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Engenheiros criam cimento mais ecológico usando argila de baixa qualidade

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 05/06/2025 às 08:02
A mistura de argila combinada, após tratamento térmico, está pronta para uso como suplemento de cimento.
A mistura de argila combinada, após tratamento térmico, está pronta para uso como suplemento de cimento.

Pesquisadores da Universidade RMIT criam método usando argila ilita e caulim de baixa qualidade para produzir cimento mais resistente e ecológico.

O concreto é a base da maioria das construções modernas, mas seu impacto ambiental preocupa especialistas. A produção de cimento, componente essencial do concreto, é responsável por cerca de 8% das emissões globais de CO₂.

Por isso, pesquisadores buscam soluções para tornar o material menos poluente. Agora, um estudo da Universidade RMIT, na Austrália, apresenta um avanço importante nessa direção.

A busca por alternativas ao cimento tradicional

Há anos, engenheiros sabem que a substituição parcial do cimento por argila pode reduzir as emissões de carbono.

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O uso da argila de caulim, de alta qualidade, já mostrou resultados promissores. No entanto, o alto custo e a demanda crescente pelo caulim em indústrias como a cerâmica e a cosmética dificultam seu uso em larga escala na construção civil.

Diante desse desafio, a equipe da Universidade RMIT investigou o potencial da argila ilita, uma variedade de qualidade inferior, mas muito mais abundante e barata.

Ao combinar essa argila ilita com caulim de baixa qualidade, os pesquisadores conseguiram criar um concreto ainda mais resistente, oferecendo uma solução viável para o setor.

Processo de cocalcinação transforma o material

Grande parte das emissões de CO₂ na fabricação de cimento ocorre durante a produção do clínquer, quando o calcário (CaCO₃) é aquecido e liberam-se grandes quantidades de CO₂.

A proposta da equipe australiana não elimina esse processo, mas reduz a quantidade de cimento necessária, diminuindo assim as emissões totais.

A técnica envolve misturar a argila ilita e o caulim de baixa qualidade em partes iguais. Essa mistura é então submetida a um aquecimento de 600 graus Celsius.

O procedimento, chamado de cocalcinação, altera as propriedades químicas da mistura, melhorando sua reatividade pozolânica. Essa característica permite que o material se ligue melhor ao cimento e à água durante o preparo do concreto.

A Dra. Chamila Gunasekara, da Escola de Engenharia da RMIT, explicou os resultados: “Com base nessa abordagem, conseguimos substituir 20% do uso de cimento usando combinações de ilita e caulim de baixa qualidade, ao mesmo tempo em que alcançamos um desempenho ainda melhor do produto de rendimento.

Resultados de resistência e durabilidade

A melhoria nas propriedades do concreto foi significativa. O novo material apresentou uma redução de 41% na porosidade e um aumento de 15% na resistência à compressão.

Isso significa que o concreto se torna não apenas mais forte, mas também mais durável ao longo do tempo.

Além disso, o material retém mais água de forma química, o que favorece reações prolongadas e melhora a integridade estrutural da construção.

Esses avanços podem beneficiar diretamente edifícios, pontes e outras estruturas que dependem de concreto de alta resistência.

Benefícios econômicos e ambientais

A pesquisa também aponta ganhos financeiros. Atualmente, o mercado de caulim de alta qualidade deve atingir US$ 6 bilhões até 2032.

A introdução da argila ilita nesse processo pode criar um novo mercado paralelo, aproveitando um recurso mais ível e abundante.

O Dr. Roshan Jayathilakage, autor principal do estudo, destacou: “Como as matérias-primas são processadas em conjunto, isso agiliza as operações industriais e reduz o consumo de combustível em comparação com múltiplas etapas de calcinação. Isso torna o método não apenas tecnicamente sólido, mas também econômica e ambientalmente escalável.

Tecnologia virtual acelera o desenvolvimento

Outro ponto de destaque na pesquisa é o uso de uma ferramenta computacional desenvolvida pela RMIT em parceria com a Universidade de Hokkaido. O sistema permite simular o comportamento de diferentes misturas de argilas, reduzindo a necessidade de testes de laboratório.

O Dr. Yuguo Yu, da RMIT, explicou: “Ao prever como diferentes composições de argila afetam o comportamento do concreto, os engenheiros conseguem projetar melhor misturas energeticamente eficientes, adaptadas aos tipos de argila locais e às condições ambientais específicas.

Segundo os pesquisadores, essa tecnologia poderá acelerar a adoção de materiais ecológicos no setor da construção.

A inovação representa um o importante na busca por alternativas mais sustentáveis, com potencial de transformar a indústria e reduzir significativamente a pegada de carbono das futuras construções.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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