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Essas galáxias estão colidindo a mais de 3,2 milhões de km/h no espaço profundo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 30/05/2025 às 09:39
Galáxias
Observações de rádio do Quinteto de Stephan em diferentes frequências, obtidas pelo Low Frequency Array (LOFAR) e pelo Very Large Array (VLA). As cores vermelhas indicam forte emissão de rádio proveniente da frente de choque, bem como de algumas galáxias do grupo e além. Crédito: Universidade de Hertfordshire.

Pesquisadores registram colisão galáctica no Quinteto de Stephan a mais de 3,2 milhões de km/h, com ondas de choque que transformam a estrutura e a formação de estrelas no aglomerado.

No espaço profundo, um cenário impressionante acontece. Galáxias gigantes colidem com força descomunal, criando ondas de choque que atravessam o universo.

É isso que ocorre no Quinteto de Stephan, um famoso aglomerado de galáxias localizado a cerca de 94 milhões de anos-luz da Terra. Agora, um novo estudo trouxe dados surpreendentes sobre essa colisão.

Velocidade impressionante

Usando dados de vários telescópios, os pesquisadores calcularam a velocidade da colisão de algumas das galáxias do Quinteto de Stephan.

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O resultado impressionou: mais de 3,2 milhões de quilômetros por hora. Apesar da violência desse encontro, o impacto não destrói tudo o que encontra pelo caminho.

O Quinteto de Stephan é formado por cinco galáxias. Dentre elas, quatro constituem o primeiro grupo compacto de galáxias já descoberto, há quase 150 anos.

A cena pode ser comparada a uma encruzilhada galáctica, onde corpos celestes se encontram, interagem e colidem.

Uma galáxia específica, chamada NGC 7318b, é a principal responsável pelo cenário atual. Ela está mergulhando no grupo em alta velocidade, desencadeando enormes ondas de choque.

Turbulência e transformação

Essa turbulência gera efeitos profundos. A colisão provoca o nascimento de novas estrelas, destrói nuvens moleculares e altera a própria estrutura das galáxias envolvidas.

Para observar todos esses fenômenos, os cientistas utilizaram o Telescópio William Herschel Enhanced Area Velocity Explorer (WEAVE), localizado em La Palma, na Espanha.

O WEAVE é um espectrógrafo de última geração com excelente capacidade de resolução. Com ele, foi possível mapear a frente de choque com um nível de detalhe inédito. Porém, o estudo não se limitou a esse instrumento.

Os pesquisadores também usaram dados de outras fontes, como o LOFAR Two-Metre Sky Survey (LoTSS), observações em raios X e arquivos do telescópio espacial James Webb (JWST). Essa combinação de dados possibilitou uma visão ampla e detalhada do fenômeno.

Com base nessas análises, os cientistas confirmaram que a NGC 7318b avança a mais de 3,2 milhões de km/h, colidindo com suas vizinhas e gerando ondas de choque poderosas.

Encruzilhada histórica

A pesquisadora principal, Dra. Marina Arnaudova, da Universidade de Hertfordshire, explicou o fascínio pelo Quinteto de Stephan.

Desde sua descoberta em 1877, o aglomerado desperta grande interesse nos astrônomos.

Ele representa uma verdadeira encruzilhada cósmica, marcada por colisões antigas que deixaram um campo complexo de detritos no espaço.

Segundo Arnaudova, a atividade intensa que ocorre hoje foi desencadeada justamente pela entrada violenta da NGC 7318b, que atinge o grupo com velocidade superior a 3,2 milhões de km/h.

O choque gerado é tão potente que pode ser comparado ao estrondo sônico de um avião a jato, mas em escala cósmica.

Choques e suas consequências

Os choques que ocorrem no meio intergaláctico funcionam como as de pressão gigantescas. Eles produzem energia através da turbulência, aquecem gases e promovem o nascimento de novas estrelas ou destroem nuvens moleculares já existentes.

De acordo com o Dr. Arnaudova, quando o choque atinge bolsões de gás frio, ele viaja em velocidades hipersônicas, ou seja, várias vezes superiores à velocidade do som no meio intergaláctico do Quinteto de Stephan.

Essa força extrema separa elétrons de átomos, deixando rastros brilhantes de gás carregado, visíveis com a ajuda do WEAVE.

Já ao atravessar o gás quente ao redor, o choque perde intensidade, como explica o estudante de doutorado Soumyadeep Das, também da Universidade de Hertfordshire.

Em vez de perturbar significativamente o meio, o choque mais fraco apenas comprime o gás quente. Essa compressão produz ondas de rádio captadas por radiotelescópios, como o Low Frequency Array (LOFAR).

Resistência e novas estrelas

Apesar da violência envolvida, alguns elementos resistem à destruição. Grãos de hidrogênio molecular e poeira sobrevivem ao choque. Esses materiais podem servir de base para o resfriamento pós-choque e para a formação de novas estrelas no futuro.

O choque, além disso, amplifica as emissões de rádio, aumentando sua luminosidade em até dez vezes. Bolsões densos de gás e poeira, protegidos do impacto direto, continuam formando hidrogênio molecular.

Filamentos de rádio difusos e fontes compactas permitem rastrear os efeitos contínuos da colisão, incluindo as interações com jatos da galáxia NGC 7319.

Importância científica

O sistema analisado é um exemplo claro de como colisões galácticas transformam a estrutura e a composição química das galáxias. Ele fornece aos cientistas importantes informações sobre a evolução cósmica.

Graças ao avanço de instrumentos como o WEAVE e às observações realizadas em diferentes comprimentos de onda, os pesquisadores estão conseguindo desvendar a complexa história dessas galáxias em interação.

Detalhes nunca vistos

O professor Gavin Dalton, do RAL Space e da Universidade de Oxford, também envolvido na pesquisa, destacou o avanço obtido com essas observações. Segundo ele, o nível de detalhes revelado pelo WEAVE é impressionante.

Além de mostrar com clareza o choque e a colisão no Quinteto de Stephan, os dados oferecem uma nova perspectiva sobre processos semelhantes que podem ocorrer em galáxias tênues, ainda pouco estudadas, situadas nos limites das capacidades tecnológicas atuais.

O estudo, liderado por MI Arnaudova e sua equipe, foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society em 2024. O trabalho leva o título “Observações da Primeira Luz WEAVE: Origem e Dinâmica da Frente de Choque no Quinteto de Stephan“, e pode ser consultado com o DOI: 10.1093/mnras/stae2235.

Estudo publicado na academic.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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