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Como a maior fabricante de eletrônicos do Brasil (CCE) sumiu?

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 18/05/2025 às 12:01
Atualizado em 20/05/2025 às 11:29
A CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do Brasil. Entenda como ela dominou o mercado e depois desapareceu silenciosamente.
A CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do Brasil. Entenda como ela dominou o mercado e depois desapareceu silenciosamente.
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CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do Brasil. Entenda como ela dominou o mercado e depois desapareceu silenciosamente.

Marca que dominou os anos 90 e início dos anos 2000 desapareceu silenciosamente — e poucos notaram

Durante décadas, a sigla CCE era sinônimo de eletrônicos populares no Brasil.

Presente em televisores, rádios, videocassetes, DVDs e, mais tarde, em computadores e celulares, a CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do país e esteve em milhões de lares brasileiros.

No entanto, com o ar dos anos, a marca foi sumindo das prateleiras — até desaparecer completamente.

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Mas o que aconteceu com essa gigante brasileira da tecnologia?

Por que ela desapareceu do mercado?

E por onde andam os responsáveis pela marca?

A CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do Brasil. Entenda como ela dominou o mercado e depoias desapareceu silenciosamente.
A CCE foi a maior fabricante de eletrônicos do Brasil. Entenda como ela dominou o mercado e depoias desapareceu silenciosamente.

Uma ascensão movida a preço baixo

Fundada em 1964, em São Paulo, a CCE — sigla para Comércio de Componentes Eletrônicos — começou pequena, vendendo peças eletrônicas.

No entanto, ao perceber a crescente demanda por aparelhos de som e imagem, a empresa decidiu fabricar seus próprios equipamentos e encontrou um nicho poderoso: eletrônicos íveis ao consumidor brasileiro.

Nos anos 80 e 90, com uma política de preços agressiva, a CCE se consolidou como uma das marcas mais populares entre as famílias de classe média e baixa, que buscavam aparelhos funcionais, mesmo que não fossem os mais modernos ou sofisticados.

O lema não oficial da marca virou piada nacional: “CCE: Comprei, Consertei e Estraguei”, refletindo a fama de que seus produtos não tinham muita durabilidade.

Apesar das críticas, as vendas continuavam em alta.

A era de ouro: liderança no mercado nacional

No início dos anos 2000, a CCE diversificou sua linha de produtos.

ou a fabricar notebooks, desktops, DVDs portáteis, celulares e televisores de tela plana.

Com foco total na produção nacional e preços competitivos, a marca se manteve entre as líderes em vendas, mesmo enfrentando marcas estrangeiras como Sony, Samsung e LG.

Em 2006, a empresa já empregava mais de 5 mil pessoas e possuía fábricas em Manaus, São Paulo e Jundiaí.

Além disso, exportava para países da América Latina.

A estratégia era simples, mas eficiente: oferecer tecnologia com baixo custo e presença em lojas populares de todo o país.

Mas, em um mundo em rápida transformação tecnológica, a fórmula começou a dar sinais de esgotamento.

O início do declínio

O declínio da CCE coincidiu com a ascensão dos smartphones, tablets e da popularização da internet de alta velocidade.

O consumidor brasileiro se tornou mais exigente, buscando produtos com melhor performance, design refinado e sistemas mais avançados.

Mesmo tentando adaptar-se às mudanças, a CCE enfrentou dificuldades.

Seus produtos eram constantemente criticados por baixa qualidade, desempenho inferior e falta de inovação.

Com uma imagem desgastada e concorrência pesada das marcas chinesas e coreanas, a empresa perdeu fatias importantes do mercado.

Em 2012, veio a tentativa de resgate: o grupo chinês Lenovo anunciou a compra de 100% da Digibrás, controladora da CCE, por R$ 300 milhões.

A intenção era clara: aproveitar a infraestrutura da CCE para expandir a presença da Lenovo no Brasil, um mercado estratégico e em crescimento.

A compra pela Lenovo e o fim da marca

Inicialmente, o plano parecia promissor.

A Lenovo utilizaria a fábrica da CCE em Manaus para produzir notebooks e celulares, aproveitando os incentivos fiscais da Zona Franca.

Porém, o casamento entre Lenovo e CCE durou pouco — e terminou de forma silenciosa.

Em 2015, apenas três anos após a aquisição, a Lenovo devolveu o controle da CCE à família Saraiva, fundadora da empresa.

A justificativa oficial foi que a integração dos negócios não aconteceu como o esperado.

O retorno, no entanto, foi simbólico: a CCE nunca mais retomou o fôlego comercial e não voltou a figurar entre as líderes de vendas.

A partir desse momento, a marca simplesmente desapareceu das lojas.

Sem novos lançamentos, investimentos ou estratégias de marketing, a CCE se tornou uma lembrança da era dos eletrônicos populares brasileiros.

O que restou da CCE?

Hoje, praticamente não há mais sinais da CCE no mercado.

Seu site oficial está fora do ar, as redes sociais foram abandonadas, e os últimos produtos lançados datam de mais de uma década.

Em fóruns online, consumidores trocam dicas sobre peças de reposição e relembram com nostalgia (ou frustração) os produtos da marca.

Segundo registros da Receita Federal, a Digibrás ainda está ativa, mas sem operações relevantes ou novos lançamentos comerciais.

Não há informações públicas sobre um possível retorno da marca ou venda de seu nome.

Curiosamente, aparelhos antigos da CCE ainda são vendidos em sites de segunda mão, como OLX e Mercado Livre, e muitos deles continuam funcionando.

Isso desafia, em parte, a fama de fragilidade que a marca carregava.

Lenovo até tentou reerguer a CCE, mas sem sucesso.
Lenovo até tentou reerguer a CCE, mas sem sucesso.

Uma lição do mercado brasileiro

O desaparecimento da CCE é um exemplo emblemático de como o mercado de eletrônicos no Brasil pode ser cruel com empresas que não acompanham as inovações tecnológicas.

Apesar da popularidade, da infraestrutura nacional e da capilaridade de distribuição, a marca não conseguiu se reinventar no ritmo que o consumidor exigia.

A entrada de players internacionais com maior poder de investimento e produtos mais avançados também acelerou o fim da trajetória da CCE.

Mesmo com a tentativa de salvação via Lenovo, a marca não resistiu à pressão de um mercado cada vez mais competitivo, digital e globalizado.

Para muitos, a CCE será sempre lembrada como a marca que marcou gerações com seus produtos simples, mas íveis — e que desapareceu tão rápido quanto se popularizou.

E você, já teve algum produto da CCE em casa? Ele durou anos ou entrou para a lista do “Comprei, Consertei e Estraguei”? Conta pra gente nos comentários!

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Nivaldo
Nivaldo
22/05/2025 18:32

CCE: Começou Comprando Errado, dizíamos. Mesmo assim tive um aparelho de som CCE, e até que durou…., mas era inferior comparado as outras marcas…., era o que cabia no bolso kkkkk

Pedro Campos
Pedro Campos
21/05/2025 03:08

Tive três eletrônicos da CCE: aparelho de som três em 1, era um espetáculo! 1 rádio gravador, excelente! E um televisor que nunca deu problema. Se a marca voltasse a produzir eletrônicos com aquela qualidade, compraria de novo! Valeu CCE!…

Marcelo Garcia
Marcelo Garcia
20/05/2025 19:43

Eu tive uma CCE durou 20 anos e nunca deu defeito até que derrubaram do móvel wue ela estava aí fim .

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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