A Barragem das Três Gargantas impressiona pela capacidade instalada de 22.500 MW, superando com folga as maiores usinas nucleares e a carvão do planeta.
O projeto da Barragem das Três Gargantas é reconhecido como uma das mais grandiosas realizações da engenharia moderna.
Localizada no desfiladeiro de Xilingxia, que é um dos três desfiladeiros do rio Yangtze, na província de Hubei, China, a obra desempenha um papel essencial na produção de energia do país e na regulação das águas do rio.
Localização e dados geográficos
O desfiladeiro de Xilingxia está situado em uma região de drenagem que abrange cerca de um milhão de quilômetros quadrados.
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O escoamento médio anual é impressionante, com aproximadamente 451 bilhões de metros cúbicos de água.
A entidade encarregada pela execução e gestão da obra é a China Three Gorges Corporation (CTGPC), que detém a responsabilidade legal sobre a construção, operação e financiamento do projeto.
Dimensões e características iniciais
A construção da barragem foi concluída em 2008. Com 185 metros de altura e 2.309 metros de largura, a estrutura sobressai como uma das maiores usinas hidrelétricas do planeta, superando inclusive a capacidade de Itaipu, no Brasil, que possui 14.000 MW.
A barragem opera com 32 geradores principais, divididos entre 12 conjuntos na margem direita e 14 na margem esquerda, além de seis geradores subterrâneos.
Início da operação dos geradores
Os primeiros geradores subterrâneos começaram a operar entre maio e julho de 2011. Em 2012, a comissionação de todas as 32 unidades foi finalizada, garantindo uma capacidade de geração de 22.500 MW.
A usina produz anualmente cerca de 85 TW/ha, o que corresponde a aproximadamente um décimo da demanda total de energia da China.
Múltiplos objetivos do empreendimento
A barragem não foi projetada apenas para gerar energia. Um de seus principais objetivos é o controle de inundações, que historicamente provocaram centenas de milhares de mortes ao longo do Yangtze.
Outro objetivo é facilitar a navegação de grandes embarcações de Xangai até Chongqing, a uma distância de 2.000 km do mar.
Reservatório e integração com a rede elétrica
Localizada a 44 km de Yichang, a barragem forma um reservatório com extensão de 630 km e largura média de 1,3 km, totalizando capacidade de 39,3 bilhões de metros cúbicos.
Ela está interligada a três grandes redes elétricas da China: Central China Power Network (55%), East China Power Network (39%) e Sichuan Provincial Grid (6%).
Estrutura de concreto e fases de construção
A barragem é composta por concreto por gravidade, com vertedouro central e casas de força em suas extremidades. A construção, iniciada em 1993, durou 17 anos.
No final de 1996, os investimentos já somavam US$ 2,3 bilhões. Na primeira fase, 14 unidades Francis de 700 MW foram ativadas na margem esquerda entre 2003 e 2006. Na segunda fase, a capacidade aumentou para 18.200 MW.
Infraestrutura de eclusas e turbinas adicionais
Durante a segunda fase, foi erguida uma eclusa permanente de 135 metros de altura com 14 turbinas na margem sul.
Posteriormente, a barragem alcançou 185 metros de altura, com a instalação de 12 turbinas adicionais na margem norte.
Também foi implementado um sistema de elevação de navios de via única e um degrau, com altura máxima de 113 metros e capacidade para elevar embarcações de até 11.800 toneladas.
O revestimento espiral das seis unidades subterrâneas foi concluído em maio de 2010. Os 14 primeiros geradores geraram 9.800 MW em 2006. Entre 2007 e 2008, outros 12 geradores entraram em operação, elevando a capacidade a 18.300 MW. A capacidade máxima foi momentaneamente atingida em agosto de 2009.
Consequências ambientais
Estudos indicam que os impactos ecológicos podem ser severos. A interrupção do fluxo de sedimentos tende a causar acúmulo no reservatório e a comprometer o fornecimento de nutrientes para terras agricultáveis e pescarias rio abaixo.
Essa situação afeta não apenas o ecossistema, mas também as turbinas da usina e os meios de subsistência de milhões de agricultores e pescadores.
Cerca de 1,27 milhão de pessoas foram deslocadas em setembro de 2009. Apesar das promessas de melhorias, muitos relataram problemas no recebimento de fundos de reassentamento e oportunidades de requalificação profissional.
As terras submersas eram mais férteis, e aproximadamente 1.600 fábricas foram inundadas.
Demandas por soluções adicionais
Organizações ocidentais solicitaram que o governo chinês resolvesse questões ligadas ao desmatamento e à perda de lagos na bacia do Yangtze, fatores que agravam as inundações. Escândalos de corrupção também marcaram o projeto, com desvio de recursos, subornos e acidentes que danificaram a infraestrutura em 1999.
