Brasil atrai grandes montadoras chinesas para investir em veículos elétricos, mas algumas enfrentam desafios inesperados que as levam a recuar antes de consolidar sua presença no mercado promissor e competitivo do país sul-americano.
Nos últimos anos, o Brasil se tornou um verdadeiro polo para as montadoras chinesas de veículos, especialmente na área de carros elétricos e híbridos.
De acordo com especialistas do setor automotivo, o mercado brasileiro tem se destacado por oferecer grande potencial de crescimento, infraestrutura crescente para veículos eletrificados e uma demanda em ascensão por alternativas sustentáveis.
Porém, mesmo diante desse cenário promissor, algumas marcas chinesas têm deixado o país antes de estabelecer operações robustas, enquanto outras apostam alto e investem pesado na produção local.
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A chegada das primeiras montadoras chinesas ao Brasil remonta a cerca de 15 anos, quando empresas como JAC Motors e Chery decidiram apostar no mercado nacional para expandir seus negócios.
A Chery, por exemplo, mantém até hoje operações locais e é a única fabricante chinesa que produz veículos em solo brasileiro, graças à parceria com a Caoa.
Por outro lado, marcas como Lifan, Brilliance e Geely tiveram agens rápidas e encerraram suas atividades aqui, deixando lições importantes sobre os desafios que envolvem o setor.
Nos últimos anos, essa presença chinesa ganhou um novo impulso, especialmente com o foco em veículos elétricos, que aram a ser o centro das estratégias de grandes fabricantes.
A própria Geely, que detém marcas famosas como Volvo e Lotus, anunciou recentemente seu retorno ao Brasil, agora em parceria com a Renault, demonstrando a importância que o mercado brasileiro vem ganhando para essas empresas.
Expansão e novos investimentos
Entre as grandes protagonistas dessa nova “invasão” chinesa estão BYD e Great Wall Motors (GWM).
Essas duas empresas já estão construindo fábricas no país, apostando na fabricação local de automóveis eletrificados e contribuindo para a expansão do mercado nacional.
Além delas, outras marcas como GAC e Omoda Jaecoo já iniciaram operações no Brasil e têm planos de produzir veículos no país.
Curiosamente, mesmo antes de começarem a produzir carros no Brasil, BYD e GWM já conseguiram dar uma guinada significativa no mercado local de veículos elétricos e híbridos, que até pouco tempo atrás era considerado incipiente.
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a participação dos elétricos no mercado nacional cresceu expressivamente nos últimos dois anos, muito por conta da entrada dessas marcas chinesas.
Contudo, o sucesso dessas empresas não garante que todas as montadoras chinesas conseguirão se consolidar no Brasil.
Um exemplo recente é a Seres, que iniciou operações em 2023, trazendo SUVs elétricos como o Seres 3 e o Seres 5, mas enfrentou dificuldades de preço e falta de experiência no mercado, encerrando suas atividades em meados de 2024 após vender apenas oito carros.
A fabricante Dongfeng, que é uma das donas da Seres, planeja tentar uma nova entrada no Brasil com modelos mais recentes, segundo antigos importadores.
Outro caso que chama atenção é o da startup Neta Auto, que revelou sua entrada no Brasil durante o Festival Interlagos de 2024, apresentando três modelos com preços competitivos.
No entanto, o momento econômico desafiador na China tem impactado seus planos para a América do Sul.
Nas últimas semanas, a Neta começou a desativar suas redes sociais brasileiras e, conforme a revista Quatro Rodas, algumas concessionárias da marca cancelaram a abertura pouco antes de inaugurarem.
A controladora Hozon Auto afirmou que tais especulações sobre falência são infundadas e que mantém planos para grande expansão no Brasil.
Novas marcas apostam no país
Além dessas situações, outras montadoras chinesas estão anunciando sua chegada ou retorno ao mercado brasileiro.
A Changan Automobile, que estava ausente desde 2016, confirmou que voltará ao país com foco em SUVs elétricos, usando tecnologia própria.
Um dos modelos já flagrados em testes em São Paulo é o Avatr 11, fruto de uma parceria com a Huawei.
Ainda que não haja data oficial para lançamento, espera-se que seus veículos cheguem ao mercado brasileiro a partir de 2025, embora a possibilidade de produção local ainda não esteja confirmada.
Outro exemplo é a MG Motor, uma marca britânica com mais de 100 anos, hoje pertencente à chinesa Saic Motors, que planeja chegar ao Brasil no mesmo ano.
Com o hatch elétrico MG 4 em processo de homologação, a MG aposta em competir no segmento de carros elétricos e híbridos de entrada, buscando conquistar consumidores que buscam tecnologia aliada a preços íveis.
O Grupo Geely, que além da Volvo também controla as marcas Zeekr e Lynk & Co, planeja ampliar sua atuação no Brasil com a entrada da Polestar, marca esportiva da Volvo.
Além disso, terá operações próprias para veículos da Geely e da picape Riddara, que aposta na tecnologia de picapes elétricas de médio porte.
A expectativa é que a Geely construa uma fábrica no Brasil com produção em alto volume, embora a localização da unidade ainda não tenha sido anunciada oficialmente.
Parcerias estratégicas e desafios do mercado brasileiro
Uma startup promissora é a Leapmotor, que ganhou destaque em 2023 ao fechar uma parceria estratégica com a Stellantis, gigante que detém marcas como Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot.
Com isso, a Leapmotor busca aproveitar a infraestrutura da Stellantis para expandir a oferta de veículos elétricos no Brasil.
O SUV C10 é o primeiro modelo que chegará por aqui, seguido pelo B10 e pelo sedã B01, que deve concorrer com o BYD Seal.
Além da venda direta, a parceria permite que a Leapmotor explore modelos alternativos de negócios, como veicular e frotistas, usando a rede consolidada da Stellantis.
Mesmo diante desse cenário promissor, as dificuldades do mercado brasileiro não são poucas.
Custos elevados de produção, carga tributária, exigências regulatórias e a necessidade de adaptação às preferências do consumidor local são obstáculos que algumas montadoras não conseguem superar.
Além disso, a competição acirrada com marcas tradicionais, nacionais e internacionais, obriga as chinesas a serem ágeis e inovadoras para garantir seu espaço.
O Brasil, portanto, representa um mercado cheio de oportunidades para as montadoras chinesas, mas também um terreno desafiador onde só as marcas que conseguirem se adaptar e investir corretamente terão sucesso a longo prazo.
Você acha que o Brasil continuará a ser um campo fértil para novas marcas chinesas ou será que as dificuldades podem frear essa expansão? Compartilhe sua opinião nos comentários!