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Essa é a usina de energia mais poderosa do mundo — não usa urânio e produz três vezes mais energia do que qualquer reator nuclear

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 08/06/2025 às 11:46
usina

A Barragem das Três Gargantas impressiona pela capacidade instalada de 22.500 MW, superando com folga as maiores usinas nucleares e a carvão do planeta.

O projeto da Barragem das Três Gargantas é reconhecido como uma das mais grandiosas realizações da engenharia moderna.

Localizada no desfiladeiro de Xilingxia, que é um dos três desfiladeiros do rio Yangtze, na província de Hubei, China, a obra desempenha um papel essencial na produção de energia do país e na regulação das águas do rio.

Localização e dados geográficos

O desfiladeiro de Xilingxia está situado em uma região de drenagem que abrange cerca de um milhão de quilômetros quadrados.

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O escoamento médio anual é impressionante, com aproximadamente 451 bilhões de metros cúbicos de água.

A entidade encarregada pela execução e gestão da obra é a China Three Gorges Corporation (CTGPC), que detém a responsabilidade legal sobre a construção, operação e financiamento do projeto.

Dimensões e características iniciais

A construção da barragem foi concluída em 2008. Com 185 metros de altura e 2.309 metros de largura, a estrutura sobressai como uma das maiores usinas hidrelétricas do planeta, superando inclusive a capacidade de Itaipu, no Brasil, que possui 14.000 MW.

A barragem opera com 32 geradores principais, divididos entre 12 conjuntos na margem direita e 14 na margem esquerda, além de seis geradores subterrâneos.

Início da operação dos geradores

Os primeiros geradores subterrâneos começaram a operar entre maio e julho de 2011. Em 2012, a comissionação de todas as 32 unidades foi finalizada, garantindo uma capacidade de geração de 22.500 MW.

A usina produz anualmente cerca de 85 TW/ha, o que corresponde a aproximadamente um décimo da demanda total de energia da China.

Múltiplos objetivos do empreendimento

A barragem não foi projetada apenas para gerar energia. Um de seus principais objetivos é o controle de inundações, que historicamente provocaram centenas de milhares de mortes ao longo do Yangtze.

Outro objetivo é facilitar a navegação de grandes embarcações de Xangai até Chongqing, a uma distância de 2.000 km do mar.

Reservatório e integração com a rede elétrica

Localizada a 44 km de Yichang, a barragem forma um reservatório com extensão de 630 km e largura média de 1,3 km, totalizando capacidade de 39,3 bilhões de metros cúbicos.

Ela está interligada a três grandes redes elétricas da China: Central China Power Network (55%), East China Power Network (39%) e Sichuan Provincial Grid (6%).

Estrutura de concreto e fases de construção

A barragem é composta por concreto por gravidade, com vertedouro central e casas de força em suas extremidades. A construção, iniciada em 1993, durou 17 anos.

No final de 1996, os investimentos já somavam US$ 2,3 bilhões. Na primeira fase, 14 unidades Francis de 700 MW foram ativadas na margem esquerda entre 2003 e 2006. Na segunda fase, a capacidade aumentou para 18.200 MW.

Infraestrutura de eclusas e turbinas adicionais

Durante a segunda fase, foi erguida uma eclusa permanente de 135 metros de altura com 14 turbinas na margem sul.

Posteriormente, a barragem alcançou 185 metros de altura, com a instalação de 12 turbinas adicionais na margem norte.

Também foi implementado um sistema de elevação de navios de via única e um degrau, com altura máxima de 113 metros e capacidade para elevar embarcações de até 11.800 toneladas.

O revestimento espiral das seis unidades subterrâneas foi concluído em maio de 2010. Os 14 primeiros geradores geraram 9.800 MW em 2006. Entre 2007 e 2008, outros 12 geradores entraram em operação, elevando a capacidade a 18.300 MW. A capacidade máxima foi momentaneamente atingida em agosto de 2009.

Consequências ambientais

Estudos indicam que os impactos ecológicos podem ser severos. A interrupção do fluxo de sedimentos tende a causar acúmulo no reservatório e a comprometer o fornecimento de nutrientes para terras agricultáveis e pescarias rio abaixo.

Essa situação afeta não apenas o ecossistema, mas também as turbinas da usina e os meios de subsistência de milhões de agricultores e pescadores.

Cerca de 1,27 milhão de pessoas foram deslocadas em setembro de 2009. Apesar das promessas de melhorias, muitos relataram problemas no recebimento de fundos de reassentamento e oportunidades de requalificação profissional.

As terras submersas eram mais férteis, e aproximadamente 1.600 fábricas foram inundadas.

Demandas por soluções adicionais

Organizações ocidentais solicitaram que o governo chinês resolvesse questões ligadas ao desmatamento e à perda de lagos na bacia do Yangtze, fatores que agravam as inundações. Escândalos de corrupção também marcaram o projeto, com desvio de recursos, subornos e acidentes que danificaram a infraestrutura em 1999.

