Com 9.289 km, a ferrovia Transiberiana não é apenas uma viagem de trem, mas uma imersão na história, cultura e nas vastas paisagens que unificam uma nação continental
A ferrovia Transiberiana é mais do que uma linha férrea; é uma odisseia lendária. Descrita como a “joia mais cara na coroa dos czares russos”, sua grandiosidade transcende a engenharia. A viagem de sete dias de Moscou a Vladivostoque, cruzando oito fusos horários, é uma imersão profunda na geografia e na história que moldaram a Rússia.
Entenda a saga da construção desta “fita de aço”, suas rotas icônicas, a experiência a bordo e o legado duradouro de um dos maiores feitos da engenharia mundial.
A construção da ferrovia Transiberiana
A gênese da ferrovia Transiberiana remonta ao final do século XIX, sob a visão do Imperador Alexandre III. Os objetivos eram claros: conectar a Sibéria, rica em recursos, com a Rússia Europeia, incentivar a colonização e projetar o poder imperial russo na Ásia.
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A construção oficial, iniciada em 1891, foi um esforço monumental. Os desafios incluíam a impenetrável taiga, invernos siberianos de frio extremo, pântanos e rios poderosos. A mão de obra, de até 89.000 pessoas no auge, era composta por camponeses, soldados e prisioneiros, que realizaram grande parte do trabalho manualmente. Apesar das dificuldades, em outubro de 1916 a linha estava concluída em território russo.
As principais rotas da ferrovia Transiberiana
A ferrovia Transiberiana é, na verdade, uma rede de rotas. A mais conhecida é a clássica, mas existem outras duas que levam à China.
Rota Transiberiana Clássica: Com 9.289 km, liga Moscou a Vladivostoque, no Oceano Pacífico. É a espinha dorsal do sistema, operando inteiramente dentro da Rússia.
Rota Transmongol: Ramifica-se da linha principal em Ulan-Ude e segue para o sul, atravessando a Mongólia (via Ulaanbaatar) até chegar a Pequim, na China.
Rota Transmanchuriana: Também liga Moscou a Pequim, mas contorna a Mongólia, ando pela região da Manchúria, no nordeste da China.
A experiência a bordo do trem e suas classes
A experiência a bordo da ferrovia Transiberiana varia conforme a classe de viagem. A Terceira Classe (Platzkart), com vagões abertos, oferece mínima privacidade, mas máxima interação social. A Segunda Classe (Kupe) possui cabines fechadas com quatro beliches, e a Primeira Classe (SV) oferece cabines com apenas dois beliches e mais conforto.
A vida no trem tem um ritmo próprio. O provodnik (assistente de vagão) é uma figura central. O kipitok, um dispensador de água quente, é essencial para o preparo de chás, cafés e refeições instantâneas. A interação com outros ageiros, russos e estrangeiros, é parte fundamental da jornada. Todos os horários seguem a hora de Moscou.
Uma viagem pela Rússia, paradas icônicas na rota clássica da ferrovia Transiberiana
A rota clássica de Moscou a Vladivostoque é pontuada por cidades que revelam a diversidade russa.
Moscou e Ecaterimburgo: O ponto de partida é a vibrante capital, com seu Kremlin e Praça Vermelha. A primeira grande parada é Ecaterimburgo, que marca a fronteira entre a Europa e a Ásia.
Novosibirsk e Irkutsk: Novosibirsk é a maior cidade da Sibéria e um importante polo industrial. Irkutsk, conhecida como a “Paris da Sibéria”, é a principal porta de entrada para o majestoso Lago Baikal, o lago mais profundo do mundo.
Ulan-Ude e Vladivostoque: Ulan-Ude, capital da Buriácia, é um fascinante centro cultural. A jornada termina em Vladivostoque, um importante porto no Oceano Pacífico cujo nome significa “Governante do Oriente”.
Como a ferrovia Transiberiana moldou a Rússia moderna
O impacto da ferrovia Transiberiana na Rússia foi profundo. Economicamente, ela impulsionou a revolução industrial da Sibéria, facilitando o transporte de recursos como madeira e carvão. Estrategicamente, foi crucial para o movimento de tropas, especialmente na Segunda Guerra Mundial.
A ferrovia foi o motor da “Grande Migração Siberiana”, que levou mais de 2,5 milhões de camponeses da Rússia Europeia para a Sibéria entre 1895 e 1916. Cidades como Novosibirsk surgiram ao longo de seu trajeto. Hoje, a ferrovia Transiberiana é um símbolo do crescimento industrial, da ambição e da capacidade da Rússia de integrar seus vastos territórios, sendo um pilar de orgulho nacional.