1. Início
  2. / Curiosidades
  3. / Perdidas e ainda letais: a história das bombas nucleares que os EUA extraviaram — uma delas pode estar intacta até hoje no fundo do oceano
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Perdidas e ainda letais: a história das bombas nucleares que os EUA extraviaram — uma delas pode estar intacta até hoje no fundo do oceano

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 04/06/2025 às 18:30
Atualizado em 06/06/2025 às 11:12
Perdidas e ainda letais a história das bombas nucleares que os EUA extraviaram — uma delas pode estar intacta até hoje no fundo do oceano
Imagem gerada por inteligência artificial

Três bombas nucleares foram perdidas pelos EUA — uma permanece desaparecida até hoje. Os casos revelam falhas alarmantes em tempos de guerra fria e o perigo oculto por trás do poder atômico.

Durante a Guerra Fria, enquanto a corrida armamentista aumentava a tensão entre as potências mundiais, os Estados Unidos protagonizaram uma série de incidentes que até hoje intrigam o mundo. Em diferentes ocasiões, o país perdeu bombas nucleares em território próprio e em regiões remotas do planeta. Esses casos, conhecidos oficialmente como “Broken Arrow”, revelam falhas graves no manuseio de armamentos com potencial devastador.

De acordo com registros militares, o termo Broken Arrow é usado para descrever um acidente envolvendo armas nucleares que não resulta em guerra iminente. Ainda assim, os riscos ambientais, humanos e diplomáticos são elevados. Três episódios marcantes envolvem o desaparecimento ou quase detonação de bombas nucleares nos estados da Geórgia e Carolina do Norte, além de um acidente sobre o Mar da Groenlândia.

Tybee Island (1958): a bomba que ainda pode estar no fundo do mar

Em 5 de fevereiro de 1958, um bombardeiro B-47 Stratojet da Força Aérea dos EUA realizava um exercício de treinamento noturno sobre o estado da Geórgia. A aeronave carregava uma bomba nuclear Mark 15, pesando mais de 3 toneladas. Durante a simulação, o B-47 colidiu com um caça F-86.

Dia
Xaomi 14T Pro tá um absurdo de potente e barato! Corre na Shopee e garanta o seu agora!
Ícone de Episódios Comprar

Para preservar a tripulação e estabilizar a aeronave danificada, o comandante decidiu lançar a bomba no mar, nas proximidades de Tybee Island. Apesar de buscas subsequentes, o artefato nunca foi recuperado. Estima-se que esteja a dezenas de metros de profundidade no leito do Atlântico.

YouTube Video

O governo afirmou que a bomba não estava armada com o núcleo de plutônio. No entanto, documentos desclassificados em 2001 revelaram que essa versão pode não ser inteiramente verdadeira. Até hoje, o caso de Tybee Island continua sem solução, sendo um dos exemplos mais inquietantes de bombas nucleares desaparecidas em tempos de paz.

Goldsboro (1961): por pouco os EUA não destruíram a Carolina do Norte

Em 24 de janeiro de 1961, um B-52 Stratofortress que sobrevoava a cidade de Goldsboro, na Carolina do Norte, sofreu uma falha estrutural em pleno voo. A aeronave carregava duas bombas nucleares Mark 39, cada uma com capacidade destrutiva equivalente a mais de 250 vezes a de Hiroshima.

Durante a queda, uma das bombas se armou parcialmente. Seu paraquedas foi acionado e o dispositivo caiu suavemente em uma fazenda. A outra caiu em queda livre e foi completamente destruída no impacto. Investigações posteriores indicaram que três dos quatro sistemas de segurança da bomba armada falharam. Apenas um interruptor, por acaso desligado, impediu uma explosão nuclear.

Especialistas consideram esse um dos incidentes mais graves da história nuclear americana. O então secretário de Defesa dos EUA reconheceu que o país esteve a “um fio” de causar uma catástrofe de proporções inimagináveis em seu próprio território.

Thule (1968): contaminação nuclear no Ártico

Em 21 de janeiro de 1968, mais um Broken Arrow ocorreu, desta vez em território estrangeiro. Um B-52G sobrevoava a região da base aérea de Thule, na Groenlândia, como parte da missão “Chrome Dome”, que mantinha aeronaves com armas nucleares no ar para pronta resposta.

Durante o voo, um incêndio se alastrou na cabine, forçando a tripulação a abandonar a aeronave. O avião caiu sobre o gelo do mar congelado, carregando quatro bombas nucleares B28. A colisão detonou os explosivos convencionais dentro dos artefatos, dispersando material radioativo por toda a área.

A operação de limpeza, chamada “Crested Ice”, durou meses. Soldados e civis trabalharam sob temperaturas extremas para recuperar os destroços e conter a contaminação. Apesar dos esforços, partes de uma das bombas nunca foram encontradas. A preocupação ambiental persiste até hoje.

YouTube Video

Quantas bombas nucleares os EUA já perderam?

Segundo dados divulgados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, entre 1950 e 1980 ocorreram mais de 30 incidentes classificados como Broken Arrow. Em pelo menos seis deles, as bombas nunca foram recuperadas. Embora nem todos os dispositivos estivessem armados com carga completa, o simples risco de contaminação e as falhas logísticas colocam em xeque a segurança do arsenal nuclear americano durante a Guerra Fria.

Analistas apontam que esses incidentes permanecem envoltos em sigilo, com detalhes omitidos por razões de segurança nacional. A maior parte dos documentos oficiais foi desclassificada apenas décadas depois dos eventos, muitas vezes pressionada por jornalistas e pesquisadores.

Riscos e lições

Os casos de bombas nucleares perdidas expõem vulnerabilidades em sistemas considerados à época como invioláveis. As operações militares de transporte e patrulhamento aéreo com armamento ativo demonstraram que falhas humanas e técnicas podiam gerar consequências irreversíveis.

As Forças Armadas dos EUA reformularam seus protocolos de segurança nas décadas seguintes. Atualmente, a maioria dos voos com ogivas nucleares são s e altamente controlados. Ainda assim, os Broken Arrows seguem como alerta sobre os perigos do poder atômico fora de controle.

Inscreva-se
Entre com
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
s
Visualizar todos comentários
Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos íveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: [email protected]

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x