O custo oficial da barragem foi estimado inicialmente em CNY 203 bilhões (US$ 29 bilhões), cobertos por impostos sobre o consumo de eletricidade e pelas receitas da primeira fase. Posteriormente, o custo caiu para CNY 180 bilhões devido à inflação controlada.

Divisão de contratos de fornecimento

Os pedidos de fornecimento de equipamentos foram divididos entre seis grupos estrangeiros em duas alianças principais.

A Alstom liderou a construção das turbinas com contrato de US$ 212 milhões, enquanto a ABB forneceu oito geradores por US$ 250 milhões. A Kvaerner, da Noruega, participou com US$ 40 milhões. O contrato totalizou US$ 500 milhões.

O segundo consórcio envolveu Voith, Siemens e GE Hydro, com contrato de US$ 350 milhões. Posteriormente, a Alstom adquiriu a divisão de energia da ABB e a GE Hydro comprou a Kvaerner.

As empresas chinesas Harbin Power Equipment e Dongfang Electrical Machinery participaram nas etapas finais, absorvendo tecnologias transferidas pelos grupos estrangeiros. As últimas unidades da primeira fase foram quase integralmente produzidas na China.

Sistema de transmissão e distribuição

A infraestrutura de transmissão, concluída em 2007 ao custo de CNY34,3 bilhões, conecta a energia gerada a Xangai e outras nove províncias. O sistema inclui linhas de 500 kV CC e CA, com capacidades entre 1.200 MW e 12.000 MW.

Distribuição de energia

Três principais linhas HVDC foram instaladas: Three Gorges-Changzhou com capacidade de 3.000 MW, Three Gorges-Xangai também com 3.000 MW e Gezhouba-Xangai com 1.200 MW. Este sistema garante uma ampla distribuição da energia gerada pela barragem.

A construção civil ficou sob responsabilidade de grupos chineses, com contratos de US$ 800 milhões assinados com empresas como Gezhouba Share Holding, Yichang Qingyun Hydropower t Management e Yichang Three Gorges Project Construction 378 t Management. As obras incluíram a construção de diques, casas de força e escavações massivas.

Durante a construção foram escavados 102,83 milhões de metros cúbicos de rocha e terra. Foram repostos 31,98 milhões de metros cúbicos, utilizados 27,94 milhões de metros cúbicos de concreto e instaladas 256.500 toneladas de estruturas metálicas.

Comparação com outras gigantes hidrelétricas

A Barragem das Três Gargantas ocupa o topo da lista das maiores usinas hidrelétricas do mundo. Para entender melhor sua dimensão, é possível compará-la com outros empreendimentos de grande porte. A Barragem de Baihetan, também localizada na China, possui capacidade de 16.000 MW.

Em seguida, aparece a Barragem de Itaipu, dividida entre Brasil e Paraguai, com 14.000 MW de capacidade instalada. Logo abaixo está a Barragem de Xiluodu, na China, com 13.860 MW. Por fim, a brasileira Belo Monte apresenta uma capacidade de 11.233 MW.

Diante desses números, fica evidente a liderança da Barragem das Três Gargantas, consolidando o papel fundamental da energia hidrelétrica como fonte de produção em larga escala.

Essa capacidade elevada permite que a usina atenda uma parcela significativa da demanda energética chinesa, além de reduzir a dependência de outras fontes de energia.

Superioridade frente às usinas nucleares e a carvão

A comparação não se limita apenas a outras hidrelétricas. Quando analisada em relação a outros tipos de geração de energia, a superioridade da Barragem das Três Gargantas também se destaca.

Por exemplo, a usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, no Japão, chegou a ser a maior do mundo em sua categoria, com 8.212 MW de capacidade. Ainda assim, essa marca não alcança nem metade da potência instalada nas Três Gargantas.

O mesmo ocorre com a maior usina a carvão da Europa, localizada na Polônia. A planta de Bełchatów apresenta capacidade de 5.420 MW, muito inferior à gerada pelo complexo hidrelétrico chinês.

Essa diferença mostra como as grandes barragens conseguem fornecer volumes de energia muito superiores, sem os riscos relacionados aos resíduos radioativos das usinas nucleares ou à poluição atmosférica provocada pela queima de combustíveis fósseis.

Sistema de monitoramento ambiental

O sistema de monitoramento ecológico foi implantado em 2007. Adicionalmente, foi estabelecida a Base do Centro de Criação de Peixes para conservação de espécies como a carpa asiática. Entre 2011 e 2018, 12 experimentos de programação ecológica foram realizados.

A Barragem das Três Gargantas representa um marco na engenharia global. Sua capacidade de geração de energia é imensa, mas seus impactos sociais e ambientais continuam gerando discussões e exigem monitoramento constante para mitigar os efeitos negativos ao longo do tempo.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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