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Ele não tem estômago, é venenoso, caça com eletricidade, brilha no escuro e desafia a evolução: o ornitorrinco é o animal mais intrigante já registrado pela ciência

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 08/06/2025 às 06:31
Atualizado em 09/06/2025 às 09:57
Ele não tem estômago, é venenoso, caça com eletricidade, brilha no escuro, tem 10 cromossomos sexuais e desafia a evolução o ornitorrinco
Foto: Gerada por IA +ADobe
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Descubra tudo sobre o ornitorrinco, o animal mais estranho do mundo: um mamífero que bota ovos, não tem estômago, é venenoso, caça com eletricidade e ainda brilha no escuro. A biologia nunca viu nada igual.

Quando os primeiros exploradores britânicos enviaram peles de ornitorrinco à Europa no século XIX, muitos cientistas acreditaram se tratar de uma fraude. Afinal, como um mamífero que bota ovos, tem bico de pato, cauda de castor, patas de lontra e ainda glândulas de veneno poderia ser real? Mais de 200 anos depois, o ornitorrinco continua a intrigar a ciência — e com razão. Este animal desafia quase todas as regras da biologia moderna. Ele não tem estômago, usa sensores elétricos para caçar, possui 10 cromossomos sexuais (enquanto humanos têm apenas dois) e até brilha no escuro. Não é à toa que está entre os animais mais estranhos do mundo.

O ornitorrinco: um dos animais mais estranhos do mundo

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O ornitorrinco (nome científico Ornithorhynchus anatinus) é endêmico da Austrália e da Tasmânia. Ele vive em ambientes de água doce, como rios e riachos, onde constrói tocas nas margens. Apesar de parecer uma criatura mitológica, é um animal real e bem documentado — embora ainda envolto em muitos mistérios.

Os cientistas o classificam como um monotremado, um grupo raríssimo de mamíferos que inclui apenas o ornitorrinco e quatro espécies de equidnas. Os monotremados são os únicos mamíferos que põem ovos, uma característica que remonta à origem evolutiva dos mamíferos.

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Mamífero que bota ovos: uma exceção à regra

Uma das características mais inusitadas do ornitorrinco é que, embora seja um mamífero, ele não dá à luz filhotes vivos — em vez disso, põe ovos. Após um período de incubação de cerca de 10 dias, os ovos eclodem, e os filhotes são alimentados com leite produzido por glândulas mamárias, mas sem mamilos: o leite escorre por sulcos na pele da mãe.

Isso torna o ornitorrinco um dos poucos representantes vivos de um estágio evolutivo intermediário entre répteis e mamíferos modernos.

Animal sem estômago: como ele digere?

Outro fato surpreendente: o ornitorrinco não possui estômago. Isso mesmo. Ele não tem ácido gástrico nem uma câmara estomacal como a maioria dos vertebrados.

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Em vez disso, seu esôfago se conecta diretamente ao intestino. Essa condição é raríssima e compartilhada apenas por alguns outros peixes e anfíbios. Os cientistas acreditam que o ornitorrinco perdeu o estômago ao longo da evolução porque sua dieta, composta basicamente de pequenos invertebrados aquáticos, não exige digestão ácida.

Caça com eletricidade: um radar natural

Durante a caça subaquática, o ornitorrinco fecha os olhos, as narinas e os ouvidos. Isso levanta a pergunta: como ele enxerga suas presas? A resposta está em um dos sentidos mais fascinantes do reino animal: a eletrolocalização.

O ornitorrinco usa sensores eletrorreceptores localizados em seu bico para detectar os campos elétricos gerados pelos movimentos musculares das presas, como pequenos camarões e insetos aquáticos. Essa habilidade funciona como uma espécie de “radar biológico”, permitindo que ele capture alimento no escuro total.

Ornitorrinco venenoso: um mamífero com ferrão

Poucos sabem, mas o ornitorrinco é um dos raros mamíferos venenosos conhecidos. Os machos possuem um esporão nas patas traseiras conectado a uma glândula de veneno, ativo principalmente na época do acasalamento.

