Brasil negocia venda de participação em empresa operadora do Porto de Açu para gigante chinesa. O que isso significa para a exportação de petróleo e a segurança estratégica do país?
Imagine o seguinte cenário: uma potência estrangeira a a controlar parte de uma empresa ligada à infraestrutura estratégica de exportação de petróleo do seu país. Parece ficção, mas é o que está acontecendo no Brasil com a China. O gigante asiático vem expandindo agressivamente sua presença em portos da América do Sul, e agora adquiriu uma participação na Vast Infraestrutura, uma das empresas operadoras do Porto do Açu, no Rio de Janeiro.
Apesar de o movimento não significar a venda do Porto do Açu como um todo — um complexo que abriga 28 empresas e 11 terminais privados — a transação gerou preocupações em setores ligados à soberania nacional. Afinal, estamos falando de um terminal que lida com uma parcela importante das exportações brasileiras de petróleo.
O que está em jogo com a nova aquisição chinesa
A operação acontece por meio da China Merchants Port Holdings (CMPORT), braço do grupo estatal China Merchants Group (CMG). No final de fevereiro, a CMPORT anunciou a de um contrato para adquirir uma participação na Vast Infraestrutura, empresa controlada pela Prumo Logística, holding responsável pelo desenvolvimento do Porto do Açu.
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A negociação ainda depende da aprovação de órgãos reguladores, mas já provoca repercussão. O motivo é simples: o terminal operado pela Vast é o único da América do Sul capaz de receber navios do tipo VLCC (Very Large Crude Carrier), essenciais para escoar grandes volumes de petróleo.
Atualmente, o Porto de Açu movimenta cerca de 560 mil barris por dia, com capacidade licenciada para até 1,2 milhão de barris diários. Embora a Vast seja apenas uma das empresas do complexo, ela desempenha um papel estratégico dentro da infraestrutura de exportação de petróleo nacional.
A Prumo Logística esclareceu a operação em nota oficial:
“A Prumo Logística e a China Merchants Port concluíram os termos para uma potencial venda de participação societária na Vast Infraestrutura, subsidiária da Prumo, proprietária do terminal de petróleo do Porto do Açu. A conclusão da transação está sujeita a condições precedentes. A transação está em linha com a estratégia da Prumo de estabelecer parcerias com players globais para o desenvolvimento conjunto de negócios no Porto do Açu. Subsidiária do China Merchants Group, a China Merchants Port é uma desenvolvedora, investidora e operadora portuária líder mundial, que inclui os principais hubs ao longo da costa da China.”
Expansão sistemática da China nos portos da América do Sul
A compra de uma participação na Vast faz parte de uma estratégia mais ampla da China para consolidar presença em portos da região. Em 2018, a CMPORT já havia adquirido o Terminal de Contêineres de Paranaguá, o maior da América do Sul. Além disso, o grupo está envolvido em projetos no Porto de Santos e na construção de um novo terminal no Maranhão.
Segundo o professor Marcos Pedlowski, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, trata-se de um movimento coordenado:
“Os casos de Chancay [megaporto chinês recém-inaugurado no Peru], Paranaguá e agora a participação na Vast, no Açu, são exemplos da penetração das empresas chinesas em áreas portuárias e outras estruturas de manuseio de commodities na América do Sul”, afirmou em entrevista ao Diálogo.
Pedlowski alerta que tais investimentos criam riscos para a soberania nacional e dificultam o monitoramento do trânsito de mercadorias pelos países anfitriões.
Os temores por trás do avanço chinês: diplomacia da armadilha da dívida
A atuação do grupo CMG em portos globais já levantou suspeitas em outros países. O caso mais emblemático é o do porto de Hambantota, no Sri Lanka. Em um clássico exemplo de “diplomacia da armadilha da dívida”, o governo do país asiático, incapaz de pagar empréstimos chineses, entregou 80% do controle do porto à CMG, junto com um contrato de arrendamento de 99 anos.
Mesmo que o porto tenha sido concebido para fins civis, a China chegou a enviar um navio de pesquisa militar para Hambantota em 2022, evidenciando o potencial de uso estratégico das instalações.
Impactos para o Brasil: riscos de “sinicização” da infraestrutura portuária
Embora a aquisição não envolva o Porto do Açu como um todo, a presença de uma estatal chinesa em uma empresa responsável por um terminal tão sensível acende alertas. Segundo Pedlowski, o Porto de Açu já enfrenta dificuldades de fiscalização por parte das autoridades brasileiras. Com a entrada da CMPORT, existe o risco de que o o às informações e operações da Vast se torne ainda mais .
“Não vejo por que a situação atual seria minimizada com o controle chinês. Ao contrário, a tendência é que o monitoramento se torne mais rigoroso”, alerta o professor.
Ele também aponta que a aquisição da Vast pode ser apenas um o inicial em um processo maior de “sinicização” de partes da infraestrutura portuária brasileira — uma estratégia já observada em outros países da região.
O desafio para a soberania nacional
A entrada da China em setores críticos da infraestrutura brasileira reacende debates sobre os limites da participação estrangeira em áreas consideradas estratégicas. Embora o Brasil tenha se beneficiado dos investimentos externos, o caso da Vast Infraestrutura mostra que há riscos quando se permite que estatais estrangeiras controlem ativos sensíveis.
Como destaca Pedlowski:
“O controle de áreas estratégicas por empresas estatais chinesas em outro país cria uma série de dificuldades em relação à soberania nacional e ao exercício da autoridade nacional sobre a área adquirida.”
Cabe agora às autoridades brasileiras avaliar com cautela as implicações dessa operação. O debate não é apenas econômico: trata-se do futuro do controle nacional sobre setores-chave como a infraestrutura portuária e a exportação de petróleo.
Alguém avisa ao comentarista que a Vast já é controlada pela Prumo, que é controlada por capital dos Estados Unidos? E mesmo assim o Porto do Açu não deixa de ser o maior ativo de infraestrutura em crescimento no país, gerando benefícios para socioeconômicos para toda a sua área de influência, do Rio de Janeiro a Goiás. A entrada dos chineses não vai alterar em nada aspectos de soberania nacional.
A China, ao contrário dos EUA, não é um país imperialista. Ela se impõe pela caneta e não pelo canhão. Ela proporciona bem estar social onde atua e mostra a superioridade do Socialismo sobre o capitalismo que, está na reta final da sua história. A China vai confirmando os postulados de Marx na prática, porém de forma pacífica. Viva a classe trabalhadora !
Yes you are right!
Oye, boludo, que interés tienes en fomentar la division entre nosotros y la entrega de activos brasileños a HDPs occidentales? Eso tienen que hacer ustedes en Argentina, que no tiene suficiente dimensión geopolitica para no ser más que um perrito gringo acá en el subcontinente, nosotros tenimos una dimensión geopolitica mundial, y el PT es odiado no por corrupcion, pero porque fondó a los BRICS, la mayo amenaza al dominio de “occidente” en mas de mil años de História, por lo menos.