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A Nova Indústria Brasil, um plano de R$ 300 bilhões que visa modernizar setores chave e impulsionar o PIB e a competitividade do país

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 02/06/2025 às 09:21
Nova Indústria Brasil: o plano de R$300 bi para reindustrializar o país. Conheça as 6 missões, o papel do BNDES e a ligação com a reforma tributária
Nova Indústria Brasil: o plano de R$300 bi para reindustrializar o país. Conheça as 6 missões, o papel do BNDES e a ligação com a reforma tributária
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Entenda a Nova Indústria Brasil (NIB), a ambiciosa política de neoindustrialização do governo federal. Detalhamos o papel central do BNDES, as seis missões prioritárias para o desenvolvimento e a crucial ligação com a futura reforma tributária.

O governo federal lançou a Nova Indústria Brasil (NIB), uma abrangente e multifacetada política pública que visa revitalizar e modernizar o setor industrial nacional. O objetivo central é impulsionar o desenvolvimento tecnológico, aumentar a competitividade e gerar empregos de qualidade no país.

Com um investimento robusto liderado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Nova Indústria Brasil se estrutura em missões estratégicas que abrangem diversos setores. Este artigo analisa os pilares dessa política, seus desafios e como ela busca transformar a indústria brasileira até 2033.

O que é a Nova Indústria Brasil? Objetivos e as 6 missões chave

A Nova Indústria Brasil (NIB) é uma estratégia governamental com visão de longo prazo, estendendo-se até 2033, e com um plano de ação inicial focado no período de 2024-2026. Ela foi definida pela Resolução nº 1 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) em julho de 2023. Seus princípios incluem a inclusão socioeconômica, o desenvolvimento produtivo e tecnológico, a sustentabilidade e uma inserção internacional qualificada do Brasil.

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A NIB se articula em torno de seis missões prioritárias, cada uma com metas específicas:

  1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para segurança alimentar, nutricional e energética.
  2. Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir vulnerabilidades do SUS.
  3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis.
  4. Transformação Digital da indústria para ampliar a produtividade.
  5. Bioeconomia, descarbonização, transição e segurança energéticas.1
  6. Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais. Essas missões, conforme detalhado no plano, buscam direcionar os esforços de neoindustrialização para áreas estratégicas.

BNDES como motor: R$ 300 bilhões para impulsionar a Nova Indústria Brasil

Nova Indústria Brasil o plano de R$300 bi para reindustrializar o país. Conheça as 6 missões, o papel do BNDES e a ligação com a reforma tributária

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assume um papel central como principal agente financeiro da NIB, com um compromisso de destinar R$ 300 bilhões para a política até o final de 2026. Este montante representa um aumento em relação a cifras iniciais, sinalizando um forte apoio. Até maio de 2025, o BNDES já havia investido R$ 205 bilhões no âmbito da NIB.

A distribuição inicial desses recursos concentrou-se nas missões de Agropecuária (R$ 56,2 bilhões), Infraestrutura (R$ 50,8 bilhões) e Digital (R$ 49,6 bilhões). O banco opera com diversas linhas de crédito e programas, como o Plano Mais Produção (P+P) e o BNDES Mais Inovação, que se estrutura em eixos como Mais Produtividade, Mais Inovação, Mais Verde e Mais Exportação.

NIB em prática: alinhamento com estatais e primeiros avanços nas missões

A participação de grandes empresas estatais é fundamental para a Nova Indústria Brasil. A Petrobras, por exemplo, demonstra alinhamento com a NIB através de seus planos de contratar novas embarcações com conteúdo local e realizar significativos investimentos em transição energética. A estatal manifestou preocupação sobre a capacidade da indústria nacional em atender a essas encomendas, ressaltando a necessidade de apoio ao setor.

Exemplos de projetos e investimentos iniciais já mostram a NIB em ação: o BNDES financiou a expansão da capacidade de armazenagem de grãos (Missão Agropecuária); lançou um FIP para startups de saúde em parceria com a Finep e a Fundação Butantan (Missão Saúde); destinou recursos para mobilidade urbana em São Paulo (Missão Infraestrutura); e apoia o programa Brasil Semicon (Missão Digital). Além disso, um projeto de hidrogênio verde no Piauí (Missão Descarbonização) e financiamentos para a Embraer (Missão Defesa) também se inserem no contexto da política.

Reforma tributária de 2027: o pilar essencial para o sucesso da Nova Indústria Brasil

A plena eficácia da Nova Indústria Brasil está intrinsecamente atrelada à bem-sucedida implementação da reforma tributária, prevista para entrar em vigor de forma mais completa a partir de 2027. Esta reforma é vista como fundamental para destravar o potencial da indústria nacional. Segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a reforma promoverá uma desoneração de 100% sobre os investimentos e também isentará completamente as exportações.

A expectativa é que essa desoneração reduza o custo de capital e estimule a modernização industrial. A reforma busca simplificar o sistema com a unificação de cinco tributos no modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IBS e CBS) e a criação de um Imposto Seletivo (IS). Isso pode reduzir custos de conformidade e acabar com a “guerra fiscal” entre estados, criando um ambiente de negócios mais favorável para os objetivos da Nova Indústria Brasil. O cronograma de transição da reforma, no entanto, estende-se até 2033.

Desafios e perspectivas: a visão da indústria e de especialistas sobre a NIB

A Nova Indústria Brasil é recebida com apoio pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que a considera um ponto de inflexão. No entanto, a CNI aponta desafios significativos: o amplo desconhecimento da política pelas empresas, a percepção de insuficiência de recursos em comparação com outros países, a necessidade de coerência nas políticas públicas (criticando juros altos e a MP do PIS/Cofins), o peso da carga tributária e do “Custo Brasil”, e os custos da ilegalidade que afetam diversos setores industriais.

Analistas como André Nassif também levantam questões, criticando a horizontalidade excessiva das missões (o que pode dificultar o foco), a definição incompleta de alguns instrumentos (como a política comercial externa) e, crucialmente, a ausência de uma instituição federal com poder de coordenação central da NIB, além do desalinhamento com a política macroeconômica restritiva. O histórico brasileiro de “voluntarismo industrialista”, com políticas que não perduram, também gera cautela.

O futuro da reindustrialização com a Nova Indústria Brasil

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A Nova Indústria Brasil é uma iniciativa ambiciosa com o potencial de redefinir o desenvolvimento industrial do país. Seu sucesso, contudo, não é garantido apenas pelo vultoso financiamento do BNDES ou pelo alinhamento de grandes estatais. Ele depende crucialmente da capacidade de coordenação eficaz entre os diversos atores e políticas, de um ambiente macroeconômico estável e estimulante, da implementação bem-sucedida e integral da reforma tributária, e do engajamento efetivo do setor privado, especialmente das pequenas e médias empresas.

Para que a Nova Indústria Brasil se consolide como uma política de Estado duradoura e transformadora, e não apenas mais uma tentativa de curta duração, é fundamental um compromisso sustentado que transcenda ciclos governamentais. A construção de um consenso político e social em torno de seus objetivos é, portanto, tão importante quanto os recursos financeiros alocados.

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