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Como as fabricantes chinesas estão revolucionando o mercado de carros elétricos no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 23/04/2025 às 18:19
Fabricantes chinesas estão moldando o futuro dos carros elétricos no Brasil e revolucionando a indústria automotiva com inovações e novos investimentos.
Fabricantes chinesas estão moldando o futuro dos carros elétricos no Brasil e revolucionando a indústria automotiva com inovações e novos investimentos.
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A revolução dos carros elétricos no Brasil está sendo liderada por fabricantes chinesas, que estão moldando o futuro da indústria automotiva nacional e global.

No encerramento da programação do “Summit Valor Econômico Brasil-China 2025”, realizado em Xangai, o “Reinventando a Indústria Automotiva: A Aceleração dos Veículos Elétricos” trouxe à tona um tema de grande relevância para o futuro do mercado automotivo no Brasil.

Em 2024, o segmento de carros elétricos e híbridos no país alcançou um recorde histórico, com 177.358 veículos eletrificados emplacados entre janeiro e dezembro, conforme dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Desse total, 61.615 unidades foram de veículos totalmente elétricos a bateria, representando cerca de 35% da participação no mercado, uma marca impressionante que revela a crescente demanda por opções sustentáveis e eficientes.

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O Brasil, que já foi pioneiro na adoção do etanol como biocombustível, parece estar se preparando para dar mais um o em direção à eletrificação de sua frota de veículos.

O papel da China e a visão de especialistas

Liu Xiaoshi, vice-secretário-geral da plataforma think tank China EV 100, que impulsiona o desenvolvimento dos carros elétricos na China, declarou com confiança que “o carro elétrico será dominante no Brasil, sim”.

Para ele, a próxima fase da evolução do setor automotivo brasileiro será a eletrificação, sucedendo a era dos biocombustíveis, com o etanol à frente.

Ele enfatizou a inevitabilidade do aumento nas vendas de carros elétricos, apontando que o Brasil já está seguindo uma trajetória parecida com a dos países mais avançados nesse campo.

A ofensiva das fabricantes chinesas

A entrada das fabricantes chinesas no Brasil tem sido um dos motores dessa transformação.

Segundo Rodrigo Zeidan, professor da New York University Shanghai e da Fundação Dom Cabral, as empresas chinesas estão dominando o mercado global e já têm forte presença na Europa.

Elas são extremamente competitivas e estão partindo para uma guerra de preços”, afirmou.

No entanto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa a indústria automotiva nacional, não vê com bons olhos essa entrada das chinesas no Brasil, já que elas estão praticando preços mais baixos.

Em resposta, a Anfavea entrou com um pedido de investigação de dumping, alegando que as montadoras chinesas, como a BYD, estão vendendo veículos a preços que dificultam a concorrência com as empresas locais.

A liderança da BYD e os investimentos no Brasil

A BYD, uma das maiores fabricantes chinesas de carros elétricos, superou a Tesla em vendas de veículos elétricos no Brasil em 2024.

No primeiro trimestre de 2025, a empresa já havia emplacado mais de 21 mil veículos, segundo a ABVE.

A empresa também é responsável pela construção da maior fábrica de veículos fora da Ásia, localizada em Camaçari, Bahia, com um investimento de R$ 5,5 bilhões.

Outro nome de peso nesse movimento é a GWM, uma montadora chinesa que está prestes a iniciar a fabricação de carros no Brasil.

A GWM escolheu as instalações da antiga fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), e está comprometida em investir R$ 10 bilhões até 2032 no país.

Esse movimento demonstra a crescente aposta das chinesas na produção local, consolidando o Brasil como um hub de fabricação de veículos elétricos e híbridos.

Obstáculos à produção local e o desafio das baterias

No entanto, a produção local ainda enfrenta desafios significativos.

Marli Olmos, jornalista especializada na indústria automotiva, explicou que um dos maiores obstáculos é a falta de infraestrutura para a fabricação de baterias no Brasil.

Atualmente, as montadoras locais dependem da montagem de veículos com componentes importados, especialmente da China.

Segundo Olmos, é necessário desenvolver uma produção em escala para reduzir custos e tornar os carros elétricos mais íveis ao consumidor brasileiro.

Sem isso, o Brasil não conseguirá alcançar o volume de vendas necessário para atingir a posição de liderança no mercado global, apesar de ser o sexto maior mercado de veículos e o oitavo maior produtor de carros no mundo.

Conexão internacional e sustentabilidade

Fang Li, diretora-executiva da China no World Resources Institute (WRI), destacou no que os carros elétricos não apenas representam uma solução para o mercado automotivo, mas também podem ser parte de uma estratégia de integração econômica entre países.

Ela citou exemplos como o uso de ônibus elétricos em cidades como Bogotá e Santiago, onde mais de 20 mil ônibus elétricos estão em operação, contribuindo para a redução da emissão de carbono e impulsionando a infraestrutura de energia local.

Barreiras tarifárias e o futuro da mobilidade

No Brasil, o futuro da indústria automotiva está intimamente ligado à questão dos preços.

Apesar da viabilidade econômica dos carros elétricos, como apontou Rodrigo Zeidan, o país ainda está preso a um modelo de desenvolvimento que prioriza a substituição da importação, o que pode impedir o crescimento acelerado do setor.

“O Brasil deveria revisar o seu modelo econômico”, sugeriu Zeidan, buscando atrair investimentos para a transferência de tecnologia e não criando barreiras tarifárias.

Ele alertou que o país pode perder uma grande oportunidade de avanços tecnológicos, deixando que o futuro aconteça sem o seu devido aproveitamento.

A resistência da indústria tradicional

Por fim, a indústria automotiva brasileira, que já está sentindo o impacto da competitividade das montadoras chinesas, continua a pedir um aumento da alíquota de importação para 35%, uma medida que, segundo os críticos, ajudaria a proteger a indústria nacional.

No entanto, como observou Marli Olmos, o grande desafio para o Brasil será convencer os consumidores a adotar os carros elétricos, o que só será possível se os preços caírem e a produção local se tornar mais eficiente.

Oportunidade ou ameaça?

O panorama atual do mercado de carros elétricos no Brasil e no mundo indica que, com o apoio das tecnologias chinesas, a transição para a eletrificação da frota está mais próxima do que nunca, embora os desafios ainda sejam muitos.

Agora, a pergunta que fica é: o Brasil está preparado para não apenas adotar, mas também produzir os veículos elétricos do futuro?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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