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Pesquisa global revela que grandes companhias priorizam regiões com matriz renovável, pressionando países fósseis a acelerar transição ou enfrentar fuga de investimentos e perda de competitividade.
Empresas de médio e grande porte estão cada vez mais propensas a escolher regiões com maior oferta de energia renovável como destino de suas operações. A tendência, apontada por uma pesquisa global inédita, acende um alerta para governos de países com matriz elétrica ainda dominada por combustíveis fósseis, que podem enfrentar uma crescente fuga de investimentos nos próximos anos.
O estudo foi realizado com mais de 1.400 executivos de empresas privadas e públicas de 15 países, abrangendo setores diversos da economia. A pesquisa foi encomendada por três entidades ligadas à transição energética: o think tank E3G, a Beyond Fossil Fuels e a We Mean Business Coalition.
Transição energética se torna prioridade para líderes empresariais
Segundo os dados, 90% dos executivos afirmaram que o o a fontes renováveis é prioridade na hora de tomar decisões sobre novos investimentos. Adicionalmente, 62% disseram que consideram mudar operações e 68% pretendem transferir cadeias de fornecimento para regiões com oferta mais ampla de energia renovável.
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Os resultados indicam que, ao contrário do que se supunha, o setor empresarial demonstra forte interesse em acelerar a transição energética. Mais do que adaptação à regulação ambiental, os líderes veem a mudança como parte estratégica do negócio, associando a adoção de fontes renováveis a benefícios como segurança energética (75%), redução de custos com eletricidade (50%) e aumento da lucratividade (42%).
Fuga de investimentos preocupa países com matriz fóssil
A pesquisa revela um cenário em que regiões dependentes de combustíveis fósseis, como carvão e gás natural, correm o risco de enfrentar fuga de investimentos, caso não avancem em políticas que incentivem a transição energética. Governos que não priorizarem o desenvolvimento e financiamento de projetos com foco em fontes renováveis podem ver empregos e investimentos migrarem para países mais preparados.
Do total de entrevistados, 97% afirmaram apoiar uma transição energética baseada em energia renovável. Além disso, 78% desejam que esse processo ocorra até 2035 ou antes. Já 67% defenderam o fechamento de usinas a carvão e a substituição por energia limpa, sem construção de novas infraestruturas baseadas em gás fóssil.
Esses dados reforçam que a energia renovável deixou de ser vista apenas como uma alternativa ambientalmente correta e ou a integrar o planejamento estratégico de empresas que buscam competitividade, estabilidade de fornecimento e alinhamento com metas climáticas.
Empresas planejam gerar sua própria energia renovável
O levantamento também mostra que a adoção de medidas concretas já está em andamento. Cerca de 43% das empresas consultadas pretendem descarbonizar completamente suas operações até 2030, enquanto 27% planejam alcançar esse objetivo até 2035.
Cerca de 93% dos executivos disseram que estão considerando investir na geração própria de energia renovável nos próximos anos. A opção por montar sistemas próprios, como usinas solares ou parques eólicos privados, reflete uma busca por autonomia energética e pela redução de riscos relacionados à instabilidade de redes elétricas locais.
Solar e eólica lideram preferências entre fontes renováveis
Ao serem questionados sobre quais tecnologias preferem dentro do universo das renováveis, 85% dos entrevistados destacaram o desejo de ver seus países priorizando investimentos em energia solar e eólica. As duas fontes aparecem como as mais viáveis em termos de custo, escalabilidade e aplicação direta às operações industriais e comerciais.
Apesar do entusiasmo, os executivos também apontaram obstáculos que dificultam a transição. O principal desafio identificado foi o alto custo inicial de instalação de sistemas de energia renovável, mencionado por 46% dos participantes. Outros entraves citados foram a ausência de infraestrutura de transmissão e armazenamento (38%) e a limitação da oferta de eletricidade limpa no mercado (37%).
Falta de financiamento é gargalo para governos
Além dos desafios internos às empresas, a pesquisa também investigou os principais entraves enfrentados pelos governos para acelerar a transição energética. O ponto mais crítico, segundo os entrevistados, é a falta de financiamento às renováveis, apontada por 36% como o maior obstáculo nacional.
Outros problemas destacados foram a ausência de metas e políticas claras para substituição de fósseis por fontes renováveis (35%) e a dificuldade de apoio financeiro e social às comunidades afetadas pelo fechamento de minas de carvão ou outras estruturas ligadas à energia fóssil (34%).
Especialistas que participaram da análise dos dados indicam que, se essas barreiras não forem superadas, os países mais lentos na transição podem perder competitividade global. A fuga de investimentos para regiões com matriz elétrica mais limpa pode comprometer não apenas a atração de novas empresas, mas também provocar a saída de operações já estabelecidas.
Empresas pedem políticas públicas mais firmes
Em resposta aos desafios identificados, os líderes empresariais ouvidos no estudo pedem ações mais concretas dos governos. As empresas esperam diretrizes regulatórias mais firmes, incentivos fiscais e linhas de crédito que reduzam o custo de implementação de projetos com energia renovável.
Existe uma demanda crescente por parcerias entre setor público e privado para viabilizar infraestrutura de transmissão, armazenamento de energia e desenvolvimento de mão de obra qualificada para operar os novos sistemas baseados em renováveis.
A pesquisa também aponta que os executivos enxergam a transição energética não apenas como uma medida ambiental, mas como um diferencial competitivo. Com a energia renovável ganhando centralidade nas decisões de investimento, a corrida entre países pela liderança no setor tende a se intensificar nos próximos anos.
Brasil pode se beneficiar, mas depende de investimentos e políticas públicas
Para o Brasil, que já conta com uma matriz elétrica majoritariamente renovável, os dados do estudo representam uma oportunidade. No entanto, especialistas alertam que o país precisa ampliar sua infraestrutura de transmissão, investir em armazenamento energético e garantir previsibilidade regulatória para atrair empresas interessadas em energia renovável.
Caso contrário, mesmo com alto potencial em fontes como solar, eólica e biomassa, o país pode ficar atrás de outros mercados que ofereçam mais segurança e incentivos para quem busca migrar de fontes fósseis para renováveis.
Fonte: Portal Solar
