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Capacete guerreiro hitita de 3.300 anos descoberto na Turquia revela segredos militares e religiosos de uma civilização esquecida da Idade do Bronze

Escrito por Jefferson S
Publicado em 09/06/2025 às 10:41
Capacete hitita antigo de bronze exposto no Museu de Arqueologia de Çorum, revelando detalhes históricos únicos.
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Escavações em Şapinuva, na Anatólia central, desenterram capacete de bronze usado em batalhas e rituais religiosos da poderosa civilização Hitita

Um impressionante capacete guerreiro de bronze com mais de 3.300 anos foi recentemente descoberto em Şapinuva, região central da Turquia, e está surpreendendo arqueólogos e historiadores por oferecer uma visão única sobre os aspectos militares e religiosos da misteriosa civilização Hitita. Encontrado sob destroços de uma antiga estrutura queimada, o objeto foi provavelmente utilizado tanto em combates quanto em cerimônias religiosas dedicadas ao Deus da Tempestade, divindade central dos hititas, segundo informações do site ARkeonNews.

Os Hititas foram uma civilização indo-europeia que dominou a região da Anatólia entre os séculos 17 e 12 a.C., rivalizando com grandes potências da época como o Egito e a Babilônia. Sua capital, Hattusa, era conhecida por sua arquitetura monumental e sistema istrativo sofisticado. Contudo, grande parte da sua história permaneceu desconhecida até agora, tornando essa recente descoberta crucial para entender melhor suas práticas bélicas e religiosas, conforme relatado pela Wikipedia.

Capacete Hitita e sua dupla função na guerra e religião

O capacete descoberto possui um formato cônico distinto, típico da engenharia metalúrgica avançada dos hititas. Seu design não é apenas funcional para a guerra, com buracos para rebites e abas laterais que protegiam bochechas, orelhas e pescoço, mas também apresenta claros traços simbólicos relacionados ao culto ao Deus da Tempestade. Isso sugere um profundo vínculo entre religião e conflito militar nesta antiga sociedade.

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Especialistas destacam que este tipo de capacete, conhecido pelos termos hitita “huprushhi” e hurrita “gur-sip-pi”, aparece frequentemente em representações de soldados e divindades em templos e relevos como os famosos do Portão do Rei em Hattusa. Essas peças, além de servirem para proteção dos guerreiros em batalha, eram consideradas objetos sagrados, frequentemente oferecidos em rituais religiosos para garantir o favor divino em batalhas futuras.

A localização onde o capacete foi encontrado – sobre um banco sacrificial, dentro do edifício D em Şapinuva – reforça a hipótese de seu uso religioso. Isso mostra que objetos militares eram igualmente valiosos em contextos espirituais, indicando que a vitória no campo de batalha era percebida como resultado direto da proteção dos deuses, especialmente o Deus da Tempestade, que governava a guerra e o clima.

Além disso, documentos históricos mencionam capacetes semelhantes sendo oferecidos como presentes diplomáticos, inclusive enviados pelos hititas ao faraó egípcio, ressaltando o valor simbólico e político desses objetos. Este costume demonstra o prestígio cultural que os hititas gozavam na região durante o período do seu império, o que fortalece ainda mais a relevância arqueológica e histórica da descoberta.

Outro aspecto fascinante do capacete é a resistência do material utilizado: o bronze, amplamente reciclado na antiguidade devido ao seu valor. O fato desse capacete ter sobrevivido intacto até os dias atuais, superando incêndios e deteriorações naturais ao longo dos séculos, é um testemunho notável da perícia técnica dos metalurgistas hititas.

Poucas peças semelhantes sobreviveram, justamente por serem normalmente derretidas e reutilizadas, tornando este achado ainda mais valioso e raro para a arqueologia moderna. O capacete encontra-se atualmente exposto no Museu de Arqueologia de Çorum, atraindo pesquisadores e visitantes curiosos pela riqueza histórica e cultural que carrega.

A descoberta também permite revisitar a complexidade da relação dos hititas com suas divindades, indicando claramente que a guerra não era vista apenas como uma prática política ou econômica, mas como um ato diretamente associado à adoração e à proteção divina. Nesse sentido, o capacete transcende a categoria de equipamento militar e se torna uma peça-chave para entender as crenças e práticas religiosas da civilização hitita.

Por fim, o achado em Şapinuva ainda pode revelar mais detalhes importantes. Arqueólogos continuam analisando minuciosamente o objeto na esperança de identificar o guerreiro ou sacerdote que o utilizou, entender melhor as batalhas em que participou e decifrar as cerimônias que acompanharam seu depósito ritualístico, enriquecendo ainda mais nossa compreensão desta civilização perdida.

O legado militar e tecnológico dos Hititas

Os Hititas foram notórios inovadores em técnicas militares, especialmente no uso de carruagens, introduzindo estratégias que moldaram profundamente a guerra no final da Idade do Bronze. A descoberta deste capacete, portanto, confirma aspectos já conhecidos, além de fornecer novas informações sobre como essas inovações tecnológicas eram implementadas na prática pelos guerreiros hititas.

Conhecidos por sua capacidade tecnológica em metalurgia avançada, os Hititas detinham o controle das rotas comerciais de metais, fato que lhes garantiu superioridade militar significativa frente aos rivais. O capacete de bronze exemplifica essa capacidade tecnológica superior, evidenciando o domínio da liga metálica resistente e maleável essencial para equipamentos de guerra eficazes.

Apesar da crença histórica de que os hititas monopolizavam a produção de ferro na região, pesquisas recentes apontam que objetos de ferro eram raros e normalmente derivados de meteoritos durante este período. Portanto, o bronze seguia sendo a principal liga metálica utilizada para armaduras e armamentos, algo claramente demonstrado por este recente achado.

As técnicas de fundição empregadas pelos Hititas foram fundamentais para seu poderio militar, permitindo a produção em larga escala de equipamentos padronizados e resistentes. A durabilidade deste capacete específico comprova que os métodos metalúrgicos utilizados pelos hititas estavam entre os mais avançados de seu tempo, consolidando-os como uma potência tecnológica no mundo antigo.

Essa competência técnica também facilitou a expansão territorial do império, especialmente sob o reinado do poderoso rei Šuppiluliuma I, cujo governo se estendeu sobre a maior parte da Anatólia e do norte da Mesopotâmia. As inovações militares hititas foram essenciais para essas conquistas, destacando-se especialmente a carruagem leve e o armamento defensivo altamente eficaz, exemplificado por peças como o capacete recém-descoberto.

Além de suas capacidades bélicas, os hititas também se destacaram na diplomacia e na política externa, muitas vezes usando presentes valiosos, como capacetes e armas ornamentadas, para estabelecer relações amistosas ou de vassalagem com estados vizinhos poderosos, incluindo o Egito e a Babilônia.

Esses avanços técnicos não apenas permitiram a expansão do território, mas também moldaram a estrutura social interna dos hititas. Equipamentos militares como esse capacete eram símbolos claros de status e distinção, refletindo diretamente a hierarquia social e militar dessa antiga sociedade.

Em resumo, o capacete guerreiro hitita de bronze descoberto em Şapinuva revela muito mais do que apenas detalhes técnicos da guerra antiga: ele conta uma história complexa que combina poder militar, crença religiosa e inovação tecnológica, oferecendo uma compreensão mais profunda da civilização hitita e sua importância histórica.

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Jefferson S

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: [email protected]

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