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CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp: como grandes nomes da eletrônica perderam espaço — e o que restou de cada uma

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 07/05/2025 às 11:06
Atualizado em 08/05/2025 às 11:21
CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp
Foto: IA + CANVA

CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp marcaram gerações no Brasil e no mundo com TVs, rádios, aparelhos de som e videogames. Mas o que aconteceu com essas marcas famosas que dominaram o mercado e hoje quase desapareceram dos holofotes? A seguir, entenda as origens, o auge e o que restou de cada uma dessas gigantes da eletrônica.

Nas décadas de 1970 a 1990, o mercado de eletroeletrônicos viveu uma verdadeira explosão de consumo no Brasil, impulsionado por políticas de substituição de importações, crescimento da classe média e o fortalecimento da Zona Franca de Manaus. Nesse cenário, marcas como CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp ganharam protagonismo com produtos que estavam em praticamente todos os lares brasileiros.

Cada uma dessas marcas famosas teve seu momento de glória, com aparelhos inovadores, preços competitivos e forte apelo junto ao consumidor. No entanto, todas aram por crises — e algumas desapareceram completamente do varejo. Entenda o que aconteceu com CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp.

CCE: da popularidade às dificuldades

A CCE (Comércio de Componentes Eletrônicos) foi fundada em 1964 por Isaac Sverner. Começou importando peças eletrônicas, mas logo migrou para a fabricação de produtos próprios. Seu diferencial era claro: oferecer alternativas mais íveis para um mercado ainda muito elitizado. Rádios, aparelhos de som e, mais tarde, TVs e computadores da CCE chegavam às prateleiras com preços inferiores à concorrência.

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Na década de 1980, a CCE entrou no mercado de videogames, com modelos compatíveis com o Atari 2600. Nos anos 90 e 2000, apostou em computadores e eletrodomésticos populares.

Apesar de não ter a mesma reputação técnica de marcas como Gradiente ou Toshiba, a CCE se tornou uma das marcas mais reconhecidas do Brasil — ainda que alvo de piadas, como o jargão “CCE: Comprei, Chorei, Entreguei”.

O que aconteceu com a CCE?

Nos anos 2010, a CCE foi adquirida pela Lenovo, que queria ampliar sua participação no mercado nacional. Em 2012, a gigante chinesa assumiu a marca, mas devolveu o controle à família Sverner em 2015, após resultados abaixo do esperado.

Desde então, a CCE saiu das vitrines das grandes redes e opera com presença pontual, especialmente no setor educacional e B2B. Embora sua produção tenha diminuído, a marca ainda existe — mas muito distante da presença que já teve no ado.

Toshiba: a gigante japonesa que virou sombra

A Toshiba foi fundada em 1939 no Japão, fruto da fusão entre duas empresas de tecnologia. Inovou em diversas áreas: lançou o primeiro notebook comercial (T1100, em 1985), o primeiro vídeo phone a cores e foi pioneira em tecnologia de memória flash.

No Brasil, chegou em 1968, mas ganhou força em 1977, ao formar uma t venture com a SEMP, dando origem à SEMP Toshiba. Essa aliança rendeu produtos memoráveis, como TVs com videocassete embutido e o famoso slogan: “Os nossos japoneses são mais criativos que os japoneses dos outros”.

O que aconteceu com a Toshiba?

O declínio começou com problemas internos e más decisões estratégicas. Em 2015, a empresa foi envolvida em um escândalo contábil, após a revelação de fraudes que inflaram lucros artificiais por anos. Pouco depois, sofreu perdas bilionárias com a falência da subsidiária Westinghouse, no setor de energia nuclear nos EUA.

A Toshiba vendeu diversas divisões, incluindo a de notebooks (Dynabook) e a de televisores (vendida para a Hisense). A parceria com a SEMP foi encerrada, e a empresa japonesa deixou o mercado de consumo no Brasil.

Como está a Toshiba atualmente?

Apesar de muitos acharem que foi o fim da Toshiba, a empresa ainda existe. Hoje, atua em setores como:

  • Infraestrutura energética e nuclear
  • Soluções industriais
  • Tecnologia ferroviária e digital

Em 2023, foi privatizada por um consórcio japonês e tenta se reerguer longe dos holofotes do consumo popular.

Gradiente: a pioneira brasileira que ainda resiste

Gradiente  – um império nacional da tecnologia

A Gradiente foi fundada em 1964, em São Paulo, por Luis Alberto Salvatore e Nelson Bastos. Começou com rádios e amplificadores e logo ou a produzir sistemas de som sofisticados.

