Em reta final de campanha, Carney destaca riscos de interferência da China, reforça tensões no Ártico e propõe diversificação geopolítica.
A China representa a maior ameaça à segurança nacional do Canadá, tanto em termos de interferência estrangeira quanto como um ator geopolítico emergente no Ártico, afirmou o primeiro-ministro canadense Mark Carney na última quinta-feira (17), durante um debate decisivo antes das eleições marcadas para 28 de abril.
Em uma resposta direta à pergunta sobre qual país representa o maior risco à segurança do Canadá, Carney não hesitou: “China”, declarou, reforçando o tom crítico de sua campanha diante das crescentes tensões internacionais.
Durante coletiva de imprensa na sexta-feira, 18, o primeiro-ministro detalhou sua posição, apontando a China como uma ameaça ativa à soberania canadense por meio de tentativas de interferência em assuntos internos e como um parceiro estratégico da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
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Interferência estrangeira e presença da China no Ártico
O primeiro-ministro alertou sobre os avanços chineses no Ártico, área estratégica onde o Canadá tem reforçado sua presença militar e científica. Segundo Carney, a presença crescente da China na região preocupa por seu potencial de desequilíbrio nas relações internacionais e desafios à soberania canadense.
“As ameaças são em um sentido geopolítico. Estamos tomando medidas para enfrentá-las”, declarou o líder do Partido Liberal.
Carney também criticou a aliança da China com a Rússia, especialmente diante do conflito em curso na Ucrânia.
Segundo ele, esse alinhamento coloca em risco a estabilidade global, reforçando a necessidade de o Canadá atuar de forma vigilante e coordenada com seus aliados.
O primeiro-ministro ressaltou ainda a postura da China em relação a Taiwan, aumentando a tensão na Ásia e no cenário internacional como um todo.
Canadá busca novos aliados além da China e EUA
Em meio à crescente tensão comercial com os Estados Unidos — incluindo tarifas sobre automóveis, aço e alumínio —, Carney propôs uma reconfiguração do posicionamento do Canadá na geopolítica global. O primeiro-ministro afirmou que o país precisa buscar oportunidades econômicas e diplomáticas em outras regiões.
Não se trata de tentar igualar dólar por dólar com os EUA, mas de reconhecer que os valores compartilhados estão mudando. “Esse nível de valores compartilhados com os EUA está mudando, portanto, nosso nível de envolvimento mudará”, declarou.
Carney citou a Europa, a ASEAN e o Mercosul como regiões estratégicas para futuras parcerias. Há grandes oportunidades fora do eixo China-EUA. Podemos e devemos aprofundar esses laços, concluiu.
Eleições se aproximam com foco em segurança e soberania
Com seu partido liderando as pesquisas, Carney aposta no discurso de firmeza contra ameaças estrangeiras e em uma política externa mais independente para conquistar o eleitorado. A ausência de resposta da embaixada chinesa em Ottawa apenas reforça o clima tenso entre os dois países.
Neste momento decisivo para o Canadá, a geopolítica e a ameaça representada pela China assumem papel central no debate público, sinalizando mudanças importantes no rumo das relações internacionais do país.
Com informações de MSN