Com quase 43 bilhões de litros produzidos, Brasil se consolida como potência em biocombustíveis e aposta no sorgo para ampliar a produção de etanol com menor custo e alta eficiência
A produção de biocombustíveis no Brasil bateu recorde em 2024. Segundo o Anuário da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), etanol e biodiesel somaram quase 43 bilhões de litros. Esse número consolida o país como destaque mundial no setor de energias renováveis.
Sorgo: Uso de novas matérias-primas
Um dos destaques da produção está na diversificação da matéria-prima usada nas usinas. Além da cana-de-açúcar e do milho, o sorgo vem ganhando espaço.
A engenheira agrônoma Ana Scavone, da Advanta Seeds, explica que o rendimento do sorgo na produção de etanol é semelhante ao do milho, mas o custo final é mais baixo. Isso o torna economicamente mais atrativo para a indústria.
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Apesar disso, o sorgo tem uma desvantagem: não produz óleo em seu processo, como ocorre com o milho. Isso retira um valor agregado importante.
No entanto, o farelo que sobra após a produção de etanol forma o chamado DDG, um composto rico em proteína. Esse material pode ser usado na alimentação animal, como de bois, aves e suínos.
Alternativa viável para produtores
Para Ana, o sorgo já não é somente uma oportunidade e sim uma alternativa real com boa rentabilidade. A planta é versátil e tolera melhor o calor e a seca, quando comparada ao milho.
Isso ocorre por causa da estrutura das raízes e da proteção natural nas folhas, que reduz a perda de água. Além disso, o sorgo pode ser uma forma de gerar renda extra para os produtores rurais.
Crescimento do cultivo de sorgo no Brasil
O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor de sorgo do mundo. O cultivo vem crescendo nos últimos anos, principalmente como segunda safra, aproveitando janelas de plantio estreitas. Segundo a especialista, investir no sorgo pode gerar uma rentabilidade igual ou até maior que a do milho, dependendo da época de plantio.
Tecnologia e adaptação das usinas
Essa evolução é resultado também de novas tecnologias. Um exemplo é o sorgo Igrowth, da própria Advanta Seeds. Esse tipo oferece controle de plantas daninhas de folhas estreitas, mantendo a lavoura limpa durante e após a colheita. Isso favorece o cultivo seguinte e traz economia para o agricultor.
Ana destaca que muitas usinas já veem o sorgo como aliado na produção de etanol. O etanol de milho já é consolidado no Brasil, e as máquinas precisam de poucas adaptações para processar o sorgo.
Três unidades já adotaram esse modelo híbrido. Elas estão localizadas em Sidrolândia (MS), Balsas (MA) e no Vale do Araguaia (MT), onde a instalação está quase pronta.
Segundo a engenheira, esse movimento mostra que o sorgo começa a ocupar seu espaço na cadeia de biocombustíveis. E essa mudança pode marcar o início de uma nova etapa para o setor no Brasil.
Com informações de Power Mix.