Mortes, feridos e veículos destruídos em segundos: explosões de carros com kit gás GNV se multiplicam pelo Brasil e revelam falhas graves na instalação e manutenção do sistema
Na madrugada do último sábado (7), uma explosão violenta em um posto de combustíveis no Centro do Rio de Janeiro resultou na morte de dois homens, após falha durante o abastecimento de um veículo com kit gás GNV, conforme noticiado pela Agência Brasil. Casos semelhantes têm se repetido em outras cidades, levantando sérias dúvidas sobre a segurança desses sistemas.
Segundo especialistas ouvidos por portais como UOL, Autoesporte e canais especializados no YouTube, as explosões geralmente têm ligação com falhas na instalação do kit gás, falta de manutenção ou uso de componentes ilegais. Entenda agora o que você precisa fazer para garantir que seu veículo movido a GNV continue sendo uma opção segura e econômica, e não um risco de vida iminente.
O perigo real e crescente dos kits GNV mal cuidados
Explosões envolvendo carros com kit gás gnv têm sido registradas em diferentes partes do país, como a tragédia recente no Rio de Janeiro e um incidente em Maceió, onde um Polo Sedan explodiu durante o abastecimento. Em ambos os casos, os sistemas apresentavam sinais claros de negligência com a manutenção.
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Segundo o engenheiro Cleber Willian Gomes, da FEI, e o consultor Ricardo Vallejo, da Consulgás, o GNV é seguro quando instalado e mantido corretamente. Mas qualquer descuido, como cilindros vencidos, componentes enferrujados ou pressurização irregular, transforma o carro em uma verdadeira bomba.
Um cilindro de GNV opera com pressão de até 200 bar. Essa alta pressão exige componentes resistentes e inspeções regulares. A qualquer falha estrutural ou adulteração, o risco de explosão aumenta exponencialmente, especialmente durante o abastecimento.
Outro fator agravante é a instalação clandestina de kits, sem certificação do Inmetro. Muitas oficinas oferecem preços mais baixos, atraindo motoristas desavisados que acabam usando peças recondicionadas ou inadequadas, como botijões de GLP.
A ausência de CSV (Certificado de Segurança Veicular) também contribui para o risco. Este documento, emitido após vistoria obrigatória, precisa ser renovado anualmente. Sem ele, o carro sequer pode circular legalmente.
Além disso, o Inmetro destaca que o uso de cilindros recondicionados, oxidados ou reutilizados sem inspeção técnica pode provocar carbonização interna, falhas estruturais e risco de ruptura durante o abastecimento.
Em suma: o barato pode sair caríssimo. Todo sistema de GNV precisa seguir normas rígidas e ser inspecionado por empresas homologadas. Se você ignora esses os, está colocando vidas em risco.
Instalação correta e manutenção periódica salvam vidas
Desde 1984, a instalação de kits de gás GNV é regulamentada pelo Denatran e pelo Inmetro, que estabelecem padrões técnicos para todos os componentes, do redutor de pressão à válvula de abastecimento. Ignorar essas exigências é receita para desastre.
Segundo o engenheiro Everton Lopes, membro da SAE Brasil, muitos motoristas tentam economizar instalando cilindros adicionais sem certificação. Isso sobrecarrega o sistema e elimina qualquer margem de segurança prevista pelo projeto original.
A requalificação do cilindro é obrigatória a cada cinco anos. O processo avalia se o equipamento ainda está apto para uso e deve ser feito por empresa certificada. Negligenciar esse teste é o mesmo que dirigir com freios vencidos.
Além disso, o CSV precisa ser renovado anualmente com nova inspeção completa. Isso inclui avaliação da pressão, válvulas, tubulações, e do cilindro e até mesmo itens como suspensão, freios e pneus, que podem ser afetados pelo peso adicional.
Outro ponto crítico é o abastecimento. O carro deve estar aterrado corretamente, com o motorista fora do veículo, sem uso de celulares ou eletrônicos próximos. A bomba deve operar a 200 bar, e qualquer desvio disso é motivo para interromper o abastecimento.
No dia a dia, o motorista deve estar atento ao cheiro característico de gás. Ao detectar vazamento, a válvula principal deve ser fechada imediatamente, e o carro levado a uma oficina autorizada. Nunca tente consertar por conta própria.
Caso o sistema pegue fogo, saia do veículo, afaste-se e chame o Corpo de Bombeiros. O extintor recomendado é do tipo ABC, caso esteja disponível, embora seu uso seja opcional em carros de eio.
Seguindo esses cuidados, o GNV continua sendo o combustível mais econômico do Brasil e um dos mais seguros, desde que o sistema esteja em dia. Caso contrário, é uma bomba-relógio sobre quatro rodas.
O papel da fiscalização e da consciência do motorista
A explosão no posto do Rio de Janeiro reacendeu o debate sobre a responsabilidade de motoristas, oficinas e autoridades na prevenção de tragédias. O Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos (Sindirepa-RJ) já pediu reforço na fiscalização de oficinas clandestinas.
Essas oficinas ilegais não seguem normas do Inmetro e utilizam peças sem procedência, como cilindros de gás de cozinha (GLP) adaptados para uso veicular. Isso é crime, e pode custar vidas.
A falta de fiscalização efetiva agrava o problema. Muitas cidades não têm estrutura para verificar todas as oficinas. Isso exige que o motorista atue como fiscal de si mesmo: só instale e faça manutenção em locais homologados.
É importante também que os postos de combustível recusem abastecer carros sem o CSV visível ou com indícios de adulteração no sistema. Muitos frentistas já têm esse treinamento, mas é preciso reforçar.
A conscientização também precisa chegar ao público em geral. A comparação feita por especialistas entre o cilindro de GNV e o usado em hospitais ajuda a entender: o padrão de segurança é alto, mas precisa de rigor absoluto na manutenção.
A vistoria obrigatória, que analisa inclusive freios e suspensão, é uma forma de garantir que o sistema GNV não comprometa outros componentes do carro. Isso reforça o argumento de que, quando bem cuidado, um carro a GNV pode ser mais seguro que modelos convencionais.
Outro ponto relevante é o peso do sistema. O porta-malas com cilindros mal fixados ou excesso de carga pode alterar a dirigibilidade e causar acidentes indiretos, como perda de controle em curvas ou frenagens.
A longo prazo, o aumento da frota GNV no Brasil depende de campanhas de conscientização e punições mais rígidas para quem instala kits de forma ilegal. Só assim o combustível mais barato do país poderá continuar sendo uma escolha segura para todos.