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A construção do túnel mais profundo da rota da Seda que vai conectar a Europa à Ásia em uma travessia de 60 metros de profundidade

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 06/06/2025 às 14:35
Marmaray: o túnel mais profundo da Rota da Seda que conecta a Ásia à Europa sob o Bósforo
Marmaray: o túnel mais profundo da Rota da Seda que conecta a Ásia à Europa sob o Bósforo

Conheça a engenharia e o impacto do Projeto Marmaray, em Istambul, cujo túnel mais profundo da rota da Seda superou desafios sísmicos e revelou tesouros arqueológicos milenares

O Marmaray é uma façanha da engenharia moderna, destacando-se pelo seu túnel submerso, que é o túnel mais profundo da rota da Seda e do mundo para sistemas ferroviários. Entenda sua construção, os desafios superados, as descobertas históricas e seu papel como um elo vital na conectividade global.

Istambul, a cidade que se estende por dois continentes, sempre sonhou em superar a barreira do Estreito de Bósforo com uma conexão ferroviária. O Projeto Marmaray tornou essa ambição centenária uma realidade, criando uma ligação ininterrupta entre a Europa e a Ásia. Esta obra monumental não apenas transforma o transporte, mas também se posiciona como um eixo estratégico no comércio eurasiano.

A gênese e o imperativo moderno do Projeto Marmaray

A ideia de uma travessia ferroviária sob o Bósforo remonta ao século XIX, com conceitos apresentados já em 1860 pelo Sultão Abdul Medjid. No final do século XX, o crescimento populacional de Istambul e o crônico congestionamento nas pontes existentes tornaram essa necessidade inadiável.

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O Projeto Marmaray foi concebido para aliviar o tráfego urbano, fornecer um transporte público moderno e, crucialmente, estabelecer uma ligação ferroviária contínua para ageiros e cargas entre os dois continentes. Aclamado como o “projeto do século”, ele reflete a ambição da Turquia em modernizar sua infraestrutura.

A construção do túnel mais profundo da rota da Seda

A construção do túnel mais profundo da rota da Seda que vai conectar a Europa à Ásia em uma travessia de 60 metros de profundidade

O Marmaray é uma linha ferroviária de alta capacidade com 76,6 km de extensão, ligando Halkalı (lado europeu) a Gebze (lado asiático). Sua peça central é a travessia do Bósforo, de 13,6 km, que inclui um túnel de tubo submerso de 1,4 km. Esta estrutura foi assentada a aproximadamente 60 metros abaixo do nível do mar, tornando-se o túnel submerso mais profundo do mundo usado por sistemas ferroviários.

A construção enfrentou desafios formidáveis. A proximidade com a Falha da Anatólia do Norte, uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo, exigiu um projeto com alta resiliência, projetado para resistir a um terremoto de magnitude 7.5. O túnel foi concebido para ser flexível, e comportas de emergência foram instaladas entre suas 11 seções pré-fabricadas. A logística de posicionar essas seções de 18.000 toneladas sob as fortes correntes do Bósforo também foi uma grande proeza.

As descobertas arqueológicas que reescreveram a história de Istambul

As escavações para o Marmaray, especialmente na estação de Yenikapı, se transformaram em um dos maiores projetos arqueológicos da história de Istambul. As descobertas foram extraordinárias:

O Porto de Teodósio (século IV): O maior porto da antiga Constantinopla foi revelado.

Naufrágios Bizantinos: Uma frota de 36 a 37 navios dos séculos V a XI foi encontrada, incluindo o que parece ser a única galera (navio de guerra a remos) antiga já descoberta.

Assentamento Neolítico: A revelação mais surpreendente foi a do mais antigo assentamento conhecido de Istambul, com 8.500 anos, empurrando a história da cidade por milênios.

Essas descobertas, embora de imenso valor, causaram atrasos de mais de quatro anos no projeto e aumentaram seus custos, evidenciando o complexo equilíbrio entre desenvolvimento e preservação do patrimônio.

Remodelando a megacidade e o comércio eurasiano

O Marmaray tem capacidade para transportar até 75.000 ageiros por hora por sentido, com trens operando a cada 2 minutos. Integrado a outras linhas de metrô, VLT e balsas, ele aumentou significativamente a participação do transporte ferroviário na mobilidade de Istambul.

Para o frete, o Marmaray se tornou uma artéria vital, possibilitando o transporte ferroviário de carga ininterrupto sob o Bósforo. Trens de mercadorias utilizam o túnel durante a noite, conectando a China à Europa em cerca de 12 dias. O túnel mais profundo da rota da Seda é um pilar do Corredor Médio, uma rota comercial estratégica que contorna a Rússia, aumentando a resiliência das cadeias de suprimentos globais.

Segurança, desafios e o legado de uma obra monumental

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As preocupações com a segurança sísmica foram respondidas com um projeto robusto, verificado por entidades independentes como a TÜV SÜD. O túnel foi aprovado para tráfego em 2019, e seu histórico operacional desde então tem sido sólido.

O Marmaray conecta o ado de Istambul, desde os sonhos otomanos até a história desenterrada sob seus trilhos, com um futuro de transporte moderno e integração global. Ele se firma como um poderoso símbolo da proeza de engenharia turca, da visão estratégica e como um elo fundamental entre continentes e épocas, garantindo sua relevância para as próximas gerações.

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