P&G anuncia corte de 7 mil funcionários e reestruturação global. Medida drástica pode abalar o setor e afetar diretamente o consumidor.
A Procter & Gamble (P&G), líder global no setor de bens de consumo, anunciou nesta quinta-feira (5) um plano de reestruturação que resultará no corte de aproximadamente 7.000 empregos, o equivalente a cerca de 6% de sua força de trabalho total.
A decisão faz parte de uma estratégia para enfrentar um cenário de demanda instável, custos em alta e tensões comerciais globais, que afetam diretamente a lucratividade da companhia.
De acordo com executivos da P&G, em uma conferência realizada pelo Deutsche Bank em Paris, a empresa também deve descontinuar algumas categorias de produtos e marcas em mercados específicos.
-
Brasil na rota da guerra? Reino Unido revela plano militar e surpreende ao destacar Forças Armadas brasileiras como aliado estratégico
-
Você não vai mais trabalhar no feriado? Governo muda regras para trabalho em feriados: entenda o que vai valer em julho
-
Você é um analfabeto de IA? A nova ‘ignorância digital’ que ameaça empresas e funcionários, principalmente os mais jovens – O problema não é a IA – é como você fala com ela
-
Não é só a China! Lula diz que Brasil terá investimento de R$ 100 bilhões da França em setores como energia, transportes e indústria
Além disso, é possível que haja desinvestimentos estratégicos, embora detalhes não tenham sido divulgados até o momento.
cenário delicado para o consumo global
Esse movimento ocorre em um momento delicado para o consumo global, marcado pela expectativa de retração nos gastos dos consumidores em 2025, influenciada pela inflação persistente e pela instabilidade econômica.
Segundo os gestores da P&G, a reestruturação é uma aceleração da estratégia atual, com o objetivo de tornar a companhia mais ágil e competitiva diante dos desafios de mercado.
A simplificação da estrutura organizacional será uma das prioridades, com a ampliação das funções e a redução do tamanho das equipes, uma medida que, conforme a empresa, visa aumentar a eficiência operacional.
Em junho de 2024, a P&G empregava cerca de 108 mil colaboradores globalmente, sendo que os cortes previstos afetarão aproximadamente 15% da força de trabalho não industrial da empresa.
ajuste no portfólio e cadeia de suprimentos
Além das demissões, a P&G planeja vender certas marcas para otimizar sua cadeia de suprimentos e reduzir custos, um o crucial para manter a competitividade em um ambiente de pressões econômicas crescentes.
A guerra comercial iniciada em 2018 pelos Estados Unidos, sob a istração do ex-presidente Donald Trump, impactou severamente o setor, especialmente empresas que dependem de importações da China, como a P&G.
A companhia importa ingredientes, materiais para embalagens e produtos acabados da China para o mercado norte-americano, que é o maior consumidor da empresa.
As tarifas elevadas resultaram em custos mais altos e uma queda significativa nas vendas.
Segundo análise da Reuters, as tensões comerciais custaram mais de US$ 34 bilhões em vendas perdidas e custos adicionais para as empresas americanas, um valor que continua a crescer.
Esse cenário pressionou as gigantes globais de bens de consumo a revisarem suas estratégias, buscando reduzir gastos e ajustar portfólios para proteger margens e assegurar a sustentabilidade dos negócios.
concorrência e inovação no setor
A concorrência com outras grandes empresas do setor, como a Unilever, também intensificou a necessidade de ajustes rápidos e assertivos.
Ambas enfrentam a mesma realidade de inflação, mudanças no comportamento do consumidor e aumento dos custos de produção.
Especialistas do mercado ressaltam que a decisão da P&G reflete uma tendência crescente no setor: a busca por maior foco em segmentos rentáveis e a eliminação de linhas menos lucrativas ou com baixa aceitação no mercado.
Essa estratégia não só ajuda a equilibrar as finanças, mas também contribui para acelerar a inovação e o desenvolvimento de produtos que atendam às novas demandas dos consumidores, que estão cada vez mais conscientes sobre sustentabilidade e qualidade.
Além disso, a digitalização dos processos e a automação nas operações são apostas da P&G para manter a competitividade no longo prazo, reduzindo dependência da mão de obra e aumentando a produtividade.
impacto social e mercado de trabalho
No entanto, os cortes anunciados provocam preocupação entre especialistas em recursos humanos e economia, que alertam para o impacto social de demissões em larga escala, especialmente em regiões onde a empresa tem forte presença.
De acordo com analistas, a redução no quadro de funcionários pode gerar efeitos negativos no consumo local, agravando a pressão sobre a economia em áreas já afetadas por desafios financeiros e altos índices de desemprego.
Além disso, as transformações no mercado de trabalho, aceleradas pela tecnologia e mudanças nos modelos de negócios, exigem dos trabalhadores cada vez mais capacitação e adaptação, um desafio para muitos dos demitidos.
Diante desse cenário, a P&G reforça que pretende apoiar os colaboradores afetados com programas de transição, requalificação profissional e assistência para recolocação no mercado.
Apesar da crise e das dificuldades, a empresa aposta na resiliência do setor e na capacidade de adaptação para superar os obstáculos impostos pelo ambiente econômico atual.