidos.
Ascensão meteórica e fama global do 7 Up
Ao final da década de 1940, o 7 Up se tornava o terceiro refrigerante mais consumido do planeta, atrás apenas de gigantes como Coca-Cola e Pepsi.
Seu sabor cítrico e borbulhante o diferenciava das colas tradicionais, conquistando consumidores em vários continentes.
A marca ou por diversas mudanças de controle ao longo do tempo.
Em 1986, a PepsiCo adquiriu os direitos de distribuição do 7 Up na América Latina, o que abriu as portas para sua entrada em novos mercados, incluindo o Brasil.
Mas, dois anos depois, em 1988, a 7 Up foi vendida para a Cadbury Schweppes, que também era dona do refrigerante Dr Pepper.
A nova istração modificou estratégias comerciais, o que influenciou diretamente a trajetória da marca em alguns países.
A breve agem do 7 Up pelo Brasil
Foi só em 1995 que o 7 Up desembarcou oficialmente no Brasil.
A chegada foi marcada por um investimento robusto em marketing e ações promocionais.
Comerciais de televisão, anúncios em revistas, outdoors e até o patrocínio ao time de futebol do Botafogo ajudaram a apresentar a bebida ao consumidor brasileiro.
Na época, o mercado de refrigerantes estava aquecido, com marcas como Guaraná Antarctica, Fanta e Sprite disputando a preferência nacional.
Ainda assim, o 7 Up conseguiu atrair atenção com sua identidade visual vibrante, tom verde característico e a promessa de refrescância.
Apesar do esforço publicitário, a bebida não conseguiu se consolidar no Brasil.
A concorrência com marcas já estabelecidas e o gosto peculiar da fórmula – mais suave e menos doce que a concorrente Sprite – podem ter dificultado a aceitação popular.
Em 1997, a produção foi encerrada e o refrigerante simplesmente sumiu das prateleiras.
Uma ausência sentida por fãs nostálgicos
Mesmo com sua saída precoce do Brasil, o 7 Up deixou lembranças.
Consumidores que tiveram contato com a bebida nos anos 90 ainda comentam nas redes sociais sobre o sabor único e a curiosidade em torno do motivo do desaparecimento.
Algumas lojas especializadas em importados chegaram a trazer edições limitadas da bebida nos anos seguintes, mas sempre de forma pontual e com preços elevados.
Atualmente, o refrigerante segue firme em mercados como Estados Unidos, México, Canadá, Paquistão e Filipinas.
Em algumas regiões, o 7 Up ganhou novas versões, como edições com menos açúcar, variações com sabores adicionais e embalagens modernas.
Nos Estados Unidos, ele ainda é uma marca reconhecida e facilmente encontrada em supermercados.
Segundo dados da Statista atualizados em março de 2025, o 7 Up ainda figura entre os dez refrigerantes mais consumidos globalmente, com destaque para sua força em países da Ásia e América do Norte.
Apesar de estar longe de sua posição histórica como o terceiro mais popular do mundo, a marca mantém sua relevância, mesmo com as transformações do mercado.
O que poderia ter sido diferente?
O fracasso do 7 Up no Brasil levanta uma série de questões sobre estratégias de mercado, preferências culturais e concorrência acirrada.
Especialistas em marketing de bebidas apontam que, para se manter competitivo no cenário brasileiro, seria necessário um reposicionamento mais alinhado com o paladar local e uma maior persistência na construção da marca.
Além disso, o gosto dos brasileiros sempre demonstrou forte preferência por bebidas mais doces ou com apelo regional, como o guaraná.
Talvez, por isso, o sabor cítrico mais suave do 7 Up não tenha encantado a maioria dos consumidores.
Atualmente, com o crescimento da nostalgia como força de consumo e o interesse por produtos retrô, muitas marcas estão relançando produtos antigos.
Casos como o do refrigerante Mineirinho e o Guaraná Taí voltaram às prateleiras em versões repaginadas.
Será que o 7 Up poderia encontrar um novo espaço no mercado brasileiro, caso voltasse com uma campanha atualizada?
O mundo mudou, mas a memória permanece
O desaparecimento do 7 Up dos mercados brasileiros mostra como mesmo marcas globais podem fracassar em determinadas regiões.
Uma combinação de estratégia, cultura e preferências locais pode definir o sucesso ou o esquecimento de uma bebida.
Enquanto isso, a marca segue seu curso em outros países, reinventando-se e conquistando novas gerações de consumidores.
Para os brasileiros que lembram da bebida com carinho, resta a esperança de um possível retorno ou, ao menos, uma garrafa importada para matar a saudade.
E você, chegou a experimentar o 7 Up quando ele era vendido no Brasil? Acha que o refrigerante merecia uma segunda chance nos supermercados brasileiros?