Com um aumento de 17% nos nascimentos em 2024, Tianmen oferece até 120.000 yuans em incentivos para famílias com mais filhos, enquanto a China enfrenta o menor número de nascimentos desde 1949.
Enquanto a China encara uma crise de natalidade histórica, uma pequena cidade na província de Hubei, chamada Tianmen, está fazendo barulho ao desafiar as estatísticas. Em 2024, Tianmen registrou um aumento surpreendente de 17% nos nascimentos, enquanto o restante do país segue em declínio. O segredo? Uma estratégia ousada e bem planejada que mistura incentivos financeiros e colaboração entre setores.
O cenário da natalidade na China
Desde 2016, a China vê suas taxas de natalidade despencarem. Em 2023, o país registrou pouco mais de 9 milhões de nascimentos, o menor número desde a fundação da República Popular, em 1949. Esse declínio trouxe preocupações sobre a capacidade da economia de sustentar uma população cada vez mais envelhecida.
Em meio a esse cenário sombrio, Tianmen se destaca. A cidade conseguiu reverter a tendência com um programa de incentivos financeiros robusto que tem atraído famílias a aumentar o número de filhos. É como nadar contra a corrente de um rio — um feito que inspira outras regiões.
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O modelo Tianmen: incentivos que fazem a diferença
Tianmen na China não economiza quando o assunto é apoiar as famílias. Com um pacote que inclui 120.000 yuans em vouchers para imóveis, 3.000 yuans como pagamento único e 1.000 yuans mensais até os três anos da criança, a cidade criou um atrativo difícil de ignorar. Essas medidas funcionam como uma rede de segurança para pais que, de outra forma, hesitariam em expandir suas famílias.
Além do apoio governamental, empresas como a Xpeng, fabricante de veículos elétricos, oferecem incentivos generosos, chegando a 30.000 yuans para funcionários com três filhos, e valores ainda maiores para quem tem quatro ou mais. Esse tipo de parceria é o combustível que mantém o programa funcionando.
O contraste com o restante da China
A realidade fora de Tianmen é bem diferente. Os altos custos de vida, especialmente em grandes cidades, tornam a ideia de ter mais filhos quase inviável para muitos jovens. Isso cria um ciclo perigoso: menos nascimentos significam menos pessoas ativas no futuro para sustentar uma população idosa crescente.
Muitos jovens na China priorizam carreiras e qualidade de vida em vez de constituir famílias. A pressão financeira e social os leva a questionar se vale a pena investir na criação de filhos em um ambiente tão competitivo.
Cultura e tradição: fatores que influenciam
O Ano do Dragão, considerado auspicioso no calendário chinês, trouxe um pequeno aumento nos nascimentos em algumas regiões, como Guangdong, que registrou um crescimento de 23%. Isso mostra que políticas de incentivo podem ser mais eficazes quando alinhadas a crenças culturais.
Iniciativas que respeitam a tradição local têm mais chance de sucesso. Afinal, é mais fácil incentivar as pessoas quando elas enxergam sentido cultural nas ações.
A viabilidade de políticas nacionais
Especialistas apontam que o modelo de Tianmen é inspirador, mas implementá-lo em escala nacional exigiria um enorme investimento financeiro e uma forte colaboração entre governo central e empresas privadas. É como tentar replicar uma receita de bolo para alimentar um banquete.
Resolver a crise de natalidade na China não será simples. Requer criatividade, comprometimento e a disposição de pensar fora da caixa. Tianmen mostrou que é possível, mas a jornada para o sucesso em escala nacional ainda é longa.