Microsoft apresenta planos para substituir navegação tradicional por agentes autônomos de inteligência artificial realizando tarefas complexas online.
A Microsoft quer transformar a maneira como as pessoas navegam na internet. A empresa acredita que a inteligência artificial tem o potencial de alterar a web de forma tão profunda quanto os celulares mudaram o mundo nos últimos 20 anos. No entanto, essa transformação enfrenta desafios técnicos e práticos.
A proposta da Microsoft para a IA na internet
A inteligência artificial generativa, que cria conteúdos a partir de comandos de usuários, ganhou destaque no final de 2022.
Naquele período, a OpenAI, apoiada pela própria Microsoft, lançou o ChatGPT, um chatbot capaz de escrever desde pequenos textos até redações completas com apenas um comando simples. Poucos anos depois, a Microsoft apresenta planos mais ambiciosos.
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Agora, a empresa quer ultraar o ChatGPT e seus concorrentes. A ideia é construir uma nova base para a internet.
De acordo com a Microsoft, a IA está evoluindo rapidamente. Empresas do setor investem bilhões de dólares em infraestrutura e reestruturam suas equipes para se adaptarem ao novo cenário.
Em uma prova dessa reestruturação, a Microsoft demitiu mais de 6.000 funcionários uma semana antes de anunciar sua nova estratégia.
A web agêntica: agentes autônomos no lugar de cliques
A Microsoft define sua proposta como uma “web aberta e agêntica”. Nela, os usuários enviariam agentes de IA para realizar tarefas automaticamente.
Hoje, a maioria das pessoas interage com a IA através de buscas no Google ou conversas em chatbots. Para a Microsoft, essas formas já estão ultraadas.
Na visão da empresa, agentes autônomos seriam responsáveis por tarefas complexas. Por exemplo, uma pessoa poderia pedir ao seu agente para planejar férias.
O agente pesquisaria voos, hotéis e montaria o itinerário, tudo de forma automática. Esse tipo de trabalho ainda exige esforço manual dos usuários.
Durante a conferência Build, realizada em Seattle, o CEO Satya Nadella detalhou a nova estrutura. Ele mostrou como os agentes podem corrigir códigos de computador, criar apresentações no PowerPoint e organizar relatórios de despesas. Essas funções são possíveis graças ao que a Microsoft chama de “pilha de IA”.
Como funciona a pilha de IA da Microsoft
Essa pilha é composta por várias camadas. Na base, encontra-se a infraestrutura de dados sustentada pela Microsoft.
Acima dela, ficam os modelos e agentes de IA, que interagem diretamente com essas informações. Outras empresas também estão construindo agentes e modelos de IA que operam sobre essas fundações.
Um dos elementos centrais dessa arquitetura é o protocolo de comunicação entre agentes. A Microsoft aposta no chamado Protocolo de Contexto Modelo. Kevin Scott, diretor de tecnologia da empresa, comparou o protocolo ao HTTP, padrão que permitiu o funcionamento da web tradicional.
Esse novo protocolo possibilita que agentes de IA em sites, recolham dados e conversem com outros agentes de forma automática. “Ele está preenchendo um nicho incrivelmente importante“, afirmou Scott durante um discurso no dia 19 de maio.
A concorrência entre gigantes da tecnologia
A Microsoft não está sozinha nessa corrida. Desde o lançamento do ChatGPT, surgiram diversos concorrentes.
Empresas como Google, Meta e a xAI de Elon Musk também buscam desenvolver tecnologias semelhantes. Todas tentam migrar de uma internet baseada em cliques para uma internet movida por agentes.
Chirag Shah, professor de ciência da informação na Universidade de Washington, vê obstáculos nesse caminho.
O World Wide Web Consortium, órgão neutro responsável pelos padrões da internet desde 1994, não obriga ninguém a seguir o protocolo da Microsoft. Segundo Shah, outras empresas podem adotar alternativas.
“Não vejo isso como uma mudança na web“, afirmou Shah. “Vejo isso como um conjunto de ideias que já tem concorrência.” Shah já trabalhou para a Microsoft, mas não tem vínculo atual com a empresa.
Problemas com a precisão das inteligências artificiais
Um dos maiores desafios para o avanço da web agêntica é garantir a precisão das informações geradas pelos agentes. Desde o lançamento do ChatGPT, a IA generativa já enfrentou diversas falhas.
Recentemente, a Visão Geral da IA do Google apresentou respostas fictícias ao tentar explicar expressões idiomáticas sem sentido.
No mesmo período, o chatbot Grok, da xAI, espalhou teorias conspiratórias na rede social X. As mensagens não estavam relacionadas aos tópicos originais, e a xAI alegou que o problema foi causado por alterações não autorizadas.
No dia 20 de maio, um dia após o anúncio da Microsoft na Build, o site 404 Media revelou que o jornal Chicago Sun-Times publicou um artigo gerado por IA com indicações de livros que não existiam, de autores e citações completamente inventadas.
Embora humanos também cometam erros na internet, eles compreendem melhor as consequências desses enganos.
Shah alerta que, em situações delicadas, os erros dos agentes podem ser ainda mais graves. Ele compara: “É o equivalente a dar US$ 100 a alguém e pedir para ele ir às compras para você. Isso é de baixo risco, mas pense em saúde, questões legais e na tomada de decisões financeiras. Há grandes consequências por cometer erros ali.“
Adoção da nova linguagem NLWeb
Outro o na estratégia da Microsoft é o lançamento do NLWeb, um novo projeto de linguagem de software. Assim como o HTML estruturou a web tradicional, o NLWeb promete criar uma experiência de IA mais fluida. Sites como a Eventbrite e a Shopify já começaram a adotar a tecnologia.
O NLWeb permite que desenvolvedores criem comandos em linguagem natural, facilitando o uso por internautas comuns. Segundo Shah, essa linguagem atende ao desejo antigo dos programadores: facilitar pesquisas em sites usando linguagem simples.
Apesar do avanço tecnológico, o uso generalizado ainda encontra barreiras. Assim como carros autônomos ainda são s a testes em mercados limitados, a adoção plena da web agêntica pode demorar. Para Shah, o mundo ainda não está pronto para entregar sua autonomia a esses sistemas.
“Não estamos prontos, todos nós, para abrir mão de nossa autonomia em favor desses sistemas”, concluiu. “Eles não vão substituir radicalmente a internet como a conhecemos.”