Reino Unido desenvolve arma que usa ondas de radiofrequência para desativar drones em massa
O avanço da tecnologia militar ganhou mais um capítulo importante com o anúncio do Reino Unido: uma nova arma, batizada de RF DEW (Radiofrequency Directed Energy Weapon), foi apresentada como solução promissora contra ataques com drones kamikaze, cada vez mais comuns em conflitos modernos como a guerra da Ucrânia. A novidade utiliza ondas de radiofrequência direcionada para desativar sistemas eletrônicos embarcados em drones de combate, inclusive aqueles que operam de forma autônoma.
Durante testes realizados no País de Gales, o sistema conseguiu neutralizar até 100 drones com um único disparo, mostrando potencial para transformar estratégias de defesa aérea em cenários militares e civis.
Como funciona a arma RF DEW
A tecnologia da arma contra drones britânica é baseada em princípios já conhecidos da engenharia eletromagnética, mas aplicados com precisão inédita no campo militar. As ondas de radiofrequência, que não oferecem risco aos seres humanos, são capazes de atingir simultaneamente múltiplos alvos eletrônicos dentro de um raio de 1 km, danificando seus circuitos internos e provocando a falha total do sistema de controle dos drones.
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O sistema é silencioso, invisível e eficaz contra modelos que são imunes às tradicionais interferências de sinal, como o drone russo Lancet, conhecido por ser programado para atingir o alvo mesmo sem conexão com o operador remoto.
Baixo custo por disparo e alto impacto em combate são destaques da nova arma do Reino Unido
Embora o projeto tenha custado cerca de 40 milhões de euros (aproximadamente R$ 250 milhões), o custo por disparo do RF DEW é de apenas 10 centavos de euro. Isso representa uma revolução nos cálculos de custo-benefício em combate, considerando que drones de ataque são geralmente muito mais baratos do que mísseis ou aeronaves tripuladas, mas podem causar estragos severos em instalações, veículos e tropas.
Essa relação econômica torna o RF DEW uma ferramenta especialmente estratégica para conter ataques massivos com drones baratos, prática cada vez mais comum em guerras assimétricas e operações de sabotagem.
O papel dos drones na guerra moderna
O uso de drones na guerra da Ucrânia escancarou o impacto desses equipamentos no campo de batalha. De acordo com relatórios recentes, mais de 20 mil drones já foram utilizados pelas forças russas e ucranianas desde o início do conflito.
Os aparelhos são empregados tanto para reconhecimento tático quanto para ataques diretos, funcionando como armas de precisão com explosivos entre 1 e 2 quilos, muitos deles adaptados a partir de modelos comerciais.
Os chamados drones kamikaze se lançam contra alvos fixos e móveis, provocando destruição com explosivos e estilhaços. Alguns são simples e caseiros, enquanto outros contam com câmeras de alta definição e transmissão ao vivo, permitindo ao operador remoto visualizar o impacto em tempo real. Segundo a BBC, os últimos momentos registrados por esses drones revelam soldados em desespero antes de serem atingidos, mostrando a dimensão emocional e estratégica da ameaça.
RF DEW: uma resposta do Reino Unido à guerra digital
Enquanto sistemas tradicionais de defesa aérea são caros e limitados, o RF DEW aparece como uma alternativa viável, especialmente contra drones autônomos que não dependem de GPS ou controle remoto. Essas aeronaves não tripuladas não podem ser neutralizadas apenas com bloqueadores de sinal, exigindo soluções que atuem diretamente nos circuitos internos dos equipamentos.
Ao usar radiofrequência em alta potência, a arma britânica interrompe os sistemas eletrônicos de controle, navegação e transmissão dos drones, tornando-os inoperantes em segundos, sem disparar projéteis, sem barulho e com risco mínimo de dano colateral.
Apesar de ser pensada para fins militares, a tecnologia do RF DEW também tem potencial para uso em áreas civis, como aeroportos e instalações críticas, onde a presença de drones não autorizados representa ameaça real à segurança. Casos recentes de voos suspensos por causa de objetos voadores em áreas de pouso e decolagem mostram que a neutralização segura e rápida desses aparelhos é uma demanda urgente.
Um marco no uso de energia dirigida na defesa
O desenvolvimento do RF DEW é parte de um movimento mais amplo entre países da OTAN e potências emergentes, que apostam em armas de energia dirigida como forma de reduzir os custos e ampliar a eficácia das defesas no século 21. Além do Reino Unido, Estados Unidos, China e Israel também vêm testando armas similares, com diferentes fontes de energia — como lasers de alta potência e micro-ondas.
No caso britânico, o diferencial está na aplicação da radiofrequência em campo aberto com precisão milimétrica, sem depender de alvos fixos ou clima favorável, como ocorre com sistemas baseados em laser.