Descubra tudo sobre o ornitorrinco, o animal mais estranho do mundo: um mamífero que bota ovos, não tem estômago, é venenoso, caça com eletricidade e ainda brilha no escuro. A biologia nunca viu nada igual.
Quando os primeiros exploradores britânicos enviaram peles de ornitorrinco à Europa no século XIX, muitos cientistas acreditaram se tratar de uma fraude. Afinal, como um mamífero que bota ovos, tem bico de pato, cauda de castor, patas de lontra e ainda glândulas de veneno poderia ser real? Mais de 200 anos depois, o ornitorrinco continua a intrigar a ciência — e com razão. Este animal desafia quase todas as regras da biologia moderna. Ele não tem estômago, usa sensores elétricos para caçar, possui 10 cromossomos sexuais (enquanto humanos têm apenas dois) e até brilha no escuro. Não é à toa que está entre os animais mais estranhos do mundo.
O ornitorrinco: um dos animais mais estranhos do mundo
O ornitorrinco (nome científico Ornithorhynchus anatinus) é endêmico da Austrália e da Tasmânia. Ele vive em ambientes de água doce, como rios e riachos, onde constrói tocas nas margens. Apesar de parecer uma criatura mitológica, é um animal real e bem documentado — embora ainda envolto em muitos mistérios.
Os cientistas o classificam como um monotremado, um grupo raríssimo de mamíferos que inclui apenas o ornitorrinco e quatro espécies de equidnas. Os monotremados são os únicos mamíferos que põem ovos, uma característica que remonta à origem evolutiva dos mamíferos.
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Mamífero que bota ovos: uma exceção à regra
Uma das características mais inusitadas do ornitorrinco é que, embora seja um mamífero, ele não dá à luz filhotes vivos — em vez disso, põe ovos. Após um período de incubação de cerca de 10 dias, os ovos eclodem, e os filhotes são alimentados com leite produzido por glândulas mamárias, mas sem mamilos: o leite escorre por sulcos na pele da mãe.
Isso torna o ornitorrinco um dos poucos representantes vivos de um estágio evolutivo intermediário entre répteis e mamíferos modernos.
Animal sem estômago: como ele digere?
Outro fato surpreendente: o ornitorrinco não possui estômago. Isso mesmo. Ele não tem ácido gástrico nem uma câmara estomacal como a maioria dos vertebrados.
Em vez disso, seu esôfago se conecta diretamente ao intestino. Essa condição é raríssima e compartilhada apenas por alguns outros peixes e anfíbios. Os cientistas acreditam que o ornitorrinco perdeu o estômago ao longo da evolução porque sua dieta, composta basicamente de pequenos invertebrados aquáticos, não exige digestão ácida.
Caça com eletricidade: um radar natural
Durante a caça subaquática, o ornitorrinco fecha os olhos, as narinas e os ouvidos. Isso levanta a pergunta: como ele enxerga suas presas? A resposta está em um dos sentidos mais fascinantes do reino animal: a eletrolocalização.
O ornitorrinco usa sensores eletrorreceptores localizados em seu bico para detectar os campos elétricos gerados pelos movimentos musculares das presas, como pequenos camarões e insetos aquáticos. Essa habilidade funciona como uma espécie de “radar biológico”, permitindo que ele capture alimento no escuro total.
Ornitorrinco venenoso: um mamífero com ferrão
Poucos sabem, mas o ornitorrinco é um dos raros mamíferos venenosos conhecidos. Os machos possuem um esporão nas patas traseiras conectado a uma glândula de veneno, ativo principalmente na época do acasalamento.
Esse veneno não é letal para humanos, mas pode causar dor intensa e inchaço que duram semanas. Estudos mostraram que o veneno possui uma composição complexa, com proteínas que ainda estão sendo investigadas para possíveis usos médicos.
Ele brilha no escuro: a bioluminescência invisível
Em 2020, um estudo da Mammalia Journal revelou que o ornitorrinco apresenta biofluorescência — ou seja, brilha no escuro sob luz ultravioleta. Seus pelos emitem uma luz azul-esverdeada, um fenômeno antes observado apenas em algumas aves, peixes e anfíbios.
A função evolutiva dessa característica ainda não está clara, mas os cientistas especulam que possa estar relacionada à comunicação entre indivíduos ou à camuflagem.
Dez cromossomos sexuais: um quebra-cabeça genético
Enquanto humanos possuem dois cromossomos sexuais (X e Y), o ornitorrinco tem dez: cinco X e cinco Y, organizados em um formato de cadeia durante a reprodução.
Esse sistema único desconcerta os cientistas. Parte dos genes sexuais do ornitorrinco é semelhante aos encontrados em aves, o que sugere que os mamíferos atuais e os monotremados divergiram há mais de 160 milhões de anos. É como se o ornitorrinco tivesse congelado um capítulo antigo da evolução.
Outras curiosidades do ornitorrinco
- Não tem dentes: embora nasça com dentes, eles caem antes da idade adulta. Os adultos trituram alimentos com placas córneas no bico.
- Nada como um submarino: com patas palmadas e uma cauda achatada, ele é um excelente nadador, podendo ficar submerso por até dois minutos.
- É silencioso: o ornitorrinco raramente vocaliza, o que dificulta sua observação na natureza.
- Ameaças à espécie: apesar de não estar classificado como ameaçado de extinção, seu habitat vem sendo degradado por mudanças climáticas e poluição dos rios australianos.
Por que o ornitorrinco fascina tanto a ciência?
O ornitorrinco é considerado por muitos o animal mais estranho do mundo porque desafia diversas fronteiras taxonômicas. Ele é um verdadeiro “Frankenstein” da natureza, reunindo traços de répteis, aves e mamíferos. Por isso, é usado como modelo em diversas áreas da ciência:
- Evolução dos mamíferos
- Estudos de veneno para fins farmacêuticos
- Pesquisa em genética comparada
- Sistemas sensoriais avançados
Além disso, seu genoma foi completamente sequenciado em 2008, revelando mais de 18 mil genes, muitos deles híbridos de classes animais diferentes.
O ornitorrinco na cultura popular
Por mais bizarro que pareça, o ornitorrinco ganhou fama na cultura pop graças ao personagem Perry, o Ornitorrinco, do desenho “Phineas e Ferb”. A série ajudou a divulgar o animal para novas gerações, embora de forma caricatural.
Na tradição aborígine australiana, o ornitorrinco também possui um papel simbólico, muitas vezes visto como um ser sagrado por sua singularidade.
O ornitorrinco não é apenas um animal exótico da Austrália. Ele é um enigma vivo da biologia moderna, reunindo traços que desafiam a categorização científica. Entre os animais mais estranhos do mundo, ele se destaca não apenas pela aparência, mas por seu comportamento, genética e capacidades sensoriais quase inacreditáveis.
Se existe uma criatura que prova que a evolução é um processo cheio de surpresas e adaptações improváveis, essa criatura é o ornitorrinco.
Excelente trabalho sobre uma espécie de mamífero que é um elo notável de evolução das espécies
Parabéns pelo conteúdo científico