O custo oficial da barragem foi estimado inicialmente em CNY 203 bilhões (US$ 29 bilhões), cobertos por impostos sobre o consumo de eletricidade e pelas receitas da primeira fase. Posteriormente, o custo caiu para CNY 180 bilhões devido à inflação controlada.
Divisão de contratos de fornecimento
Os pedidos de fornecimento de equipamentos foram divididos entre seis grupos estrangeiros em duas alianças principais.
A Alstom liderou a construção das turbinas com contrato de US$ 212 milhões, enquanto a ABB forneceu oito geradores por US$ 250 milhões. A Kvaerner, da Noruega, participou com US$ 40 milhões. O contrato totalizou US$ 500 milhões.
O segundo consórcio envolveu Voith, Siemens e GE Hydro, com contrato de US$ 350 milhões. Posteriormente, a Alstom adquiriu a divisão de energia da ABB e a GE Hydro comprou a Kvaerner.
As empresas chinesas Harbin Power Equipment e Dongfang Electrical Machinery participaram nas etapas finais, absorvendo tecnologias transferidas pelos grupos estrangeiros. As últimas unidades da primeira fase foram quase integralmente produzidas na China.
Sistema de transmissão e distribuição
A infraestrutura de transmissão, concluída em 2007 ao custo de CNY34,3 bilhões, conecta a energia gerada a Xangai e outras nove províncias. O sistema inclui linhas de 500 kV CC e CA, com capacidades entre 1.200 MW e 12.000 MW.
Distribuição de energia
Três principais linhas HVDC foram instaladas: Three Gorges-Changzhou com capacidade de 3.000 MW, Three Gorges-Xangai também com 3.000 MW e Gezhouba-Xangai com 1.200 MW. Este sistema garante uma ampla distribuição da energia gerada pela barragem.
A construção civil ficou sob responsabilidade de grupos chineses, com contratos de US$ 800 milhões assinados com empresas como Gezhouba Share Holding, Yichang Qingyun Hydropower t Management e Yichang Three Gorges Project Construction 378 t Management. As obras incluíram a construção de diques, casas de força e escavações massivas.
Durante a construção foram escavados 102,83 milhões de metros cúbicos de rocha e terra. Foram repostos 31,98 milhões de metros cúbicos, utilizados 27,94 milhões de metros cúbicos de concreto e instaladas 256.500 toneladas de estruturas metálicas.
Comparação com outras gigantes hidrelétricas
A Barragem das Três Gargantas ocupa o topo da lista das maiores usinas hidrelétricas do mundo. Para entender melhor sua dimensão, é possível compará-la com outros empreendimentos de grande porte. A Barragem de Baihetan, também localizada na China, possui capacidade de 16.000 MW.
Em seguida, aparece a Barragem de Itaipu, dividida entre Brasil e Paraguai, com 14.000 MW de capacidade instalada. Logo abaixo está a Barragem de Xiluodu, na China, com 13.860 MW. Por fim, a brasileira Belo Monte apresenta uma capacidade de 11.233 MW.
Diante desses números, fica evidente a liderança da Barragem das Três Gargantas, consolidando o papel fundamental da energia hidrelétrica como fonte de produção em larga escala.
Essa capacidade elevada permite que a usina atenda uma parcela significativa da demanda energética chinesa, além de reduzir a dependência de outras fontes de energia.
Superioridade frente às usinas nucleares e a carvão
A comparação não se limita apenas a outras hidrelétricas. Quando analisada em relação a outros tipos de geração de energia, a superioridade da Barragem das Três Gargantas também se destaca.
Por exemplo, a usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, no Japão, chegou a ser a maior do mundo em sua categoria, com 8.212 MW de capacidade. Ainda assim, essa marca não alcança nem metade da potência instalada nas Três Gargantas.
O mesmo ocorre com a maior usina a carvão da Europa, localizada na Polônia. A planta de Bełchatów apresenta capacidade de 5.420 MW, muito inferior à gerada pelo complexo hidrelétrico chinês.
Essa diferença mostra como as grandes barragens conseguem fornecer volumes de energia muito superiores, sem os riscos relacionados aos resíduos radioativos das usinas nucleares ou à poluição atmosférica provocada pela queima de combustíveis fósseis.
Sistema de monitoramento ambiental
O sistema de monitoramento ecológico foi implantado em 2007. Adicionalmente, foi estabelecida a Base do Centro de Criação de Peixes para conservação de espécies como a carpa asiática. Entre 2011 e 2018, 12 experimentos de programação ecológica foram realizados.
A Barragem das Três Gargantas representa um marco na engenharia global. Sua capacidade de geração de energia é imensa, mas seus impactos sociais e ambientais continuam gerando discussões e exigem monitoramento constante para mitigar os efeitos negativos ao longo do tempo.