Esse veneno não é letal para humanos, mas pode causar dor intensa e inchaço que duram semanas. Estudos mostraram que o veneno possui uma composição complexa, com proteínas que ainda estão sendo investigadas para possíveis usos médicos.

Ele brilha no escuro: a bioluminescência invisível

Em 2020, um estudo da Mammalia Journal revelou que o ornitorrinco apresenta biofluorescência — ou seja, brilha no escuro sob luz ultravioleta. Seus pelos emitem uma luz azul-esverdeada, um fenômeno antes observado apenas em algumas aves, peixes e anfíbios.

Ornitorrinco brilha como água-marinha sob luz ultravioleta – Créditos: Reddit

A função evolutiva dessa característica ainda não está clara, mas os cientistas especulam que possa estar relacionada à comunicação entre indivíduos ou à camuflagem.

Dez cromossomos sexuais: um quebra-cabeça genético

Enquanto humanos possuem dois cromossomos sexuais (X e Y), o ornitorrinco tem dez: cinco X e cinco Y, organizados em um formato de cadeia durante a reprodução.

Esse sistema único desconcerta os cientistas. Parte dos genes sexuais do ornitorrinco é semelhante aos encontrados em aves, o que sugere que os mamíferos atuais e os monotremados divergiram há mais de 160 milhões de anos. É como se o ornitorrinco tivesse congelado um capítulo antigo da evolução.

Outras curiosidades do ornitorrinco

  • Não tem dentes: embora nasça com dentes, eles caem antes da idade adulta. Os adultos trituram alimentos com placas córneas no bico.
  • Nada como um submarino: com patas palmadas e uma cauda achatada, ele é um excelente nadador, podendo ficar submerso por até dois minutos.
  • É silencioso: o ornitorrinco raramente vocaliza, o que dificulta sua observação na natureza.
  • Ameaças à espécie: apesar de não estar classificado como ameaçado de extinção, seu habitat vem sendo degradado por mudanças climáticas e poluição dos rios australianos.

Por que o ornitorrinco fascina tanto a ciência?

O ornitorrinco é considerado por muitos o animal mais estranho do mundo porque desafia diversas fronteiras taxonômicas. Ele é um verdadeiro “Frankenstein” da natureza, reunindo traços de répteis, aves e mamíferos. Por isso, é usado como modelo em diversas áreas da ciência:

  • Evolução dos mamíferos
  • Estudos de veneno para fins farmacêuticos
  • Pesquisa em genética comparada
  • Sistemas sensoriais avançados

Além disso, seu genoma foi completamente sequenciado em 2008, revelando mais de 18 mil genes, muitos deles híbridos de classes animais diferentes.

O ornitorrinco na cultura popular

Por mais bizarro que pareça, o ornitorrinco ganhou fama na cultura pop graças ao personagem Perry, o Ornitorrinco, do desenho “Phineas e Ferb”. A série ajudou a divulgar o animal para novas gerações, embora de forma caricatural.

Na tradição aborígine australiana, o ornitorrinco também possui um papel simbólico, muitas vezes visto como um ser sagrado por sua singularidade.

O ornitorrinco não é apenas um animal exótico da Austrália. Ele é um enigma vivo da biologia moderna, reunindo traços que desafiam a categorização científica. Entre os animais mais estranhos do mundo, ele se destaca não apenas pela aparência, mas por seu comportamento, genética e capacidades sensoriais quase inacreditáveis.

Se existe uma criatura que prova que a evolução é um processo cheio de surpresas e adaptações improváveis, essa criatura é o ornitorrinco.

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Eudessoaresbarboza
Eudessoaresbarboza
09/06/2025 20:29

Excelente trabalho sobre uma espécie de mamífero que é um elo notável de evolução das espécies
Parabéns pelo conteúdo científico

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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