A elevação do nível do mar e inundações históricas colocam em xeque o futuro do Rio de Janeiro, uma icônica metrópole brasileira, e seu templo do futebol, o Maracanã, exigindo ações urgentes.
A imagem de uma “maré alta” atingindo o Maracanã simboliza uma ameaça complexa e crescente para o Rio de Janeiro. Esta metrópole brasileira enfrenta riscos combinados de inundações fluviais, pluviais e costeiras, todos agravados pela elevação global do nível do mar (ENM). A preocupação vai além de uma estrutura física, tocando na salvaguarda de um patrimônio cultural e na resiliência da cidade.
Este artigo analisa, com base em evidências, a natureza e a iminência desses riscos. O foco recai sobre a região do Maracanã, um símbolo da identidade nacional. Compreender essa ameaça é vital para proteger não apenas o estádio, mas toda a dinâmica desta vibrante metrópole brasileira diante de um futuro climático incerto.
A crescente vulnerabilidade do Rio de Janeiro à elevação do nível do mar
A ameaça da elevação do nível do mar (ENM) para o Rio de Janeiro é cientificamente embasada e cada vez mais urgente. Um relatório da ONU, citado pela Prefeitura, aponta um aumento de 13 centímetros no nível do mar na cidade entre 1990 e 2020. Projeções indicam um acréscimo adicional de 12 a 21 centímetros nos próximos 30 anos, devido ao aquecimento global. Essa aceleração sinaliza um contínuo agravamento dos riscos costeiros.
-
Brasil impulsiona mineração em uma das maiores reservas de urânio do mundo, constrói o reator multipropósito brasileiro, e busca a soberania nuclear
-
Angra 3: o elefante branco nuclear do Brasil que custa mais de R$ 1 bilhão por ano sem produzir energia. O que impede a conclusão dessa obra bilionária parada desde a Lava Jato?
-
Função escondida do câmbio automático pode deixar seu carro mais potente e fácil de dirigir
-
Afinal, por que os asiáticos têm olhos puxados?
Desde 2008, estudos são conduzidos pelo Instituto Pereira os (IPP), Prefeitura e parceiros como o INPE para informar o planejamento urbano e fortalecer a resiliência desta metrópole brasileira. A Bacia da Baía de Guanabara, crucial para a hidrologia local, possui a maior taxa de exposição populacional ao risco de ENM no Brasil, atingindo 78%. Essa vulnerabilidade extrema tem implicações sociais profundas, afetando diretamente milhões de habitantes. Áreas de baixa altitude, como a Baixada de Jacarepaguá, e assentamentos informais são particularmente frágeis. A perda de cerca de 90% dos manguezais da Baía de Guanabara, barreiras naturais essenciais, agrava a situação, deixando extensas áreas mais expostas.
Maracanã e Grande Tijuca: um histórico de inundações na metrópole brasileira
A região do Maracanã, Tijuca e Praça da Bandeira possui um longo histórico de inundações. A Grande Enchente de janeiro de 1966 é emblemática: o Maracanã abrigou 18.910 desabrigados. A Tijuca e ruas adjacentes ficaram submersas, comprometendo a mobilidade. A Praça da Bandeira, um nó viário vital para a metrópole brasileira, tem histórico de paralisações desde o século XIX. Embora o reservatório da Praça da Bandeira (operacional desde 2013) tenha trazido alívio, alagamentos menores persistem.
O próprio Estádio do Maracanã sofreu repetidamente com chuvas intensas. Jogos foram interrompidos ou adiados em 2019, 2015, 2010, 1998, 1989 e 1981 devido a alagamentos no gramado, vestiários e túneis. A funcionalidade do estádio também é afetada quando vias de o cruciais, como a Praça da Bandeira e a Radial Oeste, ficam intransitáveis. Essas ocorrências crônicas indicam causas profundas, ligadas à topografia, drenagem e urbanização, agora amplificadas pelas mudanças climáticas.
Fatores determinantes do risco aumentado de inundação
A vulnerabilidade a inundações no complexo do Maracanã e seu entorno persiste devido a deficiências no sistema de drenagem. Chuvas intensas sobrecarregam o escoamento, causando inundações significativas. O trecho final do Rio Joana, próximo ao Maracanã, apresenta um estrangulamento que restringe o fluxo, represando água e afetando o estádio e a UERJ. A situação piora quando o Rio Maracanã transborda, direcionando mais água para o já comprometido sistema do Rio Joana.
O Rio Maracanã, com nascentes na Floresta da Tijuca, foi retificado e canalizado no século XX, alterando sua dinâmica. Ele deságua no Canal do Mangue, que também recebe águas dos rios Joana, Trapicheiros e outros antes de chegar à Baía de Guanabara. O estreitamento da foz do Canal do Mangue para a construção da zona portuária reduziu drasticamente sua capacidade de escoamento, contribuindo para inundações a montante. A Baía de Guanabara, poluída e assoreada, tem sua capacidade de comportar fluxos comprometida, especialmente com marés altas e ENM, influenciando os níveis d’água nos rios que nela deságuam, impactando até mesmo áreas como a do Maracanã.
As mudanças climáticas globais aceleram os riscos. A “Estratégia de Adaptação às Mudanças Climáticas da Cidade do Rio de Janeiro” (2016) reconhece o aumento da frequência e volume de chuvas fortes. A ENM, além de causar inundações costeiras, dificulta o escoamento dos rios para a baía (efeito de remanso). A urbanização, com aterramento de várzeas e impermeabilização do solo, aumenta o escoamento superficial, sobrecarregando a drenagem. A geologia da planície costeira, com solos compressíveis, também sugere uma predisposição à subsidência (afundamento do solo), embora dados específicos para o Maracanã sejam limitados.
Estratégias de defesa: engenharia, monitoramento e o futuro da adaptação na metrópole brasileira
O Rio de Janeiro tem investido em medidas estruturais, especialmente na Grande Tijuca. Reservatórios subterrâneos na Praça da Bandeira (18 milhões de litros), Praça Varnhagen (45.000 m³) e Praça Niterói (55.000 m³) foram construídos. O desvio de parte do fluxo do Rio Joana por um túnel para a Baía de Guanabara é outra medida. Um novo túnel está em construção para desviar o excesso de água do Rio Maracanã para o sistema do Rio Joana, visando reduzir o volume de água no leito principal do Rio Maracanã.
O Sistema Alerta Rio (Geo-Rio) monitora condições meteorológicas e emite alertas. Parcerias com a NASA aprimoram modelos de previsão de deslizamentos. Mapas de suscetibilidade a escorregamentos e inundações existem. Em agosto de 2024, foi criado o “Comitê Rio de Estudos Científicos sobre a Elevação dos Mares” para aprofundar pesquisas sobre os impactos da ENM nesta metrópole brasileira. Planos como a Estratégia de Adaptação (2016), o Plano Estadual de Recursos Hídricos (2014) e o Plano Municipal de Saneamento Básico (2021-2041) orientam ações.
A Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE) ganha reconhecimento. A Baía de Guanabara perdeu 90% dos manguezais, defesas naturais cruciais. A proteção e restauração desses ecossistemas são recomendadas, oferecendo soluções regenerativas e mais custo-efetivas a longo prazo.
Agora imagine o risco a cidade de Maricá, que está apenas 68 cm acima do nível do mar?
“O Rio vai sumir!” Tão deixando a gente sonhar.