Expectativa de vida dependia do tamanho, tipo de metabolismo e ambiente em que viviam, dizem paleontólogos
A expectativa de vida dos dinossauros sempre despertou curiosidade. Eles viveram por décadas ou séculos? Morriam de velhice, doenças ou predação?
De acordo com Paul Barrett, paleontólogo e chefe de vertebrados fósseis no Museu de História Natural de Londres, a resposta está nos ossos — literalmente.
Contando os anos como árvores
Barrett explica que, ao analisar ossos de dinossauros no microscópio, é possível identificar anéis de crescimento, muito parecidos com os de árvores.
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Esses anéis se formam por conta de interrupções no crescimento causadas por fatores sazonais, como mudanças de temperatura e luz do dia.
A técnica permite calcular quantos anos o dinossauro esteve crescendo. Os anéis largos indicam crescimento rápido, enquanto os estreitos mostram períodos de crescimento lento.
Isso oferece uma estimativa do tempo que o animal viveu enquanto crescia, mas não revela quanto tempo ele sobreviveu após atingir a maturidade.
Crescimento veloz, vida breve
Ao contrário dos mamíferos, que param de crescer ao atingir a idade adulta, muitos dinossauros parecem ter morrido antes de alcançar o tamanho máximo.
Segundo Barrett, eles atingiam a idade reprodutiva rapidamente, se reproduziam e, muitas vezes, morriam logo em seguida. “Vivem rápido e morrem jovens”, resume o pesquisador.
Apesar disso, os dinossauros não apresentavam crescimento contínuo durante toda a vida, como crocodilos.
Alguns poucos fósseis mostram que o crescimento eventualmente parava, mas a maioria parece não ter vivido o suficiente para chegar a esse estágio.
O tamanho influencia a longevidade
Barrett destaca que, assim como nos animais atuais, há uma correlação entre o tamanho do animal e sua expectativa de vida.
Dinossauros gigantes, como os saurópodes, provavelmente levaram de 30 a 35 anos para alcançar seu tamanho máximo. Se conseguissem evitar doenças e predadores, poderiam viver mais alguns anos, talvez chegando aos 40 ou 50.
Já dinossauros menores, como os ornitópodes Dryosaurus e Hypsilophodon, atingiam o tamanho adulto por volta dos quatro ou cinco anos. Após esse período, a maioria morria em três ou quatro anos, a não ser que tivessem muita sorte.
O que causava a morte dos dinossauros?
As causas de morte não eram muito diferentes das dos animais atuais. Além da predação, os dinossauros morriam de doenças, fome, sede, acidentes naturais como enchentes, quedas de árvores e até raios. Barrett explica que a principal causa era mesmo a escassez de alimentos e água durante períodos de seca.
Por muito tempo, cientistas acreditaram que os dinossauros viviam séculos, como grandes tartarugas ou crocodilos. Mas as descobertas mais recentes mostram o contrário. Eles cresciam de forma acelerada e morriam cedo, mesmo os de grande porte.
Isso surpreendeu os pesquisadores. Dinossauros gigantescos, como os maiores saurópodes, chegavam a ter dez vezes o tamanho de um elefante. Ainda assim, não ultraavam os 50 anos. Essa constatação contrasta com a expectativa de vida de baleias-azuis e elefantes, que vivem por mais de 70 anos.
Expectativas derrubadas pelos ossos
O estudo dos anéis de crescimento nos ossos ajudou a mudar essa visão. O que antes era apenas suposição, agora é baseado em evidências concretas. A análise microscópica mostrou que os tecidos ósseos revelam ciclos de crescimento muito rápidos.
Essas novas informações derrubam antigos mitos sobre longevidade dos dinossauros. Barrett aponta que, embora esperássemos que criaturas tão grandes vivessem muito, a realidade parece ser outra: eles eram intensos e efêmeros, como astros do rock.
Uma das maiores surpresas da paleontologia moderna foi descobrir que os dinossauros não viviam tanto quanto se pensava.
Mesmo os maiores provavelmente não aram dos 50 anos. Um número pequeno, considerando seu tamanho.
Essa descoberta muda a forma como vemos esses animais do ado — gigantes velozes que dominaram a Terra, mas que não estavam aqui por tanto tempo quanto imaginávamos.