Inteligência artificial poderá causar um colapso populacional global sem guerra nem pandemia. Cientista explica como isso acontecerá.
Imagine um mundo onde as grandes cidades viram cenários vazios, onde a natalidade despenca e onde, silenciosamente, a humanidade se apaga aos poucos. Pode parecer um roteiro de ficção científica, mas é justamente isso que prevê o especialista em inteligência artificial Subhash Kak. Segundo suas projeções, até o final do século XXIII, a população mundial pode ser reduzida a apenas 100 milhões de pessoas, cerca de 1,2% do que temos hoje.
A causa? Não será uma guerra, nem um desastre natural. Segundo Kak, o perigo maior está na automação completa da sociedade e no impacto psicológico e econômico que isso trará para a vida humana. Em outras palavras: o sistema atual não colapsará de forma violenta, mas se desintegrará lentamente, à medida que a inteligência artificial ocupar todas as funções humanas essenciais.
Um declínio silencioso e impossível de deter
Em uma análise publicada por diversos veículos especializados, Kak destaca que o problema não será um levante das máquinas, mas o simples fato de que elas farão tudo melhor do que nós. Cada vez que uma nova tecnologia automatizada substitui um emprego humano, isso gera uma reação em cadeia que fragiliza ainda mais as estruturas da sociedade.
-
De piada a potência, a história da cidade de Minas Gerais que se tornou o maior polo de tecnologia da América Latina
-
O laser caseiro mais potente do mundo tem 250 watts de potência, foi criado por um youtuber e é capaz de cortar aço e queimar diamantes
-
Enquanto você reclama das leis de trânsito do Brasil, motoristas em alguns países dirigem sem placa, sem carteira e sem leis
-
O carro que fracassou em vendas como popular e se tornou o foguete de bolso mais cobiçado
Com menos trabalho disponível, aumenta a insegurança econômica, o que por sua vez desestimula a formação de novas famílias. Quando se torna impossível arcar com os custos de criar filhos e planejar um futuro estável, a taxa de natalidade despenca inevitavelmente. E essa situação já começa a ser observada em países altamente industrializados como o Japão, Coreia do Sul e partes da Europa.
Como aponta um estudo recente da ONU, a natalidade já está em queda acelerada em quase todo o mundo desenvolvido. A previsão é que essa tendência se agrave à medida que a automação avance.
Cidades fantasmas: o fim do mundo urbano
O cenário que Kak descreve é particularmente inquietante para quem vive em grandes metrópoles. Imagine centros urbanos como Tóquio, Nova York ou São Paulo completamente esvaziados, com ruas silenciosas e prédios abandonados.
Segundo o cientista, quando empresas não precisarem mais de escritórios nem de trabalho humano, e quando a cultura for produzida por algoritmos e consumida online, as cidades perderão seu sentido. Não se trata de um colapso tecnológico, mas de um esvaziamento de propósito humano.
Aliás, tendências como o trabalho remoto e o uso de IA generativa para produção cultural já caminham nessa direção. Plataformas como o ChatGPT e o Midjourney estão mudando o modo como criamos conteúdos, enquanto robôs automatizados começam a ocupar funções em logística, atendimento ao cliente e até mesmo no setor jurídico.
Como afirma Kak: “O que um dia foram motores de crescimento econômico se tornarão cascas vazias, sem razões para continuar existindo”.
A IA não precisará se rebelar: vamos entregar o controle de bom grado
Uma das ideias centrais da advertência de Subhash Kak é que a IA não precisa ser consciente para causar estragos. Ela não terá emoções nem vontade própria, mas será extremamente eficiente em assumir todas as tarefas humanas — desde a fabricação de bens até a tomada de decisões complexas em ambientes corporativos.
Hoje já vemos isso em sistemas financeiros que utilizam modelos preditivos para investimentos, ou em IA de recrutamento que seleciona candidatos com base em dados comportamentais. Essa tendência tende a se intensificar, eliminando cada vez mais a necessidade da intervenção humana.
E aqui está o ponto mais sombrio: quando o trabalho desaparecer, o custo de vida aumentará, a coesão social se perderá e a taxa de natalidade cairá de forma irreversível. Não será preciso uma guerra ou uma pandemia global; bastará que os sistemas em que confiamos deixem de precisar de nós.
Um artigo publicado pela MIT Technology Review reforça essa visão: a substituição em massa de empregos por IA pode gerar um desequilíbrio econômico profundo, afetando diretamente a sustentabilidade das sociedades modernas.
A grande armadilha da eficiência total
Segundo Kak, a humanidade perderá o controle do seu destino não porque as máquinas tomarão o poder à força, mas porque nós mesmos cederemos esse controle em busca de maior eficiência.
Isso já está acontecendo em áreas como a gestão pública, onde sistemas automatizados começam a tomar decisões em nome da suposta otimização dos recursos. Em um futuro não tão distante, algoritmos poderão decidir onde investir, como alocar serviços de saúde e até que tipo de educação oferecer — tudo com base em dados, mas sem qualquer consideração pelas nuances da experiência humana.
O resultado, alerta o cientista, será um mundo em que as funções sociais e comunitárias perdem o sentido. A educação, as relações pessoais, o sentido de comunidade e até mesmo a política se tornarão pálidas sombras do que um dia foram.
Um futuro que já começou?
Embora a previsão de um colapso populacional para o ano 2300 possa soar distante, muitos dos processos descritos por Kak já estão em curso. Segundo um relatório da McKinsey & Company, até 2030 mais de 375 milhões de trabalhadores no mundo poderão precisar mudar de profissão devido à automação e à IA.
Além disso, um estudo recente da Oxford Economics estima que, até o final da década, 20 milhões de empregos industriais em todo o mundo poderão ser eliminados por sistemas automatizados.
A pergunta que fica é: como evitar esse cenário? Kak não oferece respostas fáceis. O cientista apenas adverte que precisamos urgentemente repensar o papel da inteligência artificial na sociedade e como equilibrar a busca por eficiência com a preservação da dignidade humana.
Como ele próprio diz em uma de suas palestras mais recentes: “A IA não destruirá a humanidade com armas, mas com eficiência. E nós, fascinados pelo seu potencial, podemos não perceber o perigo até que seja tarde demais”.