Uma plataforma no mar que lança foguetes ao espaço: conheça a Odyssey, a colossal estrutura flutuante com motores próprios que já colocou satélites em órbita a partir do meio do oceano.
Poucos sabem, mas uma estrutura flutuante no meio do oceano já foi responsável por lançar foguetes ao espaço com sucesso. Trata-se da Odyssey, uma imensa plataforma offshore semissubmersível, originalmente construída como uma plataforma de perfuração de petróleo e convertida para lançamentos espaciais. Com 132,9 metros de comprimento, 67 metros de largura e mais de 30 mil toneladas, ela representa uma das soluções mais engenhosas da corrida espacial moderna.
A Odyssey operou durante anos a partir do Oceano Pacífico, próxima à linha do Equador, posição geográfica ideal para o lançamento de satélites devido à maior velocidade de rotação da Terra. Seus lançamentos faziam parte do projeto Sea Launch, que combinava infraestrutura naval, engenharia aeroespacial e precisão orbital.
De plataforma de petróleo a base de lançamentos
Construída em 1983 no Japão pela Sumitomo Heavy Industries, a embarcação foi inicialmente usada pela Ocean Drilling & Exploration Company (ODECO). Na década de 1990, foi adaptada para operações espaciais e ou a integrar o consórcio Sea Launch, liderado por empresas dos Estados Unidos, Rússia, Noruega e Ucrânia.
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A plataforma offshore Odyssey ou a funcionar como uma base móvel de lançamentos, operando em alto-mar com apoio do navio Sea Launch Commander, responsável pela coordenação das missões. Durante os lançamentos, a plataforma ficava completamente desabitada, e todo o controle era feito remotamente a partir do navio de comando posicionado a quilômetros de distância.
Características técnicas da plataforma offshore Odyssey
Além do porte imponente, a Odyssey possui um hangar climatizado que protege os foguetes durante o transporte. O lançamento é feito com o foguete posicionado verticalmente após ser movido para a plataforma externa.
A embarcação é equipada com oito motores, sistemas de posicionamento dinâmico e estruturas internas capazes de acomodar até 68 pessoas durante o trânsito. Em operação, é estabilizada com lastro de água, transformando-se em uma base estável mesmo em alto-mar. Seu deslocamento atinge 50.600 toneladas quando submersa e estabilizada para lançamento.
Lançamentos bem-sucedidos e falhas registradas da plataforma offshore
Durante suas atividades no consórcio Sea Launch, a Odyssey realizou mais de 30 lançamentos espaciais, principalmente com foguetes Zenit-3SL, desenvolvidos pela Ucrânia em colaboração com a Rússia. Muitos desses lançamentos levaram satélites comerciais de comunicações para órbitas geoestacionárias.
Em 2007, um foguete explodiu pouco após a ignição, danificando parte da estrutura da plataforma. Não houve vítimas, já que a plataforma estava desocupada no momento do lançamento. Após reparos, as operações foram retomadas no ano seguinte com sucesso. Outro incidente ocorreu em 2013, quando um lançamento falhou segundos após a decolagem, com o foguete caindo no mar próximo.
Apesar das falhas, a Odyssey consolidou-se como uma plataforma inovadora, com alta taxa de sucesso em lançamentos de cargas comerciais.
Transferência para a Rússia e planos futuros
Em 2016, a plataforma foi adquirida pelo grupo S7, da Rússia, que planejava modernizá-la para utilizar os foguetes Soyuz-5 e Soyuz-6. A embarcação foi transferida para o porto de Slavyanka, próximo a Vladivostok, onde aria por reformas estruturais e tecnológicas. O investimento anunciado foi de aproximadamente US$ 470 milhões.
Os planos incluíam o retorno dos lançamentos a partir de 2023 ou 2024, reposicionando a Odyssey como uma peça-chave no mercado comercial de lançamento de satélites. No entanto, o projeto enfrenta incertezas geopolíticas e técnicas desde então.
Um exemplo da convergência entre mar e espaço
A Odyssey é um marco na história da engenharia aeroespacial por combinar tecnologias navais com sistemas de lançamento orbital. A escolha por uma plataforma offshore foi estratégica: ela permite lançar foguetes a partir de posições ideais na Terra, aumentando a eficiência do combustível e reduzindo riscos populacionais e ambientais.
Mesmo fora de operação nos últimos anos, a plataforma continua sendo considerada uma das estruturas mais notáveis já desenvolvidas para fins espaciais. A fusão entre oceano e cosmos, feita com precisão técnica, transforma a Odyssey em um símbolo da capacidade humana de inovar além das fronteiras convencionais.