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Coreia do Norte em colapso: sem comida e com mochilas de dinheiro

Escrito por Ana Alice
Publicado em 07/04/2025 às 22:15
Moradores da Coreia do Norte usam mochilas para levar dinheiro às compras em meio à inflação absurda e escassez grave de alimentos. (Imagem: Reprodução/Canva)
Moradores da Coreia do Norte usam mochilas para levar dinheiro às compras em meio à inflação absurda e escassez grave de alimentos. (Imagem: Reprodução/Canva)

A inflação descontrolada na Coreia do Norte atinge níveis tão absurdos que moradores precisam levar mochilas cheias de dinheiro para comprar itens básicos como óleo e açúcar. Com salários corroídos e alimentos escassos, o país mergulha em uma crise econômica dramática. Até soldados vendem equipamentos militares para sobreviver à fome que assombra a população.

A Coreia do Norte enfrenta uma crise econômica sem precedentes, com a inflação atingindo níveis alarmantes e impactando severamente o cotidiano da população.

Moradores relatam que, devido à desvalorização acentuada do won norte-coreano e ao aumento exorbitante dos preços de produtos básicos, é necessário utilizar mochilas para transportar o dinheiro necessário para compras diárias.

Essa situação reflete a gravidade da crise econômica que assola o país e as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos para suprir necessidades básicas.​

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Aumento expressivo nos preços de produtos essenciais

Nos últimos anos, a inflação na Coreia do Norte tem provocado aumentos significativos nos preços de produtos essenciais.

De acordo com relatos obtidos pela Radio Free Asia (RFA), o custo de itens básicos disparou, tornando a vida cotidiana cada vez mais desafiadora para a população.​

Por exemplo, o preço de um quilo de óleo de girassol, utilizado na culinária diária, aumentou de aproximadamente 25.000 wons (cerca de R$ 162) para 75.000 wons (aproximadamente R$ 486) em um período de dois anos.

O açúcar também sofreu um aumento expressivo, ando de 10.000 wons (R$ 65) para 40.000 wons (R$ 260).

Já a carne de porco, uma fonte importante de proteína, viu seu preço saltar de menos de 30.000 wons (R$ 195) para 87.000 wons (cerca de R$ 563) por quilo. Esses aumentos refletem a severidade da inflação e o impacto direto no poder de compra dos cidadãos.​

Desvalorização do won norte-coreano

A desvalorização do won norte-coreano frente a moedas estrangeiras, como o yuan chinês e o dólar americano, tem sido um fator determinante para o aumento dos preços.

Nos mercados paralelos, onde a maioria das transações ocorre, a moeda local perdeu valor considerável, elevando o custo de importação de bens e contribuindo para a escalada inflacionária.

Essa desvalorização afeta diretamente o poder de compra da população, que já enfrenta dificuldades devido aos baixos salários e à escassez de produtos.​

Impacto dos aumentos salariais

Em janeiro de 2023, o governo norte-coreano implementou um aumento salarial significativo, elevando os salários mensais básicos de 2.000 wons (cerca de R$ 13) para 30.000 wons (aproximadamente R$ 195).

A medida visava incentivar os cidadãos a dependerem mais dos salários estatais e menos dos mercados paralelos, conhecidos como jangmadang.

No entanto, a rápida absorção desse aumento pela inflação resultou em pouco ou nenhum alívio para a população.​

Produtos básicos, como sal e ovos, tiveram reajustes semelhantes aos dos salários. Um quilo de sal, que anteriormente custava 500 wons (R$ 3,25), ou a custar 2.000 wons (R$ 13).

Uma caixa de ovos, que era vendida por 800 wons (R$ 5,20), agora é comercializada por 2.000 wons. Além disso, itens como calçados também sofreram aumentos significativos.

Um par de tênis da Fábrica de Calçados de Sinuiju, que custava cerca de 19.800 wons (R$ 129), agora é vendido por até 170.000 wons (aproximadamente R$ 1.104) no mercado negro. Esses aumentos anulam os efeitos positivos que o aumento salarial poderia ter proporcionado.​

Escassez crônica de alimentos

A escassez de alimentos é um problema persistente na Coreia do Norte. De acordo com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, a produção agrícola local é insuficiente para atender às necessidades alimentares da população.

Fatores como a limitação de terras aráveis, falta de fertilizantes e escassez de equipamentos agrícolas modernos contribuem para essa deficiência.

Colheitas ruins e os impactos das paralisações provocadas pela pandemia de COVID-19 agravaram ainda mais o cenário, levando a população a enfrentar níveis alarmantes de insegurança alimentar.​

Medidas extremas para sobrevivência

Diante da crise alimentar, parte da população tem recorrido a medidas extremas para garantir a sobrevivência. Relatos indicam que soldados norte-coreanos estariam vendendo equipamentos militares para conseguir comprar comida.

Além disso, houve um aumento de crimes violentos ligados à fome, evidenciando o desespero de muitos cidadãos em meio à escassez de recursos.​

Economia informal e mercados paralelos

Com a deterioração da economia formal, muitos norte-coreanos dependem dos jangmadang, mercados informais que operam à margem do controle estatal.

Nesses mercados, é possível encontrar uma variedade de produtos, desde alimentos até bens de consumo importados. No entanto, os preços nesses mercados são altamente voláteis e sujeitos às flutuações cambiais, tornando-os iníveis para grande parte da população.

A dependência desses mercados reflete a falência dos sistemas de distribuição estatais e a necessidade dos cidadãos de buscar alternativas para suprir suas necessidades básicas.​

Desafios para o futuro

A combinação de inflação descontrolada, desvalorização da moeda, escassez de alimentos e dependência crescente da economia informal coloca a Coreia do Norte em uma posição extremamente vulnerável.

Sem mudanças significativas nas políticas econômicas e uma abordagem mais aberta à cooperação internacional, é improvável que a situação melhore no curto prazo. A população continuará a enfrentar desafios significativos

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Ana Alice

Redatora e analista de conteúdo. Escreve para o site Click Petróleo e Gás (G) desde 2024 e é especialista em criar textos sobre temas diversos como economia, empregos e forças armadas.

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