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Energia nuclear — China desbloqueia extração de urânio de água do mar 40 vezes mais eficiente

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 03/04/2025 às 16:22
energia nuclear
Foto: Reprodução

Um avanço científico na China pode mudar o rumo da energia nuclear no mundo. Pesquisadores desenvolveram uma técnica de extração de urânio da água do mar que é até 40 vezes mais eficiente do que métodos anteriores.

A China acaba de dar um o decisivo no campo da energia nuclear. Pesquisadores anunciaram uma nova tecnologia que pode revolucionar como o urânio é extraído da água do mar.

O método é 40 vezes mais eficiente do que os anteriores e pode garantir uma fonte mais sustentável do combustível nuclear.

A inovação chega em um momento crítico, já que a demanda por urânio no país cresce rapidamente.

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Demanda em alta e fontes limitadas

Nos últimos anos, a China tem expandido sua infraestrutura de energia nuclear. Só em 2024, o país importou 13 mil toneladas de urânio natural.

A produção interna, no entanto, é muito menor: cerca de 1.700 toneladas.

Com o consumo aumentando, a Agência Internacional de Energia Atômica estima que a demanda chinesa vai ultraar 40 mil toneladas até 2040.

As minas atuais não conseguem acompanhar esse ritmo. Por isso, os cientistas aram a olhar para uma fonte menos convencional: o oceano.

Estima-se que a água do mar contenha até 4,5 bilhões de toneladas de urânio. Isso é mil vezes mais do que as reservas em terra.

O desafio da extração

Apesar da abundância, extrair urânio do mar não é fácil. A concentração de urânio na água é muito baixa — cerca de 3,3 miligramas por tonelada.

Outro problema é a presença de vanádio, um metal com propriedades químicas parecidas com o urânio. Separar os dois exige um processo complexo e caro.

Foi justamente nesse ponto que os cientistas chineses concentraram seus esforços. O objetivo era tornar esse processo de separação mais eficiente e viável em larga escala.

A tecnologia que muda o jogo

A inovação veio do Frontiers Science Centre for Rare Isotopes, da Universidade de Lanzhou. A equipe liderada pelo professor Pan Duoqiang desenvolveu um material que melhora em 40 vezes a separação entre urânio e vanádio.

A nova tecnologia consegue capturar seletivamente os íons de urânio e ignorar os de vanádio.

O estudo foi publicado na revista Nature Communications no início de abril. Segundo os pesquisadores, essa descoberta pode garantir à China um suprimento estável e independente de urânio por muitas décadas.

MOFs: a chave do avanço

A base da inovação está nas chamadas estruturas metal-orgânicas, ou MOFs. São compostos que combinam elementos orgânicos e inorgânicos.

Eles possuem superfícies muito grandes e estruturas ajustáveis, ideais para a captura seletiva de elementos como o urânio.

Porém, os MOFs tradicionais têm limitações. Quando projetados com precisão demais, acabam perdendo área de superfície e reduzindo os pontos ativos. Para contornar isso, os cientistas adicionaram moléculas chamadas DAE (difeniletileno) aos MOFs.

Essas moléculas reagem à luz ultravioleta e conseguem alterar o tamanho dos poros do material. Com isso, os MOFs se tornam mais adaptáveis e eficientes.

Testes em água real e simulada

O novo material, chamado DAE-MOF, foi testado tanto em água do mar simulada quanto em amostras reais. Em ambas as situações, o desempenho foi impressionante. O material conseguiu adsorver 588 miligramas de urânio por grama e obteve um fator de separação urânio-vanádio de 215. Isso supera todos os materiais já testados até hoje.

Os resultados animaram os pesquisadores, que agora buscam adaptar a tecnologia para uso em grande escala.

Superando o Japão

Durante décadas, o Japão liderou a corrida pela extração de urânio do mar. Entre os anos 1980 e 1990, o país conseguiu extrair 1 quilo de concentrado de urânio em testes no oceano — o maior rendimento até então.

Mas a China começou a mudar esse cenário. Em 2019, a estatal China National Nuclear Corporation formou uma aliança com 14 institutos de pesquisa.

Juntos, criaram a Seawater Uranium Extraction Technology Innovation Alliance, com metas ousadas para os próximos 30 anos.

Planos até 2050

A primeira fase do plano chinês vai até 2025 e busca igualar o feito do Japão. A meta é extrair urânio no nível de quilo em condições reais.

Depois disso, a expectativa é construir uma planta de demonstração com capacidade de tonelada até 2035. Por fim, até 2050, o objetivo é iniciar uma produção industrial contínua.

Se cumprir o cronograma, a China pode se tornar o primeiro país do mundo a transformar a extração de urânio do mar em uma operação viável e estável.

O material DAE-MOF agora é visto como peça central nessa jornada.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail [email protected].

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