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China decreta fim do maior boom de minério de ferro: Preços despencam com oferta recorde e mercado global em alerta sobre o futuro do aço

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/06/2025 às 17:44

Com exportações recordes e produção siderúrgica em alta, o mercado global de minério de ferro enfrenta fortes oscilações e incertezas. A China ajusta sua estratégia enquanto o setor debate o fim do superciclo e o impacto nos preços futuros.

A China pôs fim ao ciclo mais intenso de valorização do minério de ferro, com os preços em forte queda diante de uma oferta global recorde. O recuo acontece em meio a incertezas sobre o futuro do setor siderúrgico, num cenário internacional de ajustes e expectativas moderadas.

Nesta terça-feira (10), os contratos futuros do insumo recuaram pelo segundo pregão consecutivo. A queda foi suavizada pela demanda ainda firme da China, principal compradora mundial.

Na bolsa de Dalian, o contrato de setembro caiu 0,85%, encerrando o dia cotado a 698,5 iuanes (US$ 97,16) por tonelada.

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Já em Cingapura, o preço operava a US$ 94,10 no início da manhã, após tocar US$ 93,90 — o menor valor desde 3 de junho.

Oferta recorde de minério pressiona mercado

Com embarques em alta, a pressão sobre os preços se intensifica.

Levantamento da consultoria Mysteel aponta que Austrália e Brasil aumentaram suas exportações em quase 2% na semana encerrada em 8 de junho, somando 29,19 milhões de toneladas — o maior volume semanal desde dezembro.

No detalhamento, a Austrália respondeu por 19,7 milhões de toneladas, alta de 7,8%. A BHP e a Rio Tinto registraram saltos de 18,1% e 13,6%, respectivamente.

No Brasil, a Vale reduziu levemente seus embarques, com queda de 2,5%, totalizando 6 milhões de toneladas.

A Shanghai Metals Market avalia que o volume de importações pela China deve crescer ao longo de junho. O motivo é duplo: os preços mais competitivos e o esforço das mineradoras em cumprir metas trimestrais.

Siderurgia chinesa ainda mantém ritmo forte

Apesar do avanço na oferta, a produção de aço segue aquecida.

Dados mostram que o chamado “hot metal” — ferro fundido em altos-fornos — alcançou uma média diária de 2,42 milhões de toneladas até o dia 5. O resultado representa um crescimento de 2,6% frente ao mesmo período de 2024.

Segundo a corretora Hongyuan Futures, as margens de lucro das usinas continuam saudáveis, o que sustenta a produção em níveis elevados.

Ainda assim, o desempenho das importações preocupa. Entre janeiro e maio, houve retração de 5,2%, com 486,41 milhões de toneladas adquiridas no total.

Em maio, a China comprou 98,13 milhões de toneladas — aquém da expectativa de 100 milhões.

Outro indicador em queda são os estoques portuários, que recuaram 2,8% e atingiram 133 milhões de toneladas, menor patamar desde fevereiro de 2024.

Queda no setor imobiliário e câmbio afetam commodities

Enquanto a indústria mantém fôlego, o setor de construção civil desacelera.

Previsões indicam que os preços de imóveis na China podem cair até 5% em 2025. A perspectiva de desvalorização reduz o apetite por novos empreendimentos, impactando diretamente o consumo de aço.

Além disso, o fortalecimento recente do dólar pressiona os preços das commodities cotadas na moeda norte-americana.

Mesmo com a elevação na oferta global, analistas enxergam um cenário menos desequilibrado do que se imaginava.

Na conferência Singapore International Ferrous Week, especialistas revisaram para baixo o excedente previsto de minério de ferro em 2025 — de 50 milhões de toneladas para um intervalo entre 20 e 30 milhões. A revisão ocorreu após surpresas positivas na demanda e paralisações causadas por ciclones na Austrália.

A abertura da mina de Simandou, na Guiné, prevista para novembro, pode adicionar 120 milhões de toneladas por ano à oferta global. No entanto, questões políticas e de infraestrutura ainda colocam incertezas sobre o cronograma do projeto.

Projeções de preços e impacto sobre o Brasil

Os prognósticos para o restante de 2025 seguem cautelosos.

Para o banco UBS, o preço médio deve ficar em US$ 100 por tonelada, com um piso de US$ 85. Já a plataforma Trading Economics projeta uma cotação de US$ 96,22 ao final do trimestre.

No Brasil, a queda do minério pode ter reflexos importantes.

Com um modelo econômico ainda fortemente atrelado à mineração e à exportação de commodities, o país pode sofrer com a redução na arrecadação e na geração de receitas para estados e empresas do setor.

Além disso, o enfraquecimento da demanda global por aço pode afetar projetos de infraestrutura, produção industrial e balança comercial.

Estímulos da China e novo ciclo das commodities

Na tentativa de reaquecer a economia, o governo chinês anunciou em maio cortes na taxa básica de juros e medidas de injeção de liquidez.

Ainda não está claro se essas ações terão impacto direto sobre o mercado de commodities metálicas.

Estudos do Financial Times apontam que o superciclo anterior, impulsionado por uma China em rápida urbanização, chegou ao fim.

O próximo ciclo, segundo analistas, será marcado pela transição energética, com foco em metais estratégicos como níquel, cobre e lítio.

O minério de ferro ainda tem espaço para recuperação?

Com a oferta crescente, uma demanda oscilante e novos desafios no horizonte, será que o minério de ferro vai se acomodar em um novo patamar mais baixo, ou há espaço para uma retomada forte nos próximos trimestres?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, agens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: [email protected]. Não aceitamos currículos!

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