Setores que mais empregam alertam o governo sobre juros altos no consignado com FGTS e temem aumento das demissões e da informalidade
Empresários de setores que dependem fortemente da mão de obra, especialmente os donos de supermercados, estão preocupados com os rumos do crédito consignado com garantia do FGTS.
Segundo informações Lauro Jardim, do O Globo, o alerta foi levado diretamente a ministros do governo.
Eles classificam a situação como uma “bomba-relógio” que pode explodir a qualquer momento no mercado de trabalho formal.
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O programa, criado com o objetivo de oferecer crédito mais barato ao trabalhador, acabou desregulado em várias regiões do país.
Em alguns casos, os juros chegam a 15% ao mês, algo muito distante do que se esperava de uma linha de financiamento com desconto em folha e garantia do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Essa escalada nas taxas e o aumento do comprometimento da renda dos trabalhadores são vistos por empresários como um risco real de colapso.
Eles temem que muitos empregados formais optem por pedir demissão e migrar para a informalidade, em busca de renda imediata sem descontos automáticos.
Crédito com desconto em folha perde controle
A proposta do crédito consignado com FGTS era facilitar o o a empréstimos com juros mais baixos.
Como o pagamento é feito diretamente da folha, o risco para o banco diminui, e isso, em tese, permitiria uma redução nas taxas.
No entanto, a realidade relatada pelos empresários mostra o contrário.
Em alguns locais, os juros ultraam 15% ao mês.
Essa alta inviabiliza o equilíbrio financeiro do trabalhador que, após os descontos em folha, recebe um valor reduzido, comprometendo o sustento da família e o interesse pela permanência no emprego formal.
A consequência direta é o aumento nos pedidos de demissão. Muitos trabalhadores, ao verem que o salário praticamente desaparece após os descontos do consignado, podem preferir sair do emprego e buscar alternativas na informalidade.
Supermercados e setores de mão de obra sentem os efeitos
O alerta parte principalmente de empresários de setores intensivos em mão de obra, como supermercados.
Esses empregadores estão acompanhando de perto o comportamento dos funcionários e relatam que o comprometimento com dívidas do consignado está se tornando uma das principais causas de demissão voluntária.
A informalidade, que já é um desafio crônico no Brasil, pode se agravar ainda mais.
Os empresários temem que, com a continuidade desse modelo sem revisão, haja uma fuga em massa de trabalhadores da carteira assinada para formas de trabalho sem vínculo formal.
Esse movimento tende a afetar diretamente setores que precisam de grande número de funcionários para o funcionamento diário, como redes de supermercados, serviços de limpeza, segurança e logística. Sem controle, a situação pode gerar instabilidade no funcionamento dessas atividades.
Modelo criado para ajudar gera efeito contrário
A crítica dos empresários se concentra na falta de regulação efetiva e na forma como a proposta inicial do crédito consignado com FGTS foi executada.
O modelo, que deveria oferecer uma solução de crédito mais ível, está criando um ciclo de endividamento difícil de sustentar.
O problema começa no fácil o ao crédito. Como o pagamento é garantido por desconto automático, trabalhadores conseguem aprovação com mais rapidez, mesmo sem fazer um planejamento financeiro adequado.
Isso tem levado muitos a comprometer até o limite da margem consignável, deixando pouco espaço para imprevistos ou necessidades básicas.
Além disso, o contrato do consignado com garantia do FGTS permite que, em caso de demissão, a multa rescisória de 40% seja usada integralmente para quitar o saldo da dívida.
Essa medida, pensada como proteção ao sistema, acaba deixando o trabalhador ainda mais desamparado ao perder o emprego.