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A descoberta de lítio no Brasil, que revelou ao país a 7ª maior reserva mundial e já atrai mais de R$ 5 bilhões em investimentos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 01/06/2025 às 19:22
Descoberta de lítio no Brasil: o Vale do Jequitinhonha na rota da transição energética
Descoberta de lítio no Brasil: o Vale do Jequitinhonha na rota da transição energética

A recente descoberta de lítio no Brasil, especialmente em Minas Gerais, atrai investimentos bilionários e posiciona o país no cenário global da transição energética. Analisamos o potencial, os projetos em andamento em maio de 2025 e os complexos impactos dessa nova fronteira mineral.

A crescente demanda global por tecnologias de energia limpa, como baterias para veículos elétricos, impulsionou uma verdadeira corrida pelo lítio. A descoberta de lítio no Brasil, com foco especial no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, tem posicionado o país como um ator chave e promissor nesse cenário estratégico.

Abordaremos o potencial das reservas nacionais, os principais projetos de exploração em andamento até maio de 2025, os significativos impactos socioeconômicos e ambientais envolvidos, e as perspectivas para a cadeia de valor do lítio no país.

O tesouro branco de Minas Gerais: potencial geológico e reservas de lítio no Brasil

O Brasil detém um potencial significativo de lítio. Estimativas do Ministério de Minas e Energia (MME) e do U.S. Geological Survey (USGS) de 2024 indicam reservas de 1,37 milhões de toneladas de lítio metálico. Essa cifra posiciona o país como o sétimo maior detentor de reservas de lítio do mundo. A maior parte dessas reservas está no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, principalmente nos municípios de Araçuaí e Itinga. O lítio na região está associado a pegmatitos graníticos, sendo os principais minérios o espodumênio, a petalita e a ambligonita.

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Em termos de produção, o Brasil também se destaca. Em 2023, a produção nacional de concentrados de lítio (contendo Li2O) alcançou 15.193 toneladas, representando 7,5% da produção mundial e colocando o país como o quinto maior produtor global, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). O teor de Li2O no concentrado, que em 2023 teve uma média nacional de 5,7%, é fundamental para a qualidade e o valor do produto.

A corrida pelo lítio no Vale do Jequitinhonha: projetos e investimentos em maio de 2025

A descoberta de lítio no Brasil, que revelou ao país a 7ª maior reserva mundial e já atrai mais de R$ 5 bilhões em investimentos

O Vale do Jequitinhonha tornou-se um polo de atração para investimentos depois da descoberta de lítio. O projeto “Vale do Lítio” (Lithium Valley Brazil), coordenado pelo Governo de Minas Gerais, já catalisou aportes que variam entre R$ 5,5 bilhões e R$ 6,3 bilhões. Diversas empresas, majoritariamente de capital estrangeiro (Canadá, EUA, Austrália), lideram essa corrida.

Entre elas, a canadense Sigma Lithium iniciou a extração em sua Operação Grota do Cirilo em maio de 2023 e já produz 270.000 toneladas anuais de concentrado, com planos de dobrar essa capacidade. A norte-americana Atlas Lithium, com seu Projeto Neves, previa a chegada de sua planta de processamento ao Brasil em março de 2025. Outras como Lithium Ionic (Canadense) e PLS (anteriormente Latin Resources, Australiana) também anunciaram aportes significativos. A brasileira Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a AMG Mineração também estão expandindo suas capacidades.

Impactos da mineração de lítio: desenvolvimento prometido e os desafios socioambientais

A expansão da mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha traz uma dualidade de impactos. Por um lado, há promessas de desenvolvimento econômico, com estimativas de criação de milhares de empregos e aumento na arrecadação de impostos como a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) para os municípios. Empresas e governo também citam iniciativas de qualificação profissional e ações sociais.

Em contraponto, emergem profundas preocupações e denúncias de graves consequências socioambientais, levantadas por comunidades locais e organizações como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Os pontos mais críticos incluem a alegada ausência de consulta prévia, livre e informada às comunidades tradicionais, conforme a Convenção 169 da OIT, gerando conflitos por terra. Há também denúncias de degradação ambiental, como desmatamento e o consumo intensivo de água pela indústria em uma região já marcada pela escassez hídrica. Relatos das comunidades incluem problemas de saúde (respiratórios, mentais), aumento do custo de vida e pressão sobre serviços públicos.

O futuro da cadeia de valor depois da descoberta de lítio no Brasil

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Um dos grandes desafios para o Brasil, após a descoberta de lítio, é superar o modelo histórico de exportador de matéria-prima e agregar valor localmente. Atualmente, a maior parte da produção brasileira é exportada como concentrado de espodumênio. A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) é a única empresa no país que realiza o processamento químico para produzir hidróxido e carbonato de lítio, mas mesmo parte dessa produção é exportada.

Para fomentar a industrialização, algumas iniciativas governamentais surgiram. Um exemplo é o edital da Finep e BNDES, lançado em janeiro de 2025, no valor de R$ 5 bilhões. Este programa visa apoiar projetos de transformação de minerais estratégicos, incluindo o lítio, com foco na fabricação de componentes como células de baterias. O governo de Minas Gerais também tem incentivado a P&D no setor através da Fapemig.

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Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites G, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no [email protected]

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