Imagens de satélite da NASA em 2022 revelaram uma vasta área branca no sul da Espanha, resultado de uma massiva descoberta de agricultores: um complexo de estufas visível do espaço.
Em julho de 2022, a Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA) divulgou fotos de satélite que chamaram a atenção global. Capturadas entre maio daquele ano, as imagens mostravam um imenso ponto branco no sul da Espanha, uma paisagem drasticamente diferente do verde predominante em décadas anteriores. Esta é a história da descoberta de agricultores que transformou a região.
Para os espanhóis, a mancha não era novidade: trata-se do “Mar de Plástico”, uma gigantesca concentração de estufas em Almeria, responsável por abastecer grande parte da Europa com alimentos. O que surpreendeu foi a dimensão da alteração na paisagem observada do espaço, fruto dessa engenhosa descoberta de agricultores.
Imagens de satélite revelam mancha branca incomum no sul da Espanha
As fotografias do satélite Landsat, divulgadas pela NASA, mostraram uma estrutura quase única formada por inúmeros pontos brancos. A comparação com registros antigos evidenciou uma transformação radical na região de Almeria, antes conhecida por suas praias e pelo único deserto da Europa, o Deserto de Tabernas, que inclusive serviu de cenário para filmes de faroeste.
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A origem do “Mar de Plástico”: uma transformação agrícola em Almeria
Apesar da superfície árida, Almeria possui significativas reservas de água subterrânea. A exploração em larga escala começou por volta de 1920, com a chegada da energia elétrica. Na década de 1950, a região já produzia azeitonas, cevada e uvas de mesa. A grande mudança teve início em 1963, com a construção da primeira estufa, uma estrutura simples de madeira e plástico.
Inicialmente houve resistência, mas uma forte chuva em 1973, que destruiu lavouras, impulsionou a adoção das estufas com ajuda governamental. Aos poucos, o cultivo de tomate, pepino e outras hortaliças substituiu a uva, e a área coberta por estufas cresceu exponencialmente, especialmente a partir dos anos 80.
Impacto e controvérsias da descoberta de agricultores
Hoje, são mais de 40.000 hectares de estufas em Almeria, formando o que muitos consideram a maior estrutura construída pelo homem na Terra, visível a olho nu da Lua. Esta impressionante descoberta de agricultores transformou El Ejido na cidade que mais cresceu na Europa por um período e converteu a região na “horta da Europa”, exportando mais de 80% de sua produção.
A agricultura em estufas representa 13% do PIB da província de Almeria, chegando a 40% quando consideradas atividades relacionadas. Surpreendentemente, a maior parte das cerca de 12.500 propriedades é familiar. Contudo, o sucesso tem um preço: o alto consumo de água ameaça as reservas subterrâneas, e a geração de resíduos plásticos é um problema ambiental, com parte acabando no Mar Mediterrâneo. Há também graves denúncias de exploração de mão de obra imigrante em condições precárias.
Um fenômeno climático local e o debate sobre o futuro das estufas
Curiosamente, estudiosos da Universidade de Almeria descobriram que a região é a única na Espanha que não registrou aumento de temperatura desde 1980. Nos últimos cinco anos, a temperatura local até caiu ligeiramente, um efeito atribuído à reflexão da luz solar pelas estufas.
Este modelo agrícola gera intenso debate na Espanha, opondo os benefícios econômicos e o desenvolvimento regional aos impactos ambientais e sociais. A “descoberta de agricultores” que chamou a atenção da NASA continua a ser um exemplo complexo das transformações que a atividade humana pode impor ao planeta.