Zheleznogorsk, a cidade militar secreta da Rússia, abriga satélites, mísseis nucleares e cerca de 80 mil habitantes. Por décadas, ela não aparecia em mapas civis e ainda segue sob controle militar.
No coração da Sibéria, a cidade de Zheleznogorsk representa um dos capítulos mais secretos da história militar soviética e russa. Criada para abrigar instalações de produção de plutônio e satélites militares, ela se mantém ativa até hoje como cidade militar secreta, mesmo após o colapso da União Soviética. Zheleznogorsk, que por muito tempo foi chamada apenas de Krasnoyarsk-26, não aparecia em mapas civis e tampouco era reconhecida oficialmente fora dos registros militares. Ainda hoje, o o à cidade segue controlado, e estrangeiros só podem entrar com autorização especial.
Como nasceu a cidade que não aparece no mapa
Fundada em 1950 por ordem de Josef Stalin, Zheleznogorsk foi parte de um vasto programa soviético de criação de cidades fechadas, também conhecidas como ZATO (zonas istrativas territoriais fechadas). Essas cidades secretas foram projetadas para operar de forma isolada, mantendo em sigilo absoluto as atividades de interesse estratégico do Estado.
No caso de Zheleznogorsk, a missão era clara desde o início: desenvolver e armazenar satélites e mísseis nucleares. Sua localização remota, cercada por florestas e longe de centros urbanos, fazia dela o local ideal para esconder o que a URSS considerava seus ativos mais valiosos.
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Durante a Guerra Fria, o nome Zheleznogorsk sequer era mencionado. O correio usava o endereço fictício Krasnoyarsk-26, e nenhuma placa nas estradas indicava sua existência. A cidade só foi revelada ao mundo nos anos 1990, com a abertura de arquivos soviéticos após o colapso do regime.
Satélites, reatores e ogivas: o poder oculto de Zheleznogorsk
Zheleznogorsk foi construída para operar como uma cidade de e total à infraestrutura nuclear e espacial da União Soviética. Ali foram desenvolvidos satélites militares, sistemas de navegação e mísseis intercontinentais armados com ogivas nucleares. Tudo isso era mantido sob vigilância militar constante e envolto em completo sigilo.
Além disso, a cidade possuía reatores nucleares ativos até recentemente. Um deles, o ADE-2, foi desativado apenas em 2010, encerrando a produção de plutônio para armamento. Informações de inteligência norte-americana apontavam Zheleznogorsk como uma das cidades mais vigiadas por satélites espiões durante a Guerra Fria.
A vida em uma cidade militar secreta
Apesar do propósito militar, Zheleznogorsk não é uma base cercada de muros e arame farpado como se imagina. A cidade é funcional, urbanizada, possui escolas, hospitais, transporte público, centros culturais e todos os elementos de uma cidade comum.
A diferença está no controle. Durante décadas, seus moradores viviam sob regras rígidas: não podiam sair sem autorização, não podiam receber visitas externas, e tudo o que entrava ou saía da cidade era monitorado.
Esse modelo de isolamento permitiu que Zheleznogorsk funcionasse como cidade secreta da Rússia, fora do alcance de qualquer observação estrangeira. Em troca, os residentes desfrutavam de benefícios estatais, infraestrutura de qualidade e salários acima da média, para garantir a permanência de profissionais altamente qualificados.
Zheleznogorsk hoje: segredo que sobreviveu ao fim da URSS
Mesmo após o fim da União Soviética, Zheleznogorsk continua sendo uma cidade com o e importância estratégica. Ela abriga a sede da ISS Reshetnev, principal fabricante de satélites da Rússia, responsável por operar e manter o sistema GLONASS — a alternativa russa ao GPS americano.
A cidade também é usada para operações de defesa, testes com tecnologia espacial e, segundo relatórios de inteligência, ainda abriga infraestrutura subterrânea de mísseis nucleares. O controle estatal permanece, e o status de “ZATO” ainda se aplica, o que significa que Zheleznogorsk continua sendo uma cidade militar fechada.
A população atual gira em torno de 80 mil pessoas, número elevado para um município com o tão . A maioria dos moradores trabalha para estatais como Roscosmos, Rosatom e empresas contratadas pelo governo russo.
Subterrâneos, bunkers e silêncio oficial
Muito do fascínio que cerca Zheleznogorsk vem do que está escondido abaixo dela. Analistas militares e ex-oficiais da era soviética acreditam que a cidade abriga uma extensa rede subterrânea com depósitos de ogivas, laboratórios secretos, centros de comando militar e reatores blindados.
Essas instalações nunca foram confirmadas oficialmente, mas documentos desclassificados da CIA apontam Zheleznogorsk como um dos pontos mais críticos da infraestrutura nuclear russa. Dados de satélites térmicos captaram anomalias na área desde a década de 1980, sugerindo alta atividade subterrânea.
Se confirmado, isso colocaria a cidade entre os principais polos nucleares do planeta, embora sob um manto de invisibilidade para o público externo.
O que torna Zheleznogorsk tão relevante hoje?
Com a escalada de tensões entre Rússia, OTAN e Estados Unidos nos últimos anos, cidades como Zheleznogorsk voltaram ao centro das estratégias de defesa nacional. Além de ser um centro ativo de operações espaciais, a cidade cumpre um papel simbólico: representa a continuidade da herança soviética e a capacidade tecnológica da Rússia no setor nuclear e aeroespacial.
Diferentemente do que ocorreu com outras cidades fechadas que foram desativadas ou abertas ao público, Zheleznogorsk mantém sua identidade como cidade que não aparece no mapa para o cidadão comum. Ela está lá, mas não está. Existe, mas não pode ser visitada. E essa dualidade é parte essencial de seu poder.
Outras cidades secretas da Rússia: Zheleznogorsk não está sozinha
A Rússia mantém hoje pelo menos 40 cidades com status semelhante ao de Zheleznogorsk. Entre elas, destacam-se Sarov (onde foi criada a bomba atômica soviética), Ozërsk (ligada ao complexo nuclear de Mayak), e Severodvinsk (conhecida por abrigar submarinos nucleares).
Essas cidades operam sob lógica semelhante: são centros de pesquisa, produção e armazenamento de armamentos estratégicos, íveis apenas a militares, cientistas e civis autorizados.
Zheleznogorsk, no entanto, se destaca por sua complexidade. Ela mistura espaço civil com infraestrutura militar, desenvolvimento científico com cultura urbana, tudo em um contexto de sigilo profundo.
Zheleznogorsk é mais do que uma cidade russa com o . Ela representa a face oculta da geopolítica moderna — um espaço onde tecnologia, poder e segredo se combinam de forma quase invisível.
Enquanto cidades ganham notoriedade por sua população ou economia, Zheleznogorsk ganha relevância por aquilo que não revela. Uma cidade militar secreta que sobreviveu à Guerra Fria, que abriga mísseis e satélites, e que até hoje não é plenamente ível — nem mesmo no mapa.
Uma cidade inteira escondida por décadas, com mísseis nucleares e satélites sob sigilo absoluto…
Você acha que Zheleznogorsk ainda esconde algo que o mundo não deveria saber? Deixe sua opinião nos comentários!