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Espírito Santo enfrenta queda histórica e precisa se preparar para o pós-petróleo: produção desaba, reservas caem e futuro preocupa setor

Publicado em 08/05/2025 às 09:30
Petróleo, Espírito Santo, Gás
Imagem: IA

Com produção em queda e reservas pela metade, Espírito Santo enfrenta desafio de reinventar sua indústria energética após décadas de protagonismo no petróleo

O Espírito Santo está diante de um desafio importante: lidar com a queda consistente da produção e da exploração de petróleo. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), reunidos no Anuário da Indústria do Petróleo e Gás Natural 2025 da Findes, revelam uma desaceleração significativa das atividades no estado.

O setor ainda tem peso expressivo na economia capixaba — respondendo por cerca de 25% da indústria local — mas mostra sinais claros de enfraquecimento.

Queda nas perfurações e descobertas

Entre 1998 e 2014, o Espírito Santo costumava registrar mais de 20 poços exploratórios perfurados por ano. A maioria dessas atividades acontecia no mar, onde está concentrada a maior fatia da produção estadual.

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No entanto, esse cenário mudou. Desde 2015, nenhum ano ou de cinco perfurações. Em 2016 e 2017, simplesmente não houve nenhuma.

A consequência imediata foi a redução nas notificações de descoberta de indícios de hidrocarbonetos. Enquanto entre 2000 e 2014 era comum haver mais de 15 notificações por ano — com pico superior a 30 em 2010 —, nos anos seguintes o número caiu drasticamente.

De 2016 a 2024, as notificações ficaram abaixo de cinco por ano e, na maioria dos casos, em áreas terrestres.

Reservas de petróleo diminuem pela metade

Sem novas descobertas e com menos poços sendo perfurados, as reservas também caíram. Em 2013, o Espírito Santo tinha 2,516 bilhões de barris de petróleo em reservas.

Em 2023, o volume era de 1,2 bilhão — retração de 52,3%. No caso do gás natural, a queda foi ainda maior: de 92,3 bilhões de metros cúbicos para 32 bilhões de m³, uma redução de 65,3%.

Os registros de Declaração de Comercialidade, que marcam o fim da fase de exploração e o início da produção, também despencaram. Desde 1999, foram 64 declarações. Dessas, somente 16 ocorreram após 2013. No mar, houve uma única declaração recente: o campo de Wahoo, feita pela empresa Prio em 2021.

Produção de petróleo em declínio

A produção total de petróleo no Espírito Santo acompanha esse movimento. Em 2014, a média era de 367 mil barris por dia. Em 2024, caiu para 154,9 mil barris por dia — redução de 57,8% em dez anos. Houve leve alta nos dois últimos anos, mas a tendência de longo prazo é negativa.

Para os próximos anos, há uma expectativa pontual de crescimento. A chegada da plataforma Maria Quitéria, da Petrobras, e o avanço do campo de Wahoo podem elevar a produção para mais de 200 mil barris por dia até 2027. Depois disso, no entanto, a tendência é de queda.

Falta de investimento e crise em operações terrestres

O baixo volume de investimentos em exploração recente é um dos principais problemas. O foco atual da indústria — especialmente da Petrobras — está no pré-sal e na Margem Equatorial, nas regiões Norte e Nordeste. Isso dificulta a retomada de dinamismo no Espírito Santo.

Outro obstáculo está nos campos terrestres. A empresa norueguesa Seacrest, que assumiu os principais campos onshore no Norte capixaba, enfrenta dificuldades financeiras e não conseguiu elevar a produção como esperado.

Hoje, a produção gira em torno de 7 mil barris por dia. A meta era chegar a 14 mil. Embora a produção terrestre pese menos no total extraído, ela é essencial para manter a cadeia de fornecedores regionais ativa.

Preparar o futuro: energia eólica, hidrogênio e descomissionamento

Diante da queda na produção de petróleo, o Espírito Santo começa a olhar para o futuro. A transição energética global é uma realidade, e o estado já possui condições competitivas para outras fontes. Um dos caminhos é a produção de energia eólica offshore, além do hidrogênio verde em larga escala.

O Estado também pode aproveitar a infraestrutura de gás existente. Um exemplo é a Unidade de Tratamento de Gás de Anchieta, atualmente paralisada. Ela pode ser adaptada para atividades como a captura de gás carbônico.

Além disso, empresas locais ainda podem atuar como fornecedoras da cadeia nacional de petróleo e gás. Estaleiros como o Seatrium Aracruz e unidades voltadas ao descomissionamento de plataformas são exemplos de atividades que podem manter empregos e movimentar a economia.

O ciclo do petróleo, que teve grande força no Espírito Santo a partir dos anos 1990, parece entrar agora em nova fase. E preparar esse “pouso” com planejamento é essencial para evitar impactos maiores na economia e nas comunidades locais.

Com informações de A Gazeta.

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Romário Pereira de Carvalho

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