Na década de 1970, se destacou ao popularizar o conceito de “system” de som e adquiriu marcas como Garrard e Polyvox. Em 1983, lançou o Atari 2600 no Brasil com licença oficial e, mais tarde, fez história ao fundar a Playtronic, em parceria com a Estrela, trazendo Super Nintendo e Nintendo 64 oficialmente ao país.

O que aconteceu com a Gradiente?

Após altos e baixos, a empresa entrou em recuperação judicial em 2007. A forte concorrência estrangeira, a abertura de mercado nos anos 1990 e dívidas acumuladas derrubaram o império.

Em 2012, a Gradiente retornou como IGB Eletrônica, apostando em celulares, tablets e reedições nostálgicas, como o “Meu Primeiro Gradiente”. No entanto, não conseguiu recuperar o espaço perdido.

Como está a Gradiente atualmente?

A marca ainda existe e opera com foco em nichos, como produtos para a terceira idade e iniciativas de branding nostálgico. A IGB também ficou famosa por disputas judiciais com a Apple sobre o uso do nome “iPhone” no Brasil.

A Gradiente é, das quatro marcas analisadas, a única 100% nacional ainda ativa no setor de eletrônicos — mesmo que com atuação bastante reduzida.

Sharp: da revolução japonesa ao fim da operação no Brasil

A Sharp nasceu no Japão em 1912, e seu nome vem da lapiseira Ever-Sharp, criada em 1915. Foi responsável por avanços tecnológicos em TVs, rádios, calculadoras, celulares, monitores, purificadores e células solares.

No Brasil, a Sharp chegou em 1972, operada pelo Grupo Machline. Destacou-se nos anos 1980 com televisores de ponta, rádios portáteis e sistemas de som, sempre com forte apelo junto à classe média.

Produziu também calculadoras eletrônicas na Zona Franca de Manaus e ganhou fama por sua durabilidade e design arrojado.

O que aconteceu com a Sharp?

A Sharp Brasil entrou em crise no começo dos anos 90, com a morte de Matias Machline, o empresário que comandava a operação local. A empresa enfrentou dificuldades financeiras e decretou falência em 2002.

A marca retornou ao país em 2011, com atuação corporativa focada em impressoras multifuncionais, monitores e soluções digitais, voltada para empresas e governos.

Como está a Sharp atualmente?

Globalmente, a Sharp ou a fazer parte da Foxconn (a mesma que fabrica iPhones para a Apple), após ser adquirida em 2016. Sua operação de consumo voltou a crescer em países da Ásia e Europa.

No Brasil, a Sharp não atua mais diretamente no varejo de eletrônicos, mas mantém presença institucional por meio de parceiros licenciados.

O que restou de CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp?

As marcas famosas que moldaram o consumo de eletrônicos no Brasil nos anos 70, 80 e 90 ainda têm valor simbólico — mas poucas mantêm operações relevantes.

MarcaSituação atual
CCEAinda existe, sob controle da família fundadora, com atuação pontual.
ToshibaOpera globalmente em setores industriais e energia; não atua mais no varejo.
GradienteSobrevive como IGB Eletrônica, com foco em nichos e nostalgia.
SharpAtua globalmente no B2B sob controle da Foxconn; presença discreta no Brasil.

O fim de uma era — e a memória de marcas que marcaram gerações

O que aconteceu com CCE, Toshiba, Gradiente e Sharp reflete as transformações no mercado global de eletrônicos: a entrada de concorrência asiática, a mudança de comportamento do consumidor e a aceleração tecnológica.

Essas marcas famosas foram sinônimo de inovação, status e modernidade. Estavam nos lares, nos escritórios, nas escolas — e fazem parte da memória coletiva de milhões de brasileiros.

Hoje, mesmo fora dos holofotes, essas marcas deixam um legado de inovação e brasilidade, além de lições sobre adaptação, gestão e a importância de investir em tecnologia e renovação constante.

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Múcio Bolivar
Múcio Bolivar
12/05/2025 05:54

Saudade triste de um ado alegre !

José Geraldo Corsini
José Geraldo Corsini
14/05/2025 22:40

Todas as tecnologias fazem parte do conceito de que nada é estático,sempre inovando e descobrindo novas formas de produzir sempre com melhor qualidade e desempenho. Pelos menos é o que deveria acontecer. Hoje existem produtos atraentes pelo preço e design, porém, quase todos descartáveis .
Isso traduz em produtos mais barato porém uma enxurrada de lixos em todo o planeta .Isso colocou por terra o direto de milhões de pessoas a terem para si produtos de alta qualidade como :carro,tv,geladeira, rádio e milhares de outros produtos duradouros.
Entoa o grande lamento para quem pode comprar e ter qualidade em mãos

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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