Trump impõe tarifas a ilhas remotas da Antártida, surpreende a Austrália e levanta debate sobre impactos econômicos e ambientais globais.
Em uma medida inesperada que gerou perplexidade internacional, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu as isoladas Ilhas Heard e McDonald — localizadas na região da Antártida — na nova rodada de tarifas comerciais.
A decisão, considerada um erro por autoridades australianas, afeta diretamente territórios desabitados e praticamente iníveis, levantando questionamentos sobre o critério adotado e os possíveis impactos na economia global.
As Ilhas Heard e McDonald, situadas a cerca de 4 mil quilômetros a sudoeste da Austrália, são reconhecidas por sua biodiversidade única, com vastas colônias de pinguins, focas e aves marinhas.
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Desabitadas e raramente visitadas por humanos, essas ilhas fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO e são um exemplo raro de ecossistema intocado.
No entanto, tornaram-se recentemente alvo de tarifas comerciais de 10% impostas pelo governo Trump, mesmo não possuindo atividade econômica relevante.
A reação da Austrália foi imediata. O ministro do Comércio, Don Farrell, classificou a decisão como “claramente um erro”, destacando que a medida afeta locais sem qualquer relação comercial significativa com os EUA.
“Pobres pinguins… não sei o que fizeram com Trump, mas isso mostra o quão apressado foi o processo”, ironizou em entrevista à ABC.
Além das Ilhas Heard e McDonald, outras regiões australianas também foram incluídas na lista tarifária, como a Ilha Christmas, as Ilhas Cocos (Keeling) e a Ilha Norfolk — esta última, com uma população de cerca de 2.200 habitantes, foi atingida por uma tarifa ainda mais alta, de 29%.
A justificativa para tais tarifas permanece nebulosa. Relatórios indicam que dados de exportação foram mal interpretados, resultando em registros incorretos sobre a origem de determinados embarques.
Segundo análise do The Guardian, produtos eletrônicos que realmente vieram de outras regiões foram rotulados como se tivessem origem nas ilhas antárticas, distorcendo as estatísticas comerciais.
Para o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, a decisão reflete uma abordagem equivocada da política comercial dos EUA.
Ele classificou as tarifas como “totalmente injustificadas” e afirmou que “não são o ato de um país amigo”.
O professor Mike Coffin, da Universidade da Tasmânia, reforça a ausência de qualquer infraestrutura produtiva nas ilhas, destacando que a última expedição humana ocorreu em 2016.
“Não há nada lá. Apenas pinguins, focas e um vulcão ativo”, disse, referindo-se ao Big Ben, o maior vulcão da Austrália, localizado na Ilha Heard.