Instaladas em Milwaukee, as esculturas solares E-Cacias oferecem sombra, iluminação e energia limpa em áreas urbanas. Design inovador eleva painéis solares e transforma espaços públicos em vitrines de sustentabilidade.
O avanço da energia renovável não está aos campos de painéis solares nem às grandes usinas eólicas. Em Milwaukee, nos Estados Unidos, a energia solar ganhou uma nova e criativa forma com a instalação das chamadas “árvores solares” — estruturas que simulam a aparência de árvores e funcionam como verdadeiras esculturas urbanas capazes de gerar eletricidade, fornecer sombra e iluminar espaços públicos.
Instaladas no Wick Playfield, em maio, as estruturas batizadas de E-Cacias aliam design urbano, funcionalidade e sustentabilidade. Criadas pela startup Solar Forma Design, com sede em Eau Claire, as árvores solares são uma tentativa de tornar a energia renovável mais ível, visível e integrada à paisagem cotidiana das cidades.
Energia solar elevada que economiza espaço
Uma das principais vantagens das E-Cacias em relação aos painéis solares tradicionais é o uso otimizado do espaço urbano. Enquanto placas montadas no solo demandam grandes áreas livres e barreiras de proteção, as árvores solares mantêm os painéis fotovoltaicos elevados, permitindo que o chão permaneça livre para recreação ou circulação de pessoas.
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“Isso é algo que gera valor quantificável. A iluminação e a sombra são essenciais para o design moderno de espaços públicos”, afirmou Brian Graff, CEO e fundador da Solar Forma Design.
As árvores estão conectadas à rede elétrica local e alimentam diretamente sistemas como a iluminação pública e o placar eletrônico do parque. Com isso, elas não apenas reduzem a conta de energia dos municípios, mas também servem como ferramentas educativas e símbolos de inovação ambiental.
Design inspirado na natureza africana
O nome E-Cacia é uma homenagem às acácias do Serengeti, na África. A escolha não é apenas estética, mas também funcional: o formato em “guarda-chuva invertido” ajuda a capturar máxima incidência solar enquanto oferece sombra ampla ao redor da base.
Além de Milwaukee, outras cidades como Sheboygan, Eau Claire e o Discovery World, também em Milwaukee, já receberam as estruturas. Novas instalações estão previstas para Madison (Wisconsin) e Houston (Texas), ampliando o alcance do projeto e posicionando a energia solar como protagonista em soluções arquitetônicas urbanas.
Investimento e incentivos
O custo para instalar uma E-Cacia gira em torno de US$ 135.000 a US$ 140.000 por unidade. Apesar do preço elevado, a Solar Forma Design informa que incentivos federais e locais podem reduzir significativamente o valor final para municípios, escolas e instituições interessadas.
Segundo Graff, a função educativa e inspiradora dessas árvores solares pode ser tão importante quanto sua capacidade de gerar energia:
“Quando integramos a energia solar aos espaços humanos de forma criativa, podemos inspirar confiança na tecnologia e incentivar a adoção de soluções sustentáveis.”
A sombra como aliada da qualidade de vida
Durante os dias quentes do verão norte-americano, as E-Cacias têm oferecido refúgio contra o calor extremo. Para moradores como Tom Serafin, pai de família que frequenta o parque Wick Playfield, a sombra gerada pelas árvores solares faz toda a diferença:
“Brutal. Tipo, o pior de todos”, comentou Serafin sobre o calor. “Ter um pouco de sombra aqui em um dia quente é ótimo.”
A presença de elementos sombreados nos espaços públicos é reconhecida por arquitetos e urbanistas como um fator essencial para a qualidade de vida urbana, especialmente em tempos de aquecimento global e ilhas de calor nas cidades.
Arte pública funcional: o novo marco da sustentabilidade
A proposta das E-Cacias também dialoga com o papel da arte pública. Em vez de serem apenas esculturas estéticas, essas estruturas exercem funções práticas. Graff compara o projeto com outras obras icônicas de arte urbana, como o Cloud Gate (o “Bean”) em Chicago, que custou mais de US$ 20 milhões e se tornou um símbolo da cidade, atraindo milhares de turistas por ano.
“Não se trata apenas de energia. É uma declaração visual. É algo que chama atenção, que ensina e que melhora a vida urbana”, explica Graff.
Para ele, a energia solar integrada à arte pública pode se tornar uma poderosa ferramenta para engajamento cívico e conscientização ambiental, mostrando que sustentabilidade e beleza podem (e devem) coexistir.
Escolas e municípios demonstram interesse
A Solar Forma Design afirma que vem recebendo consultas de escolas, governos locais e instituições culturais interessadas em levar as árvores solares para seus espaços. O potencial educativo é enorme: ao mostrar o funcionamento dos painéis solares em estruturas visíveis e íveis, as E-Cacias ajudam a popularizar o conceito de energia renovável, aproximando-o do cotidiano das pessoas.
Além disso, escolas podem utilizar as estruturas como laboratórios ao ar livre para ensinar ciências, energia e sustentabilidade.
Para os idealizadores do projeto, mais importante do que gerar megawatts é gerar confiança e compreensão sobre a energia renovável. Em um momento em que o mundo discute com urgência a transição energética, iniciativas como as árvores solares da E-Cacia mostram que é possível repensar a forma como a sociedade se relaciona com a eletricidade e com o espaço urbano.